Capítulo 3

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Em menos de 10 minutos Matheus chega, eu entro no carro e ele já começa a perguntar o que está acontecendo, ele está bem preocupado.

- meu pai deu um tapa na minha cara, minha mãe aceita a traição só por status e pra manter o "nome da família", eu to com muito ódio, peguei os cartões do meu pai e nós vamos gastar tudo — terminei de falar já sem fôlego

- você só pode tá ficando louca, né? — ele diz com uma cara séria.

- claro que não, baby — digo com ironia.

- eu não saio com esse carro pra lugar nenhum enquanto você não se resolver com seu pai!

- Matheus, espero que você saiba que se eu não for com você, eu vou com outra pessoa. De qualquer jeito a merda vai estar sendo feita!

- olha, presta atenção, Para garota! Você tá agindo com imaturidade, acorda porra! Depois da mó b.o pra você e vai ser pior!

- Não vai dar na.. — ele me interrompe

- eu não quero saber, Bárbara! Eu vou te levar pra minha casa e você não vai gastar nem 1 centavo desse cartão, ouviu? Se você quiser, a gente bebe lá em casa mesmo

- minha intenção é ficar louca, mas não na sua casa! — faço um bico e fico igual criança manhosa.

- sinto muito princesa, mas se quer ficar louca, vai ser sim na minha casa! — ele dá um sorriso sarcástico, com um tom de "eu ganhei"

Matheus é muito cuidadoso comigo, e talvez ele esteja realmente certo, eu tô com a cabeça quente ainda. Mas eu só queria gastar o limite inteiro daquele velho. Eu preciso me vingar de alguma forma, isso não pode ficar assim!

Preciso dar uns trago em um baseado pra relaxar, ou sei lá, beber até esquecer essa merda toda.

Vejo ele dirigindo, e só consigo pensar "o que eu fiz pra merecer uma pessoa tão maravilhosa assim na minha vida"

- Desculpa — digo em um tom calmo, a voz quase não sai

- pelo que? — ele dá uma risada sem graça, sem entender muito bem

- por jogar todas as merdas em cima de você, Matheus. Nessas horas você é meu porto seguro, sabe. Eu tenho a impressão que despejo tudo em você, que uma hora você não vai mais aguentar e vai querer se distanciar — tento terminar de falar sem chorar, mas falho. As lágrimas começam a rolar sem parar.

- Babi, eu te amo! Eu vou precisar repetir quantas vezes que você é minha parceira de fechar e que eu nunca vou te abandonar? Eu já falei mil vezes que a gente tá junto pra todo, independe de qualquer coisa!

- Matheus eu não tô mais suportando, parece que tudo que eu tenho, acaba. Parece que todos se afastam.

- você tá falando do Ph, e da Sofi? Porque se for, você pode parar! Aquilo ali foram circunstâncias inevitáveis, que nem você e nem ninguém teve culpa, é normal haver afastamento nas amizades.

A gente chega no prédio, eu desço do carro e olho ao redor. Me dá tanta saudade dos tempos em que eu só pensava em brincar com o Matheus e com as outras crianças aqui, era tudo muito bom, eu acho que só aqui que eu fui feliz de verdade.

Sinto a mão de Matheus na minha cintura. Ele me guia até dentro do prédio.
Nós não falamos uma palavra até entrar no AP dele.

Cheguei e já fui me jogando no sofá

- cê é tão folgada né menina? — ele diz com um tom divertido

- cê é tão folgada né menina nhenhenhe — imito ele com tom de deboche

- não me estressa não hein garota. — ele joga a blusa de frio em cima de mim.

- eu tô com fome Matheus, o que tem aí na sua geladeira? — falo já me levantando, indo em direção a ele

- vê aí, gulosa!

Abro a geladeira e vejo os Danones que mais gosto, parece até que ele sabia que eu ia vir pra cá.

- cê sabia que eu ia vir pra cá hoje?

- não, menina. Por que?

- tem vários Danones que eu gosto aqui, que milagre é esse?

- ah! — ele ri — você me viciou, você viu?

Sou risada e sento no sofá com meus dois Danones, ligo a TV e coloco uma música no YouTube.

- pode tirar dessa merda! — Matheus grita do banheiro

- por que? É tão boa essa música!

Solto os Danones na mesa de centro e começo a rebolar a raba, está tocando um funk que eu ouvi uma vez em uma festa, e achei bem legal pra dançar.

Matheus sai do banheiro e se depara com eu rebolando a raba sem ligar pra nada

- o que eu fiz pra merecer isso, senhor?

- ué, você também não curte suas músicas? — começo a rir

- se eu fosse você eu parava de rebolar

- oxi, me deixa

- vou sair daqui então — ele ri e vai pro quarto

Não vejo sentido em eu ficar dançando na sala enquanto Matheus está no quarto.
Então mudo de música, coloco uma que nós dois conhecemos.

É uma música do Pelé MilFlows, é uma música bem gostosinha e eu me viciei nela por causa de Matheus.
Ele sai do quarto na mesma hora, e já me pega pela cintura me conduzindo pra dançar.

Nós nos abraçamos e começamos a dançar no ritmo da música, o silêncio toma conta da sala e só fica a música de fundo. Passa um turbilhão de pensamentos pela minha mente, eu só consigo pensar no quão sou complicada e o quão eu atrapalho a vida dos outros. Acho que não era nem pra eu ter falado pra minha mãe esse lance da traição. Não deveria nem ter chamado o Matheus pra me buscar, meu Deus, o que eu fiz?

- desculpa — digo baixinho

- oi? — ele não entendeu o que eu disse

- eu disse desculpa! — olho no fundo dos olhos dele

- Babi, o que eu já disse pra ti? Não quero entrar nisso de novo, não quero te ver triste.

- tô com fome — digo então querendo mudar de assunto, tô sentindo um clima pesado.

- fominha pra caralho né? Não engorda de ruim, puta que pariu.

Ele me solta, pega o celular e entra no Ifood

- escolhe aí o que você quer — ele entrega o celular na minha mão

Dou uma olhada e acabo optando por lanches e uma porção de batata mesmo.
Em 15 minutos o entregador estava tocando a campainha

- deixa que eu pego — eu disse toda animada

- toma o dinheiro — ele me entrega o dinheiro na mão

Eu entro com a caixa de lanches que já exala um cheiro ótimo!
Comemos muito, tanto que ficamos sem força pra levantar

Ficamos ali conversando, até bater o sono.

Matheus vai pro quarto dele e me chama, eu não gosto muito de dormir no mesmo quarto que meus amigos, parece que rola um clima estranho. Mas tava com sono e quase não ligando pra mais nada depois do que eu passei hoje

Ele diz coloca o travesseiro no chão e está de preparando pra deitar

- Matheus, você tá doido? Eu tô indo pra sala então, pra você deitar na sua sua cama — digo me levantando

- não, pode ficar aí! Eu não quer deixar você dormir sozinha. Você sabe muito bem que sempre quando está passando por alguma situação difícil você tem pesadelos

- você não vai dormir no chão! Se você dormir no chão eu também durmo — afirmo

- não, de forma alguma!

- então vem aqui pra cama, Matheus! Vai ficar apertado, mas cabe nós dois.

Ele pega o travesseiro e o cobertor e deita na cama comigo, ficamos conversando até eu dormir

Minha outra versão Onde histórias criam vida. Descubra agora