Dois

9.5K 111 5
                                    

Marie Mackenzie,

— Ei, acorda.

Abri meus olhos dando de cara com Ana, sentei na cama passando a mão no rosto, prendi meus cabelos e tirei a remela do olho.

— O que foi?
— Já são oito horas da manhã e, já chegaram com os móveis novos.
— Está bem, já estou descendo. Mas, o que você faz aqui tão cedo?
— Seu irmão mandou eu vir para cá, ele já está na empresa.

Apenas assenti e ela foi para o closet, com certeza para escolher minha roupa, enquanto isso fui para o banheiro fazer a higiene matinal e tomar banho, depois me vesti com a roupa que ela escolheu, saímos do quarto e vários homens começaram aparecer com várias coisas, Ana ficou dando ordens enquanto eu fui para a cozinha.

— Bom dia, senhorita Mackenzie.
— Elena, certo?
— Sim, senhorita.
— Ótimo, me chame apenas de Marie.
— Recebemos ordens para tratá-la de forma formal, o senhor Simmon's não nos autoriza chamá-los pelo nome.
— Não me importa o que Damon quer, eu te peço que me chame de Marie.
— Quem paga meu salário é o senhor Simmon's, então às ordens dele deve prevalecer.

Eu ia responder, juro que ia, mas uma senhora entrou na cozinha, pela sua expressão ela havia escutado tudo e não gostado nenhum pouco.

— Deixa eu esclarecer uma coisa, Elena. À partir de ontem, a senhorita Mackenzie passou ser nossa patroa também, mesmo que seja o senhor Simmon's quem paga seu salário, ele deixou bem claro que sua irmã também é nossa patroa. Portanto, devemos obedecer às ordens dela, se ela disse para chamá-la de Marie, então você fará sem questionar, caso queira continuar com seu emprego. Agora sai, vá cuidar do seu serviço, deixe que eu preparo o café da manhã dela.

Uou, depois dessa eu nunca mais abria minha boca, Elena parece ter pensado o mesmo e saiu de cabeça baixa, a mulher que me defendeu respirou fundo e sorriu olhando para mim.

— Ontem eu não estava aqui para a apresentação, mas me chamo Simone. Sou a cozinheira chefe, o que precisar pode pedir para mim, ou então para o Jorge que é o chefe dos empregados.
— Obrigada, por me defender.
— Não precisa agradecer, senhorita.
— Ok, me chame de Marie, por favor.
— Como preferir; O que gostaria para o café da manhã, Marie?
— Eu queria comer tapioca com manteiga; Aqui tem?
— O que quiser, terá e se não tiver daremos um jeito. _ela sorri_ — Quer, doce ou salgada?
— Salgada, acompanhada com suco de limão.
— Perfeito, em alguns minutos estará pronta.
— Posso esperar aqui?
— Sim.

Não demorou muito para meu café da manhã estar pronto, comi tudo rapidinho e agradeço à Simone antes de sair da cozinha, escuto a voz de Ana no andar de cima e vou até lá, ela estava cantando enquanto decorava meu quarto sozinha, apesar das paredes ainda estarem brancas, agora o quarto tinha cor, parecia exatamente como o quarto dos meus sonhos, sorri com o resultado.


— E então, gostou?
— Amei, muito obrigada.
— Com o tempo você consegue deixá-lo com a sua cara, Marie.
— Sim, mas eu já amei.
— Bom, eu já terminei por aqui. Agora vou deixar você curtir seu quarto, o trabalho me chama.

...

Já estava de noite e, eu estava na academia, sentada na esteira desligada e brincando com minhas unhas, eu não estava pensando em nada específico mas a academia parecia ser o local mais silêncioso da casa, se bem que meu quarto é silencioso mas meus pensamentos parecem ganhar força lá dentro.

A porta da academia abre, Damon passa por ela tirando a gravata, olha para mim e pede para que eu suba pro meu quarto, faço isso sem questionar, afinal ontem não conversamos porque dormi e acho que ele chegou tarde.

Eu já estava no quarto, sentada na posição de índio, brincando com minhas unhas e esperando até que ele apareceu, seus cabelos molhados mostrava o banho recém tomado, ele estava usando uma calça moletom e uma camisa polo branca. Damon sentou na cama, olhou para mim e respirou fundo antes de começar à falar.

— Eu sei que você está magoada comigo, mas tente entender o meu lado, Marie. Nós éramos crianças, eu só tinha doze anos, não havia o que fazer naquele momento, nossos tios rejeitavam você, não queriam sua guarda temporária de modo algum. _ele esperou eu dizer algo, mas permaneci calada_ — Naquele mesmo dia, eles me levaram para fora do país, cresci sendo educado para cuidar da nossa herança, nossos tios quase faliram a empresa do papai, mas quando eu assumi tudo consegui reerguer a empresa. Tive que trabalhar muito, mas não havia um dia, minuto ou segundo que eu não pensava em você, quando voltei para cá e assumi a empresa, logo procurei saber se você ainda estava no orfanato ou se havia sido adotada, desde então trabalhei duro e sem parar para poder recuperar você de volta, demorou muito eu sei, mas enfim consegui você de volta e desta vez prometo que irei cumprir minha promessa.
— E o que te faz achar, que desta vez vou confiar em você, Damon?
— Não espero que confie, mas você me conhece melhor que ninguém e..
— Você está errado, eu não te conheço, deixei de conhecer quando você me abandonou, mesmo que você não queria ter feito aquilo. Então, não, eu não te conheço, para mim você só é mais um estranho. Do mesmo modo, que sou uma estranha para você, afinal crescemos em mundos diferentes.
— Você tem razão, Marie. Mas eu vou cuidar de você, vai ver que tudo voltará a ser como antes.
— Não à como voltar no passado, e fazer voltar ser tudo como antes, afinal eles estão mortos.
— Está certa de novo, mas se deixar podemos escrever uma nova história, juntos.
— Eu só quero que você me deixe em paz, fale comigo apenas o necessário.
— Pelo visto, você se tornou alguém rancorosa.
— Você nem faz ideia.

Damon me encarou, passou as mãos em seus cabelos, levantou e caminhou até a porta, ele então parou segurando a maçaneta, olhou para mim e disse: "Você não tem culpa do que houve, pare de se culpar, Mackenzie."

Após isso ele saiu do quarto, lágrimas deslizaram pelo meu rosto, era uma mistura de sentimentos que eu recusei sentir, sequei meu rosto e encarei meu reflexo no espelho, eu parecia uma jovem normal mas só eu sei o que se passa dentro de mim.

Ser parecida com a minha mãe dói muito, pois me faz lembrar dela o tempo todo, meu cabelo é castanho claro como os dela, também são longos do modo que ela gostava que fosse não só os dela, como o meu também.

Tenho pele branca, meus seios apesar da minha idade são grandes, nada exagerado mas são grandes para minha idade, minha bunda também é grande e impinada, meu corpo era igual o da mamãe. Do meu pai, eu só tenho a cor dos olhos, são castanhos claro e eu amo meus olhos, minha boca e nariz também são do meu pai, o que faz minha boca ser bem desenhada e um pouco carnuda mas nada exagerado.

Porém, o que eu mais tenho parecido do meu pai é o amor por lutas, sim, eu e ele assistíamos juntos as lutas do UFC e também de boxe. As vezes nós brincávamos de lutinha, ou então de carrinho, já o amor pela leitura, música e pintura eu herdei da minha mãe.

Eu tenho um pouco dos dois, mas a semelhança com a minha mãe é a que mais me incomoda, olhar para o meu reflexo é como estar olhando para ela, não que eu não ame minha mãe, mas isso me faz lembrar que eu sou a culpada pela morte dela, não só dela mas como à do meu pai e do meu irmão que ia nascer.

Eu, Marie Mackenzie, matei meus pais e meu irmão que ia nascer. Sou uma assassina, sei disso mesmo que todos digam que foi apenas um acidente.

...



O que será que Marie fez no passado? Ela tem tanta certeza de ter culpa na morte dos pais, tenso. Estão gostando?

meu tutorOnde histórias criam vida. Descubra agora