One.

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Naquela manhã preguiçosa de sábado, Wendy, com os pais no trabalho, aproveitava para assistir o seu seriado favorito na tv, arranhava o sofá de camurça enquanto se esticava, suspirou fundo e começou a checar as notificações do seu celular, ela sempre via por último os seus grupos do WhatsApp (se via, ela não gostava dessas coisas) as mesmas incendiavam seu aparelho vagarosamente, e para não parecer rude, a garota somente silenciava e aparecia uma hora ou outra para procurar alguma mensagem descontraída para responder "KKKK que engraçado" e sumir, pronto, só outro mês.
Repentinamente, a luz foi cortada, Wendy se assustou, mas logo tirou suas conclusões.
Uma pegadinha que seu melhor amigo estava querendo aprontar com ela, obviamente! Ele provavelmente só tinha desligado o interruptor.
Passou a escutar estrondosos barulhos em sua porta principal, e em sequência, esguichos.
-Matteo, isso não tem graça. Acabou, chega.
Nenhuma resposta, ao não ser ruídos e algo relativamente parecido com gemidos, ou murmúrios.
A menina checou o olho mágico, observou que a brincadeira tinha um cheiro muito forte de realidade, ainda ecoavam os barulhos quando Wendy viu que Matteo não era Matteo, e que alguém asqueroso, com a pele bem pálida, veias saltadas por todos os lados que mudavam lentamente de suas cores naturais para o preto assim como os olhos, e que deixava espumar um líquido estranho de sua boca, carregado por ferimentos e roupas um tanto rasgadas, estava em sua varanda e logo derrubaria sua porta.
Em desespero, ela tenta mover uma espécie de criado mudo que ficava ao lado do sofá maior, colocou contra a porta na intenção de segura-la mais um pouco.
Se queixava perguntando o que era aquilo enquanto ia a caça pela arma de seu pai, um dos xerifes mais famosos da região. Mas não demorou muito para que corresse o mais rápido que podia para o seu quarto já que o ser esquisito derrubou sua porta.
E a mesma sentiu um frio em sua espinha, a potência cardíaca acelerar, e as mãos soarem enquanto tremia.
Tentou ligar e pedir ajuda, mas ninguém atendia, mandava mensagem e as mesmas nem chegavam, logo, a garota ficou sem sinal nenhum, o celular era tão inútil quanto ficar ali desesperada basicamente esperando que o invasor a encontrasse.
Atirou o celular em uma mochila qualquer, enquanto chorava, buscava uma alternativa.
Como eu saio daqui? Pela porta eu não posso, pela...
E viu, ali na sua frente, a sua solução, a luz, a vida, uma janela, descer pela janela! Porém, antes de descer olhou mais uma vez o seu quarto, viu a caixa de pizza da madrugada passada, e a abriu, uma faca, de cozinha, mas uma faca, somente.
Abriu um sorriso largo, desejou que tivesse uma fatia ainda, mas ter a faca já era ótimo, jogou a mesma dentro da bolsa e escorregou pelo telhado, devagar para não chamar a atenção.
Viu que o homem já não parecia único, seu telhado dava uma imagem enorme da cidade, e conforme ela observava, o caos se tornava ainda maior, soava como uma epidemia ou síndrome, e concluiu assim inicialmente.
Ela desceu o telhado, mas para alcançar o chão, ela precisava pular, ou tentar descer segurando seu peso, e Wendy tentou a segunda opção, mas como o desastre que era, caiu.
O que a fez se sentir dolorida, mas não deu muita atenção já que o seu medo era bem maior.
Suspirou fundo, e olhou ao redor, aqueles que não fossem semelhantes a ela, deveria desviar?
Assim fez, correu a tarde toda, chorava, suplicava internamente por ajuda, por um sinal. E conforme a noite foi chegando, Wendy se cansou, subiu em uma árvore em uma rua que não via nenhum ser humano, doente ou não doente, ninguém.
Ficou ali, encostada, respirando fundo até acalmar-se.
Algo pequenino se aproximava, de quatro patas fazendo barulhinhos com as mesmas, e então, a garota desceu, e ajoelhou, um cachorro, que se aproximou lentamente e implorava por carinho enquanto abanava o rabo e mostrava a língua.
Abaixou-se, examinou melhor o cão e observou que tinha se perdido, ele tinha uma coleira, seu nome era Luke.
-Oi Luke, querido. Tá perdido meu amorzinho?
O cachorro aceitava seu carinho e ela concedia os mimos.
Sentou e ali com a única companhia que lhe restava, o amigo mais honesto e leal do homem.

Mas eles não estavam sozinhos.

Algo se aproximou tão lentamente e de forma silenciosa que nem Wendy, nem o cachorro perceberam, mirou um objeto que até então a garota não reconhecia, mas era o suficiente para sentir o frio passar pela sua espinha novamente e implorar sem nem ao mesmo se mexer, conforme a pressão, ela entendeu que era uma arma.
Rendeu-se erguendo os braços e as mãos.

-Humana.... é, não doente! Eu consigo falar, está vendo? Está tudo bem, não sou uma ameaça.

O cachorro latiu e começou a pular carinhosamente pedindo por atenção, Luke conhecia a pessoa por trás dessa "ameaça."
A garota sentiu o peso se afastar de sua cabeça, e nisso levantou delicadamente seu rosto, observou um garoto, provavelmente de sua idade, bateu nas próprias pernas na tentativa de tirar um pouco dos pêlos do animal e ficou em pé. Suspirou fundo e assentiu.

-Sou Wendy McConnell.
-Me desculpa, eu me assustei, achei que era....bem, alguma dessas coisas aí, acho que, é..... são zumbis, não são? -Dizia meio perdido, envergonhado e eufórico.- meu nome é Peter Montgomery.





•Wendy na mídia•

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