Two.

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Não tocaram sequer uma palavra por quase duas horas, só andavam sem um destino, as únicas certezas que eles tinham eram de que:
A) Ambas queriam sobreviver e B)Se realmente queriam viver, tinham de lutar juntos, juntar uma espécie de exército com os não contaminados, procurar comida e um abrigo inalcançável. Mas de início, nenhum realmente confiou um no outro, era como se ambas tivessem medo de que o companheiro na primeira situação de risco o jogasse como isca.
Wendy iniciou um diálogo, com a voz cansada e um pouco serena, enquanto ainda caminhava, agora com Luke nos braços.
-Ah, legal.
-Que?
-Peter é um nome legal.
-Ah sim, é. Eu acho bem legal, me sinto o homem aranha mesmo sem ter o Parker. Montgomery parece sobrenome de vilão, mas é só de uma tradicional família chata constituída por policiais e médicos.
-Bom, então deve reconhecer meu pai. Cole McConnell, xerife.
-É, sei. Ele meio que é chefe de metade da minha família.-Suspirou, estava soando.
-.... Você, bom, você disse que a outra parte da sua família trabalham com a medicina. Você tem ideias de como cuidar de ferimentos, produtos naturais que podem ajudar e coisas assim?
-Está brincando?-Riu com um fundo leve de deboche.- Minha mãe é...era... é-Confuso, suspirou novamente, desejou e pediu por tudo que era sagrado, que sua mãe, ao menos sua mãe tivesse conseguido se salvar e fugir.- enfermeira. Eu vivi com isso, ela sempre me ensinou.
-Que bom, eu não acho que isso vá durar pouco tempo.
-Se não fizermos nada, provavelmente irá sim.

O silêncio invadiu novamente, mas logo Peter interrompeu.

-E você, sabe fazer algo útil?
-É claro que eu sei, já disse, meu pai...- McConnell é cortada com arrogância.
-Ah claro, claro, você quase morreu ali, eu poderia ter atirado...
Enquanto Peter dizia, lentamente Wendy abaixou-se e deixou o cãozinho no chão, de cabeça fria sorriu.
Passou a rasteira no rapaz, subiu sobre ele e o desarmou com muita facilidade, se levantou, apontou a arma ameaçando levemente em atirar em Peter que rapidamente tentou se levantar, Luke latia sem parar e subiu em seu dono na tentativa de protegê-lo, quase avançou na garota, mas Wendy abaixou a arma, segurando a mesma para baixo.
-Não me subestime, garoto. Você pode ter quase me matado, mas não aconteceu, e nem vai acontecer. Porque se ameaçar, se pensar em me matar, você já vai estar morto, entendeu? Perdeu a sua chance de ter uma ficha criminal, pelo menos com o meu nome sendo a vítima do homicídio, mas a chance de ficar quietinho está na mesa querido.-Ajeitou a mochila em suas costas, e continuou andando.
- Se quiser sobreviver, pode continuar agindo como um mandão fodidamente rico, eu não me importo, mas eu faço as regras. E essa arma fica comigo agora, entendeu?
Peter riu e deu algumas batidas em suas calças para limpar, impressionado.
-ok, McConnell- Pegou Luke no colo, e seguiu a garota -Então, o chefia... Qual o plano?
Antes que Wendy pudesse responder, uma espécie de horda dos doentes se aproximou, eles se moviam rapidamente.
-Vamos invadir, aquela, casa...aquela ali! ME SEGUE! -a Morena correu em direção a casa.
Arrombou a porta com a arma, e apontou a mesma de um lado para o outro, mas não havia alvo nenhum.
Peter colocou Luke no chão da casa, o Golden farejou o local enquanto os humanos tentavam cobrir a porta com móveis e fechar todas as janelas, que felizmente eram de ferro.
-Ai minha nossa-Wendy dizia respirando com dificuldade, encostada na poltrona que portava o microondas, empurrando contra a porta, ela sentia sua pressão baixa.
Montgomery mexeu o cabelo, suspirou fundo, e sentou no chão.
-Vamos parar aqui, pode ser? Até amanhã, vamos descansar, comer...-O garoto pediu.
-Certo.

Quietos, uma mexia na geladeira e o outro nos armários, Luke deitou no sofá.

Um choro baixinho, chamou a atenção.

Se entreolharam, e por uma conexão mental, assentiram, Peter pegou uma faca na pia fazendo o mínimo de barulho possível, e Wendy segurou a arma, foram em direção ao choro.
Vinha de uma porta fechada, Wendy olhou bem para Peter, que olhou para ela a interrogando "O que você tá olhando? Faz alguma coisa"
Suspirou fundo, quis quebrar a maçaneta com a sola de seu tênis, com umas três tentativas desistiu e disparou um tiro contra a fechadura, o que foi suficiente para conseguir abrir.
O choro ficou mais alto.

-Por favor, por favor não me machuque! Papai, a mamãe não está aqui, por favor! Eu não fiz nada, o senhor não pode mais me ver.- a voz era de uma garotinha, que chorava muito.
-Merda, é uma criança, Wendy! Uma criança, o que mais a gente ia precisar não é mesmo? Só uma criança para dificultar ainda mais as coisas.- Peter revirava os olhos.
-Está tudo bem, não vamos te machucar... Onde está seus pais? Qual o seu nome?- McConnell se aproximava devagar.
-Meu...nome, meu nome é Ashley. Todo mundo me chama de Ash, pelo menos quem eu conheço. Eu não vejo a mamãe desde a semana passada e o papai me machuca quase todos os dias, ele me força a fazer uns carinhos que eu não gosto e me bate, então eu me tranquei aqui. -A criança devia ter no máximo 6 anos.
Wendy sentiu seu estômago embrulhar só de pensar no que a menina era forçada a fazer, e Peter corou repentinamente sentiu-se violado por instantes.
-Sinto muito. E se....bem- Wendy olhou Montgomery. - Fôssemos sua família?
Peter riu, pronto, ele iria ter que bancar o pai.
-Sério? Mas como faz isso? - Ash se levantou limpando seu rosto de neném e secou as mãos na sua jardineira jeans. - Vocês não vão me machucar como eles.

Luke se aproximou latindo.

-Vocês tem um cachorro! Eu quero! Eu quero!-Ashley abraçou o cachorro que era maior do que ela, acariciando.
-Wendy, precisamos conversar- Peter puxou a garota pelo braço um pouco irritado.




•Peter na mídia.
• Eu escrevi esse capítulo ouvindo "Emperor's New Clothes" e "This is Gospel" do Panic! At the Disco. Se quiserem ler acompanhando, acho que é uma boa (?), enfim, só recomendações.
>> Leia também
https://my.w.tt/jID4ZNJ7MT (Quem foi Charles Campbell? por Júlia Carpes).

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