°Sweet Serial Killer° Imagine Yugyeom°

The Beast

Eu cheguei a esse Maravilhoso Fim de Mundo a pouquíssimo tempo.
Apenas dois dias pra ser exata, mas foi o suficiente pra "atualizar" a conversa com meu pai ausente.

Trocamos alguns comentários sobre o clima, que estava úmido, e a maior parte da conversa não passou disso. Ficamos olhando pela janela em silêncio.

Era lindo, é claro; eu não podia negar isso. Tudo era verde: As árvores, os troncos cobertos de musgo, os galhos que pendiam das copas, a terra coberta de samambaias.
Até o ar filtrava o verde das folhas.
Era verde demais - Um planeta alienígena.
Por fim chegamos a casa de Logan - Nome americano do meu pai, porque nomes Coreanos são tão complexos?
Logan ainda morava na casa de três quartos que comprou com a minha mãe... - Eu acho que ele ainda não superou a separação.

Apenas uma viagem foi necessária pra levar minhas malas pro meu quarto - Que fica no segundo andar - Fiquei com o quarto do lado Oeste que dava visão pro Jardim da frente, o quarto era a minha cara, nunca quis muda-lo de verdade.

Paredes Azul-Claras, o teto pontiagudo, as cortinas de uma seda branca tão suave que quase dava pra ver através delas - Tudo isso fazia parte da minha infância. As únicas mudanças que Logan fizera foi trocar o berço por uma cama e acrescentar uma escrivaninha, a medida que eu crescia.
Depois de arrumar tudo pensei na escola, e borboletas se formaram no meu estômago.

A Seoul High School tinha um total assustador de 769 - agora 770 - alunos; Em Washington, haviam curiosamente apenas trezentas pessoas e alguma coisa.
Todas as crianças daqui foram criadas juntas - Seus avós engatinharam juntos. Eu seria a garota nova da cidade grande, uma curiosidade, uma aberração.
Talvez, se eu parecesse uma verdadeira garota de Washington, pudesse tirar proveito disso. Mas, fisicamente, nunca me encaixei em lugar nenhum. Eu devia ser bronzeada, atlética, loura - Uma jogadora de vôlei ou uma Líder de Torcida, talvez - Todas as coisas compatíveis pra quem mora no vale do Sol.
Em vez disso, apesar do sol constante, eu tinha uma pele pouco bronzeada, quase branca, mas o bronze está ai - Em algum lugar - E não tinha olhos azuis ou cabelo ruivo que poderiam me servir de desculpa. Sempre fui magra, mas meio molenga, e obviamente não era uma atleta; Tinha coordenação, mas não suficiente entre mãos e olhos pra praticar esportes sem me humilhar - E sem machucar a mim mesma, e a qualquer pessoa que se aproximasse demais.
Parei de pensar nisso antes que mais memórias felizes - Sqn - Viessem a minha memória.

Eu resolvi guardar minhas roupas na antiga cômoda de pinho, peguei minha nécessaire e fui ao único banheiro pra me lavar depois de um dia cansativo de viagem...
Olhei meu rosto no espelho enquanto escovava meu cabelo úmido e embaraçado. Talvez fosse a luz, mas eu ja parecia mais pálida, doentia.
Minha pele podia ser bonita - Um caramelo bem claro - Mas tudo dependia da cor... Não tinha cor nenhuma ali.
Ao ver meu reflexo pálido no espelho, fui obrigada a admitir que estava mentindo pra mim mesma, não era só fisicamente que eu não me adaptava. E quais seriam minhas chances aqui? E se eu não conseguisse achar o meu grupo numa escola de 700 alunos?
Eu não relaciono bem com as pessoas da minha idade, talvez a verdade seja que eu não me relaciono bem com as pessoas e ponto final.
Até a minha mãe que de quem eu era mais próxima do que de qualquer outra pessoa do planeta nunca esteve em sintonia comigo não determinadamente na mesma página, às vezes eu me perguntava se via a mesmas coisas que as outras pessoas...

Mas não importava a causa mas sim o efeito e amanhã é só o começo.

Não dormi bem essa noite mesmo depois de chorar, ao fundo o ruído constante da chuva e do vento no telhado não desaparecia.
Puxei o velho cobertor xadrez sobre a cabeça, e mais tarde o travesseiro. Mas só consegui dormir depois da meia-noite quando a chuva finalmente se aquietou, num chuvisco mais silencioso.

Só oque eu conseguia ver pela minha janela de manhã era uma neblina densa, eu já sentia a claustrofobia rastejando em minha direção.
Jamais se podia ver o céu aqui; parecia uma gaiola.
O café da manhã com o Logan foi um evento silencioso, ele me desejou boa sorte na escola. Agradeci sabendo que a sua esperança eram vãs. A boa sorte geralmente me evitava.

Não queria chegar cedo demais na escola, mas não conseguia mais ficar ali, vesti meu moletom, longo que vem até às minhas coxas - Um preto simples com uma estampa branca escrito: Gold Heart~ - E sai para a chuva. Ainda estava chuviscando, mas não o suficiente para me ensopar enquanto eu pegava a chave de casa, sempre escondida debaixo do beiral e tranquei a porta. O Som das minhas botas de salto era enervante, senti falta do habitual esmagar de cascalho enquanto andava... Não podia parar e admirar a paisagem novamente, como eu queria, estava com pressa pra sair da umidade nevoenta que envolvia minha cabeça e grudava em meu cabelo por baixo do capuz.
Caminhei com passos lentos, apesar da névoa densa, era agradável sentir os pequenos flocos de neve grudando na minha testa, me livrando do suor que se formava enquanto eu me aproximava mais da escola...
Não foi dificil encontrar a escola, embora eu nunca tivesse ido lá, como a maioria das outras coisas, ficava perto da rodovia. Não parecia uma escola - Oque me fez parar foi a placa, que dizia ser a Seoul High School.
Era como um prédio, construída com lajes brancas, parecia um hospital ou um apartamento, o portão cinzento era a única cor presente... - Na construção - Havia tantas árvores e arbustos que no início não consegui calcular seu tamanho. Onde estava o espírito da instituição? Perguntei-me com nostalgia.
Entrei na construção e dei de frente com o primeiro prédio, que tinha uma plaquinha acima da porta dizendo: SECRETARIA
Deixei minhas coisas perto de um armarinho que havia ali, ninguém havia deixado coisas lá, então certamente eu estava deixando as coisas em lugar proibido, não dei muita bola.

Andei por um pequeno caminho de pedra ladeado por uma cerca viva escura. Respirei fundo antes de abrir a porta.
Lá dentro o ambiente era bem iluminado, e mais quente do que eu imaginava. O escritório era pequeno. Havia três mesas atrás do balcão uma delas ocupada por uma ruiva grandalhona de óculos. Ela vestia uma camiseta roxa que de imediato fez com que eu parecesse produzida demais.

A ruiva olhou pra mim.

- Posso ajudá-la?
- Meu nome é S/n S/s - Informei lhe, e logo vi a atenção iluminar seus olhos. Eu era esperada, um assunto de fofoca, sem dúvida. A filha da Ex-Mulher leviana de Logan finalmente voltou pra casa...

Continua?