*Its rain*

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Eu tinha decidido reler "O moro dos ventos uivantes" o romance que estávamos estudando no curso de inglês — só por prazer, e era oque eu estava fazendo quando Logan chegou em casa. Eu tinha perdido a hora, e corri pro primeiro andar para tirar as batatas e colocar os bifes para grelhar.
Samie? — chamou meu pai quando me ouviu na escada.
Quem mais seria? Pensei comigo mesma.
— Oi pai bem vindo.
—Obrigado. — Ele pendurou o cinto e colocou sua arma na escrivaninha.
Meu pai sempre carregou uma arma quando ele saia, quando era questionado ele só dizia "Apenas para a auto-defesa", retirou os sapatos e se jogou no sofá enquanto eu estava atarefada na cozinha. Pelo oque eu sabia, ele nunca disparou aquela arma. Mas a mantinha preparada. Quando eu era criança e vinha aqui, ele sempre retirava as balas assim que passava pela porta. Acho que agora me considerava velha o bastante para não atirar em mim mesma por acidente, nem deprimida o bastante para atirar em mim mesma de propósito.
— Oque temos para jantar? — perguntou ele cheio de cautela. Minha mãe era uma cozinheira cheia de imaginação e as experiências dela nem sempre eram comestíveis. Fiquei surpresa, e triste, que ele parecesse se lembrar de um fato tão remoto.
— Bife com batata — Respondi e ele pareceu aliviado.
Ele deu a impressão de que se sentia estranho sentado ali no sofá sem fazer nada, se esticou e alcançou o controle remoto.
Nós dois ficávamos a vontade desse jeito. Fiz uma salada enquanto os bifes grelhavam e pus a mesa.
Eu o chamei quando o jantar estava pronto e ele gostou do cheiro quando passou pela porta.
— Que cheiro bom Sam.
— Obrigada pai.

Comemos sem dizer nada por alguns minutos. Não foi desagradável. Na verdade eu e Logan não nos incomodamos com o silêncio, de certa forma éramos ótimos para morar juntos.
— E então como foi na escola? Fez algum amigo? — Ele perguntou ao se servir pela segunda vez
— Bom tive algumas aulas com uma garota chamada Jessy. Sentei para almoçar com os amigos dela, e tem um garoto Jeongin que é muito simpático. Todo mundo parece bem legal. — Infelizmente com uma notavel exceção.
— Deve ser Yang Jeongin. Garoto bom... Uma boa família, o pai é dono da loja de produtos de pesca e camping perto do centro. Ela ganha um bom dinheiro com os estrangeiros que vem aqui.
Tipo eu?
— Conhece a família Kim? — perguntei hesitante
— A família do Senhor Kim? Claro. O senhor Kim é um grande homem.
— Ele... O filho... E seus amigos... São meio diferentes. Não parecem se adaptar bem na escola.
Logan me surpreendeu ao aparentar raiva.
— As pessoas desta cidade — murmurou ele — O senhor Kim é um Advogado brilhante que provavelmente poderia trabalhar em qualquer caso do mundo, ganhando dez vezes o salário que ganha aqui — Continuou ele falando mais alto — Temos sorte por tê-lo aqui... Sorte pela esposa aceitar morar num lugar tão amplo. Ele é um trunfo para a comunidade e todos os filhos são comportados e bem educados. Tive minhas dúvidas quando se mudaram pra cá, com aquele adolescente adotivo. Pensei que podíamos ter algum problema com ele. Mas ele é muito maduro... Não tive um pingo de problema com ele, não posso dizer nada dos filhos de outras pessoas que moram aqui a gerações. Só porque são novos aqui as pessoas ficam falando.
Foi o discurso mais longo que ouvi de Logan. Ele devia se aborrecer muito com oque as pessoas diziam.
Recuei um pouco.
— Ele parece legal pra mim, os amigos tambem. Só percebi que são muito reservados. Todos são muito bonitos. — acrescentei tentando ser mais elogiosa.
— Devia ver o médico — Logan diz rindo — Ainda bem que é bem casado.

Depois do almoço, subi as escadas sem nenhuma vontade de fazer o dever de matemática. Podia sentir um costume se formando.
Enfim aquela noite foi silenciosa. Dormi rapidamente, exausta.
O resto da semana foi calmo. Eu me acostumei com a rotina de minhas aulas. Na sexta feira, conseguia reconhecer, se não pelo nome, quase todos os alunos da escola. Na educação física, as meninas da minha turma, aprenderam a não me passar a bola e sair rapidamente da minha frente se o outro time tentava se aproveitar da minha fraqueza. Eu saia de seu caminho feliz.
  Kim Yugyeom não voltou a escola.
Todo dia eu observava ansiosa o grupo do Yg entrarem no refeitório sem ele. Depois eu podia relaxar e participar da conversa do almoço.
Centrava-se principalmente numa viagem ao maior campo/floresta de Seoul dali a duas semanas, que Jeongin estava organizando. Fui convidada e tive que concordar em ir, mais por educação do que por desejo. As florestas devem ser frias e úmidas.
Na sexta-feira eu estava perfeitamente à vontade entrando na minha aula de música sem me preocupar mais se o Yugyeom estava ali ou não. Pelo que eu sabia ele tinha saído da escola, tentei não pensar nele mas não conseguia reprimir completamente a preocupação de que eu fosse responsável por sua ausência continua embora e se fosse ridículo.
A chuva continuou branda pelo fim de semana, tranquila, então eu pude dormir bem.

As pessoas me cumprimentaram no estacionamento na segunda-feira de manhã. Eu não sabia o nome de todos mas retribuir os acenos e sorrir para todos. Estava mais frio nesta manhã mas felizmente não chovia. Na aula de inglês Jeongin assumiu seu lugar de costume do meu lado, teve um teste relâmpago sobre o morro dos ventos uivantes era simples, muito fácil.
No todo eu estava me sentindo muito mais a vontade do que pensava que estaria essa altura. Mais a vontade do que eu esperava me sentir aqui um dia.

Quando saímos da sala de aula o ar estava cheio de pontinhos brancos rodopiando. Eu podia ouvir as pessoas gritando animadas umas com as outras, o vento mordia de meu rosto, meu nariz.

— Puxa — disse Jeongin — Está nevando
olhei para os pequenos tufos de algodão que se acumulavam pelas calçadas, e que giravam erraticamente por meu rosto.
— Eca! — Neve. Lá se foi meu dia bom.
Ele pareceu surpreso.
— Não gosta da Neve?
— Não. Significa que está frio demais pra chover — é óbvio — Além disso, pensei que devia cair em flocos... Sabe como é, cada um é único e essas coisas. Isso aqui só parece ponta de cotonete.
— Nunca viu a neve cair? — Perguntou ele incrédulo.
— É claro que vi — Eu parei — Na TV.
Jeongin riu. E aí uma bola grande e macia de Neve gotejante bateu na cabeça dele. Nós dois nos viramos para ver de onde veio eu tinha minhas desconfianças de Jeffrey que estava se afastando de costas para nós na direção errada para primeira aula dele ao que parecia nós tivemos a mesma ideia, ele se curvou e começou a formar um morro de papa branca.
A-agente se vê no almoço tá? — continuei andando enquanto falava. — Quando as pessoas começam a atirar coisas molhadas nas outras eu entro.
Ele só assentiu, os olhos em Jeffrey que se distanciava.
Toda manhã todos bateram papo animadamente sobre a neve, ao que parecia era a primeira vez que nevava no ano novo. Fiquei de boca fechada. É claro que era mais seco do que quando chovia, até a neve derreter nas meias da gente.
O caminho pro refeitório foi cauteloso, encontrei com Jessy no caminho ela partilhava a mesma sensação que a minha: cuidado.
Jeongin nos encontrou quando passávamos pela porta rindo com gelo desmanchando pelo seu cabelo espetado. Ele e Jessy conversaram animadamente sobre a guerra de Neve enquanto estávamos na fila para comprar comida. Olhei a mesa do canto, mas por habito. E depois gelei.

Haviam sete pessoas a mesa.

Y-Yugyeom está de volta?

°Sweet Serial Killer° Imagine Yugyeom°Onde histórias criam vida. Descubra agora