Capítulo 3 - Divina comedia

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 O voo dele chegaria as 14:40, eu tinha tempo suficiente para me ajeitar sem correr o risco de me atrasar. Meu coração estava acelerado, meu espelho era do meu tamanho e ficava meio que escondido do lado do meu guarda-roupa branco, eu já tinha experimentado mais de 5 roupas diferentes, eu achava um defeito e trocava, acabei colocando uma roupa que eu não gostava tanto, mas quando vesti, me senti bonito. Minha auto estima tinha baixado muito nos últimos meses, me olhar no espelho tinha virado um problema enorme, porém, naquele dia foi um pouco mais fácil. Eu vestia uma camisa preta de botões e manga curta com vários símbolos pequenos da NASA, coloquei um calção jeans azul escuro e all star preto cano médio.

  O aeroporto não ficava tão longe, era uns quarenta minutos de carro. O motorista do Uber disse que chegaria de 13:30, era 13:25 e eu esperava do lado de fora ansioso. Ele chegou, o carro era cinza (não vou especificar o modelo pois não entendo), o motorista usava uma boina vinho. Quando estávamos a caminho eu coloquei "come as you are" pra tocar, mas surgiu uma dor muito grande no meu peito seguido da lembrança do enterro da minha melhor amiga, ou seja da minha EX melhor amiga. Troquei rapidamente a musica para que aquilo não crescesse e estregasse meu dia, botei "Love me" - The 1975 e segui o caminho ate o aeroporto calado.

  Eu cheguei no aeroporto as 14:00 e ele já estava lá, ele usava uma camisa cinza de manga curta, calça jeans preta e tênis preto. As malas estavam ao seu lado e ele estava em pé olhando para os lados, com certeza me procurando, estava com cara de preocupado, ele segurava uma flor vermelha com um plástico em volta ao longo do corpo. Ele não trouxe para mim, mas eu acharia muito fofo se fosse. Meu coração estava muito acelerado. Ele me viu indo em direção a ele e abriu um lindo sorriso que me deixou mais nervoso e me fez suar mais. Eu já estava muito perto dele sorrindo muito também, ele se aproximou mais e estendeu a flor para mim. ERA PARA MIM. Meus olhos se encheram de lagrimas, mas eu não chorei, peguei a flor sorrindo e achando tudo aquilo muito fofo. Então o abracei. Senti seu coração acelerado, sua respiração, seu cheiro. Ele parou de me abraçar, me olhou nos olhos e me beijou pegando na minha cintura. Ele é realmente muito decidido, não faz rodeios. Eu botei minha mão direta em seu pescoço enquanto com a esquerda eu segurava a flor que ele me deu apoiando quase na altura de seus ombros. Ele parou de me beijar e sorriu.

-Minha intenção era de que você não visse a flor, acho que você viu, ne?- Ele falou isso sorrindo e acariciando meu rosto com sua mão direita, seus olhos brilhavam.

-Vi sim, ela é linda- falei sorrindo e olhando nos seus olhos, ele era encantador – Iremos agora pra casa?-

-Não mesmo, vamos aproveitar que somos apenas nós dois- Ele sorriu de um jeito malicioso. Eu era virgem e não estava afim de perder naquela hora.

-E pra onde iremos?-

-Bom- Ele sorriu –Nós gostamos de ler, vi que esta tendo uma feira de livros e tem vários autores dando autógrafos, nós poderíamos ir se você quiser-

-É claro que quero, vai ser o melhor encontro da minha vida- Falei sorrindo e com muita empolgação na voz e nos gestos –Espera, é um encontro?- Fiquei serio encarando-o

-Sim sim, teria lugar melhor pra se ter um encontro?- ele ergueu seus braços fazendo um sinal de duvida

-Não mesmo, vou apenas pra chorar, tenho muitos livros pra ler e não tenho dinheiro- Fiz uma pausa e disse – E suas malas irão ficar onde?-

-Paguei um cara pra levar minhas malas ate em casa, ele já levou, você não viu?- Olhei pra onde as malas estavam e não tinha nada.

-Ele é de confiança?- Falei franzindo a testa.

O Cara do CemitérioOnde histórias criam vida. Descubra agora