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Acordo com os primeiros raios de sol entrando pela minha janela e me xingo mentalmente por não ter me lembrado de fechá-la quando cheguei. Mas o que eu posso fazer, me jogar na cama era a única coisa que se passava na minha mente depois de um plantão de 24 horas.

Rolo um pouco pela cama e me espreguiço, me forçando a abrir os olhos. Preciso tomar um banho, comer e voltar para o hospital, para mais um plantão que durará muito mais do que 12 horas.

Suspiro. Eu escolhi isso, escolhi ser cirurgiã, e com isso veio toda a carga horária e as responsabilidades junto. Veio os plantões de muitas horas e as poucas horas de sono. Na verdade, eu estou com sono a maior parte do meu dia, mas a parte de dormir acontece apenas algumas horas, muitas poucas horas!

Termino de me vestir e começo a secar o meu cabelo com a toalha branca. Coloco o pão na torradeira e ligo a cafeteira, sentando no sofá para checar minhas notificações. Não que vá ter alguma coisa interessante, nunca tem nada interessante. As coisas mais interessantes do meu dia são pacientes com aneurismas e câncer. Eu sei, muito mórbido!

- Qual a boa? - pergunto assim que coloco o telefone no ouvido. Ouço a pessoa do outro lado rir.

- Já está acordada? Achei que você iria dormir pelos próximos sete dias! - Mostro a língua para ninguém em específico, mas sei que ela sabe o que eu estou fazendo.

- Tenho plantão, lembra? - Tiro os pães da torradeira, agora em forma de torrada, reclamando de como está quente e os depósito em um prato. Despejo o café na minha xícara de sempre e sento na bancada da minha cozinha. - Ao contrário de você, eu tenho compromissos importantes.

- Há há, que engraçado. - Dou de ombros levando a xícara a minha boca. Ah, como eu amo café!

- O que você quer, unnie?

- Nada - responde na defensiva. - Eu não posso simplesmente ligar para minha dongsaeng?

- Não, não pode. Você sempre tem uma razão para me ligar, então desembucha logo.

- Tá bom. - Suspira. Termino de comer e depósito a louça suja na máquina de lavar. - Você é médica, certo?

- Hum-hum.

- Cirurgiã, certo?

- Certo. - Confirmo, já sabendo a onde isso irá chegar.

- Acontece que minha mãe está com... um problema grave na coluna e precisa de cirurgia, mas não há ninguém aqui em Daegu.

- Então você quer que eu consiga a transferência dela para cá?

- Se você puder - sussurra receosa.

O problema deve ser bem sério, porque essa unnie nunca pede nada para ninguém ao menos que seja a sua última opção. E, para falar a verdade, não seria sacrifico nenhum. Funcionários do hospital tem desconto e podem conseguir transferências bem mais rápido. Apenas uma palavra com o chefe e ele me ajudaria, sem nenhum esforço.

- Tudo bem. - Termino de vestir meu tênis e retiro meu casaco, junto com o cachecol, do cabideiro. - Vou ver o que posso fazer e depois te aviso.

- Muito obrigada, Sowon. - Sinto o alívio em sua voz e permito que um pequeno sorriso se forme em meus lábios.

- Eu tenho que ir. - Tranco a porta atrás de mim conferindo o horário. - Manda um beijo para tia, unnie. E até mais.

Desligo depois de ouvir o seu "ok" e me apresso, tenho quase certeza de que vou me atrasar, ainda mais com o trânsito imenso de Seoul. Em Daegu tudo era bem mais fácil, mas já fazem anos e agora a minha vida é aqui. Minha nova e melhor vida, fazendo o que eu amo sem ninguém para me distrair dos meus objetivos!

Lonely - Kim Taehyung Onde histórias criam vida. Descubra agora