Cap. 1

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Eu posso afirmar que nunca fui daqueles que acreditam em sorte, destino ou carma. Porém os fatos ocorridos aconteceram de uma forma tão surpreendente e rápida que não tive tempo de duvidar da existência de tais coisas. Para que tudo seja entendido em seus mínimos detalhes vou tentar contar como os fatos ocorreram desde o princípio:

Eu cresci na França, em Lyon para ser mais exato, fui criado por meus tios. Segundo eles eu nasci nos Estados Unidos, meus pais morreram antes que eu completasse 1 ano de idade, sobre meus pais eu não sei muita coisa apenas seus nomes e que minha avó materna era contra o casamento dos dois por meu pai ter sido de uma família humilde. Durante muitos anos trabalhei no restaurante de meus tios como administrador de tudo que se fosse possível, menos da cozinha, apesar de ter curso de culinária, a área onde eu sou formado é Ciências Econômicas e Administração. Sim, passei quase metade da minha vida estudando para ser um ótimo dono de uma grande empresa, seja lá qual fosse ela. Perdi alguns relacionamentos, algumas festas, algumas interações sociais comuns, mas analisando o agora valeu muito a pena.

Mas o que estava me incomodando no momento era saber que eu tinha uma família nos EUA e nenhum deles ao menos me mandaram uma carta ou ligação, qualquer coisa que fosse. Meus tios me disseram que eles sabem exatamente onde cresci. Após alguns meses do término da minha faculdade eu me organizei para fazer a viagem que mudaria minha vida. Meu maior desafio era contar meus planos aos meus tios, decidi faze-lo em um domingo em família.

- Eu gostaria de fazer um comunicado à vocês. - eu disse após beber um longo gole de vinho respirando fundo. - Eu decidi viajar até os Estados Unidos, acho que já passou da hora de conhecer minhas origens. - olhei para seus rostos, com os olhos congelados em mim.

- Meu filho, -meu tio começou a falar de forma calma. - você não sabe o que vai encontrar lá. Aquela família fez muito mal ao seu pai, até mesmo à sua mãe.

- Mas tio, o máximo que vou encontrar de ruim serão caras feias. Eu não tenho medo de pessoas assim.

- Eu me recuso a imaginar você sozinho perto daquela gente.- minha tia enfim se pronunciou, e eu pude notar que seu tom era mais alarmante do que o do meu tio.

- Tia, nada vai me acontecer. Eu sei me cuidar e prometo que ficarei bem.- segurei sua mão a beijando em seguida. - Eu preciso disso, é uma questão que está me incomodando muito durante os últimos anos.

- Tudo bem. - meu tio disse após algum tempo de silêncio. - Dylan tem o direito de conhecer a família dele, Florence. - ele direcionou seu olhar para minha tia que estava ainda segurando minha mão com o olhar aflito.

- Certo, - ela concordou respirando fundo. - mas quero saber noticias suas todos os dias, ou quase todos. - mesmo com seu tom de autoritarismo eu podia sentir o zelo vindo dela.

- Eu prometo que darei noticias e contarei como as coisas estão indo. - apertei sua mão tentando transmitir transmitir confiança.- E eu vou precisar de mais informações sobre eles. - meus tios se entreolharam.

- Vou precisar de alguns dias para encontrar os papeis. - meu tio se levantou ao dizer.

- Tudo bem, assim eu termino de organizar alguns detalhes que faltam para minha viagem. - me levantei também começando a tirar os pratos da mesa para levar à pia.

Após deixar tudo limpo e organizado na cozinha fui para o quarto para começar a arrumar minha mala, eu não sabia quanto tempo ficaria por lá, mas não coloquei muitas roupas mesmo porque a mala não era lá grandes coisas, literalmente. Já deixei meus documentos necessários para a viagem separados, no dia seguinte eu só precisaria ir até o banco sacar o dinheiro necessário para permanecer nos EUA. Minha passagem já estava reservada, mas sem data confirmada ainda, o que no momento era ótimo para mim.

Durante a semana seguinte cuidei dos últimos detalhes e meu tio me entregou alguns papéis com informações da minha família, na verdade só haviam alguns nomes e endereços na cidade de Los Angeles, na Califórnia. Bom, pelo menos a cidade eu sabia, mas isso não era nem o inicio, nem mesmo esse papel que meu tio me deu era o inicio. Haviam muitas coisas ainda sem respostas e eu não iria voltar sem elas. No dia da viagem meus tios me levaram para o aeroporto, ao me despedir minha tia estava com os olhos cheios de lágrimas, como eu já previa. Meu tio sempre o mais "durão" me deu apenas um abraço forte e um alerta para me cuidar e ligar se ocorresse algum problema. Após pouco mais de 12 horas de voo, com escalas eu desembarquei em Los Angeles, graças ao meu curso extensivo de inglês eu consegui ler as placas e pegar um táxi para um hotel. Eu sabia que precisaria de um lugar para me refugiar caso fosse chutado da casa onde minha "família" estaria. Nesse momento minha vida estava para mudar.

The Same (Em hiato)Onde histórias criam vida. Descubra agora