Cap. 7

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Enquanto Amber dirigia para o cemitério eu tentava pensar em uma maneira de encontrar meu pai e descobrir até que ponto minha avó sabia sobre ele. Se ela era tão perigosa como eu pensava, qualquer pista sobre a vida do meu pai poderia por ele em perigo. Será que ele ainda está vivo? Será que está nos EUA ou em outro país assim como eu há alguns dias atrás? Pensar nas inúmeras possibilidades sobre o paradeiro do meu pai me deixaram quieto e imerso em meus pensamentos. Amber percebeu, claro.

- Está tudo bem? - ela segurou minha mão e ao olhar para seu rosto notei que já havíamos chegado.

- Estou... só estou tentando entender tudo isso. - respirei fundo tentando expelir aqueles sentimentos através do ar em meus pulmões.

Amber saiu do carro e eu a segui, provavelmente ela já esteve aqui com Bryan. Me pergunto se ele sente alguma coisa em relação à nossos pais, já que ao meu ver ele não parece ter nenhum sentimento de compaixão ou até mesmo amor. Olhando para os túmulos no horizonte com flores me dou conta de que não comprei nenhuma.

- Eu deveria ter trazido flores. - olhei para Amber tentando buscar algum consolo pela falta de atenção, mas ao invés disso ela sorriu e abriu a porta de trás de seu carro tirando um arranjo de tulipas roxas e vermelhas. Não pude evitar sorrir ao ver seu gesto, fui para seu lado e não contive a vontade de lhe dar um beijo. Ela retribuiu de bom grado e nós caminhamos de mão dadas até o túmulo de minha mãe.

Não me espantei tanto quando o nome dela escrito no túmulo era diferente do nome dito pelos meus tios. De repente algo me surgiu na mente, será que eles são mesmo meus tios? Tudo o que sei é que a tarefa deles era me matar e sumir com as provas, mas como sabemos não foi isso o que aconteceu, pelo menos não tudo.

Analisei cada detalhe de seu tumulo, era grande comparado aos que eu já havia visto, seu nome verdadeiro Hilary Bennett e a data de nascimento e falecimento. E logo embaixo uma mensagem:

A vida é feita de partidas e chegadas, idas e vindas.

O que parece ser a partida, para outros é a chegada.

Um dia, todos nós partiremos ao encontro de nossos pais.

Ler aquelas palavras me fez sentir a cruel ironia da situação, enquanto minha avó estava viva e feliz, propagando sua maldade por causa da ganancia, minha mãe estava morta. Naquele momento eu desejei que existisse vida após a morte, um paraíso no qual eu pudesse encontrar minha mãe ao morrer e lhe dar o abraço que eu nunca pude dar. Olhar seu rosto enquanto ela acariciasse o meu com um sorriso acolhedor. Só me dei conta de que estava chorando quando senti as lágrimas deslizarem pelo meu queixo e Amber passar os dedos em minha bochecha para as conter. Peguei as tulipas de sua mão e me agachei diante o tumulo colocando elas no suporte que havia ali, havia algumas flores mortas no suporte, mas não liguei para elas. Ao me levantar olhei para Amber quis saber se havia algum significado especifico para as cores das tulipas.

Ela me explicou que as vermelhas significavam amor verdadeiro e eterno, já as roxas significavam paz e tranquilidade. Beijei sua mão em uma forma de agradecimento, mesmo sabendo que não era suficiente diante do seu gesto simples, mas muito significativo para mim. Ficamos ali por mais alguns minutos, voltamos para o carro em silêncio e senti mais do que nunca, que precisava investigar mais essa família, embora o medo me deixasse um pouco inseguro com as coisas que poderia encontrar.

Nós decidimos ir para um restaurante. Amber escolheu um que apesar de ser visivelmente cinco estrelas, cheio de pessoas ricas e esnobes, era bem aconchegante. Escolhemos uma mesa mais ao fundo, nunca gostei de ficar em aglomerações, mesmo que pequenas e organizadas como ali. Pedimos duas taças de vinho tinto, para mim essa é a bebida perfeita para um encontro, se é que isso poderia ser considerado um encontro. Escolhemos as entradas e em seguida o prato principal.

The Same (Em hiato)Onde histórias criam vida. Descubra agora