--- Papai? May? Will? Alguém?
--- Christopher! --- uma mulher de cabelo longo e negro veio recebê-lo.
Suas feição era doce e serena, seus olhos de castanho profundo.
--- Papai e eu o esperamos para almoçar e você sequer deu um sinal de vida. Quais são as regras dessa casa?
--- As refeições em família são sagradas. --- falou entendiado e ela o encarou com as mãos na cintura. --- Okay, me desculpe. Tive um contratempo.
--- Ligue da próxima vez. Melhor, que não haja uma próxima vez!
--- Tudo bem, mensagem captada. Como vai nosso pequeno?
--- Travesso, igual a você quando criança. --- tocando a barriga.
--- Nossa mãe dizia que eu era um anjo.
--- Nossa mãe era cega pelo seu sorriso banguela e esse cabelo de anjo.
--- Que invejosa, isso é feio, irmãzinha.
A mulher posou o olhar em mim e em seguida em Christopher. Pigarreou chamando sua atenção e com um bico discreto apontou para mim.
Ela pensava que eu era tonta?
--- Ah, sim. Ia esquecendo. Maite, essa é a María. María essa é Maite, minha irmã mais velha. --- ele com uma intimidade não dada, com os dois braços me trouxe até ela. --- Eu não sou do tipo que traz visitas e tal... --- coçando a nuca com timidez.
--- Olá, María. -- me analisou. --- Vocês se conhecem da onde mesmo?
--- Faculdade.
--- Trabalho.
Falamos juntos e ela franziu o cenho.
--- A María trabalha na lanchonete da faculdade. --- explicou.
--- Hm. --- balançou a cabeça visivelmente desconfiada.
--- May, acontece que a María não tem parentes na cidade, ela é do interior. E a casa dela está infestada, completamente lotada de ratos.
--- Credo! --- com nojo.
O olhei indignada. Ratos? Que humilhante.
--- Au! --- gritou quando pisei em seu pé. --- Não precisa ter vergonha. Acontece né, Maite? --- piscou para a irmã e ela prontamente assentiu. --- Esse fim de semana vão detetizar o lugar e ela precisa de um canto para ficar... --- baixou o tom de voz para continuar. --- Olha pra ela, May... Pobrezinha.
--- Eu estou ouvindo. --- acenei.
--- Ela está mais bem vestida que nós dois juntos.
--- Doações. --- justificou baixando a cabeça. --- Como eu dizia, eu como bom moço e gentil como minha família me ensinou a ser. --- abraçou-a brevemente. --- A convidei para passar o fim de semana com a gente! --- levantou os braços animado.
--- Já para o quarto. --- falou e saiu pela casa.
Christopher suspirou.
--- Não sai daqui. Eu já volto.
Confirmei.
Como se eu tivesse opção.
Dei uma volta pela casa e realmente, não era grande como a minha. --- sala e cozinha no mesmo cômodo apertado separadas por um balcão. --- uma moldura de uma mulher loira e sorridente abraçada ao homem de olhos brilhantes e alguns fios de cabelo grisalhos. --- ali devia ser o quarto dos pais dele. --- o corredor por onde os dois seguiram não era muito espaçoso e continha quatro portas, uma de vidro que dava passagem ao que parecia ser um quintal.
Pouco ouvia da conversa dos irmãos. --- apesar de estar quase colada a porta aonde estavam trancados. --- Ele argumentava sem parar como se vendesse um produto. Com a fé que ele descrevia, eu encomendaria no mínimo uns dois.
A fechadura foi destravada e eu corri ao lugar de antes.
--- Se seus saltos não batesse no chão com tanta força seria mais discreto.
Virei-me assustada e dei de cara com um homem alto, de olhos verdes e loiro. --- quase todos naquela casa tinham que ser loiros e altos? Maite e o homem da foto eram a exceção. --- ele me encarou com os braços cruzados a espera de uma explicação.
--- E-Eu...
--- Will! --- Maite foi até ele com os braços estendidos e o beijou.
--- Cunhadinho.
--- Olá, Christopher. Sua amiga? --- perguntou com as mãos coladas sobre a barriga da morena.
--- Ah, sim. Essa é a María. Vai ficar o fim de semana conosco.
--- Esse é meu marido, William.
O homem ofereceu a mão para um aperto e eu ignorei.
--- Sabe o que que é, ela é um pouco tímida e não gosta de contato físico.
Forcei um sorriso e William balançou a cabeça.
--- É, vai ser um fim de semana bem interessante. --- Maite concluiu com sarcasmo.
--- Eu vou acordar o papai para lhe apresentar nossa hóspede.
--- Faça isso. --- concordou sem tirar os olhos de mim e Christopher saiu.
--- Olha bem, eu tenho faro para mentiras. Espero que não meta meu irmão em confusão. --- apontou o dedo em minha direção e eu esquivei com uma cara de nojo. --- Estamos conversadas?
--- Amor, não ameace a moça. É só uma amiga do Christopher.
--- Se é uma AMIGA, não há razão para sentir-se ofendida.
--- Eu não tenho medo. --- apertei a mandíbula. Não ia deixar mais ninguém me intimidar no mesmo dia.
--- Ah, pois é bom ter. Não queira sentir a ira de uma mãe Von Uckermann.
--- Tá bom, tá bom. Vem. --- O loiro a abraçou e a deixou em uma distância segura.
--- Ele já está vin... Perdi alguma coisa? --- perguntou Christopher percebendo a tensão.
--- Não, não. Estávamos nos conhecendo melhor. --- justificou com um sorriso angelical e meu queixo foi ao chão.
Mais essa.
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María Tem Que Morrer! - VONDY.
FanfictionDulce María, uma jovem envolvida em uma rede de mentiras e muito dinheiro. Sabe segredos valiosos e sujos, os quais podem lhe custar a vida. Agora cabe a ela e a um humilde taxista correr contra o tempo e contra quem a quer morta e enterrada junto a...