--- AAAAAAAH! --- Gritei aterrorizada e mordi a mão que me segurava, pronta para correr.
--- porra! Está maluca? Eu vim ajudar! --- balançou o local dolorido fazendo uma careta. --- não é de se admirar que queiram acabar com você.
Os batimentos acelerados do meu coração ainda martelavam na minha cabeça.
--- eu estava me defendendo!
--- e por acaso, você foi treinada por um pinscher? --- perguntou sarcástico.
--- o que faz aqui? --- perguntei irritada com a confusão. --- Eu já paguei o que devia e o carro não teve um arranhão!
Na verdade, eu não tive tempo para analisar o veículo, mas não podia perder tempo brigando por conta de um motivo medíocre.
--- você não sabe ser salva, né?
--- sei me virar sozinha. Não preciso de um herói, muito menos um mole igual a você. Por favor, foi só uma mordidazinha. --- gesticulei e puxei a trava da porta. --- quer abrir? --- continuei a forçar, mas sem sucesso.
--- eu não posso. --- falou pausadamente. --- Porque a partir do momento que você confirmou essa corrida também me meteu nesta confusão!
--- claro que não! Você não sabe de nada, não viu nada. Vai pro seu ponto e segue com sua vidinha normal. Porque eu, preciso sumir!
--- acha que terminar o dia como fugitivo foi o que eu planejei? Menos de 24 horas nessa profissão e já odeio! - quase gritou.
--- não seja chorão e abre essa porta de uma vez. --- ordenei impaciente.
--- você que sabe. - destravou-as. --- ah, pra você saber. --- apontou por cima do ombro para o lado esquerdo.
Lá estava as duas mulheres que me perseguiam.
--- divirta-se, elas devem estar ansiosas para vender esse treco num beco qualquer. --- olhando diretamente para o meu cordão.
Coloquei a mão sobre ele e voltei a olhar na direção que o motorista indicava.
--- mamãe, para de falar essas coisas, você vai ficar bem? Nós vamos superar isso. Eu vou te ajudar, vamos sair dessa casa e ir para bem longe, onde eu possa dar o conforto que você merece. Sem gritos ou humilhações. --- segurei sua mão e beijei.
--- não, querida, não vamos. Esse é o fim, pelos menos para mim. --- deu um sorriso fraco e foi tomada pela tosse incessante outra vez.
--- não pode me deixar. É injusto! Eu... eu só tenho você.
--- você vai superar, Dulce. É uma menina muito forte e não tem medo de nada.
--- sem você eu não sou. Não passo da desaforada filha da empregada.
Minha mãe negou.
--- se você soubesse...
Marichelo deu um passo a frente e passou a mão pelo rosto de minha mãe, demonstrando que não sairia do seu lado.
Desde que eu me entendia por gente ela sempre estivera ali, nas boas e nas más, minha madrinha sempre assumiu o papel de segunda mãe, era até mais barra pesada do que a doce dona Blanca. --- também, pudera... minha mãe já tinha inumeras dificudades de criar uma filha sozinha, tia Marichelo tinha duas: Belinda e Anahí.
--- Dulce, preciso que me escute com atenção... --- deu uma pausa para tentar recuperar o fôlego. --- você precisa ir morar com a sua madrinha. Não pode voltar aquela casa.
Franzi o cenho sem entender. Tudo bem que Natalia deixava bem clara sua antipatia por nós duas, mas Fernando... ele era gentil, paciente.
--- mas mamãe, meus estudos... --- fui interrompida.
--- me prometa! --- insistiu e eu assenti mesmo contrariada. Pude ver sua expressão suavizar e ela estendeu a mão até mim abrindo-a. --- guarde bem consigo. Esse pingente foi da sua avó, meu e agora é seu. Proteja-o e por nada o perca, pois um dia ele vai salvar você...
--- Blanca, por favor, você precisa descansar. --- minha madrinha pediu a ver dificuldade dela em se comunicar.
--- eu vou, Marichelo. Mas antes preciso... falar com minha filha.
--- podemos conversar outra hora, eu prometo. --- falei com a garganta embargada, eu sabia que aquele era o fim. Só não queria aceitar.
--- cuide-se, querida. Defenda seus princípios e lembre-se que você jamais estará sozinha... você é muito amad... --- o monitor cardíaco começou a apitar e eu olhei desperada para minha madrinha.
--- mamãe, não! Por favor, não! Faça alguma coisa, madrinha!
Marichelo permaneceu imóvel com a mão na boca e o rosto molhado pelas lágrimas.
Abracei minha mãe na esperança que ela voltasse para mim.
--- qual o seu plano? Porque eu vou logo avisando, todos que eu conheço ou estão mortos ou, me querem morta.
--- tem um lugar. É simples, mas serve até pensarmos em uma saída.
--- que seja. --- dei de ombros. Eu já não me importava se continuasse viva ou morta. --- Só me diga que tem comida. --- meu estômago roncou querendo apresentar-se. --- essa confusão tinha que começar bem na hora do almoço?
Ele riu baixando a cabeça e abriu o porta luvas e entregou-me uma barra de Hershey's.
--- esse era o meu, mas acho que todo criminoso tem direito a uma última refeição. --- me encarou com uma expressão desavergonhada. --- pode ficar.
Tomei e rasguei a embalagem com o dente para logo dar a primeira mordida e suspirar. --- Nunca um chocolate pareceu tão apetitoso.
--- você não tem cerimônia, né. --- riu negando.
--- esperava que eu rezasse o pai nosso ou o quê? --- falei ao sentir o doce derreter em minha boca. --- A propósito, não sou uma criminosa. Mas não tenho que dar explicações a um estranho.
--- sou Christopher e não costumo ser cúmplice de não criminosas. --- olhei para sua mão a espera de um aperto e dei um meio sorriso, o mais falso de todos. --- essa é a hora que você diz seu nome. --- falou como se desse instruções a uma criança.
--- María. --- falei com a boca cheia.
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María Tem Que Morrer! - VONDY.
FanficDulce María, uma jovem envolvida em uma rede de mentiras e muito dinheiro. Sabe segredos valiosos e sujos, os quais podem lhe custar a vida. Agora cabe a ela e a um humilde taxista correr contra o tempo e contra quem a quer morta e enterrada junto a...