Prólogo

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Jane Dark estava a caminhar pelas ruas sujas de Nova York, envergando um vestido branco, com renda nas mangas, quando olhou para o céu e começou a chover sangue. O sangue manchava o seu vestido, deixando manchas vermelhas por toda a sua extensão, mas Jane não estava a prestar minimamente atenção no que estava a acontecer. Nem ao vestido, nem ao facto de que estava a chover sangue,

Após alguns minutos da caminhada os seus pés já estavam doloridos de andar de saltos altos, mesmo que as ruas de Nova York sejam planas. O cabelo loiro dela estava completamente ensopado, deixando-o com uma cor peculiar, meia acastanhada, e definitivamente medonha. Pela sua cara, escorriam gotas de sangue e restos de rímel e batom esborratados davam sinais de que não era uma das melhores noites para ela.

Assim que chegou ao seu destino, um grande prédio, no centro da cidade, com vista para o esplêndido Central Park, Jane bateu na porta de madeira de carvalho-clara, deixando-a com várias marcas das suas mãos e gritou:

“Josh! Abre a porcaria da porta!”

Não muito tempo depois, a porta abriu-se mostrando uma pequena figura de um homem já com a sua idade, e com a sua barriga também. Jane entrou pela casa adentro, não fazendo quaisquer cerimónias.

“Jane! O que raio é que te aconteceu?! Parece que um Quort vomitou em cima de ti!”

Jane estava a escorrer o cabelo para a pia branca da cozinha, deixando-a também vermelha. Por onde ela andava, um rasto de sangue seguia-a, mas uma confusão instaurava-se na casa de Josh. Livros espalhados por todos os sofás, várias televisões sintonizadas em diferentes canais de notícias, jornais espalhados pelo chão, para não falar de como é que a cozinha estava. Parecia que ninguém lavava os pratos à meses.

“Não tenho tempo para explicar. Isto está a ficar cada vez mais estranho, e duvido que apareca nos telejornais! Agora ajuda-me a tirar este vestido imundo, tenho que ir buscar Julian, acho que ele se perdeu em Central Park e não posso perder muito tempo!”

Josh apressou-se a desapertar o fecho de trás do vestido de Jane e a buscar-lhe roupas novas. Assim que se consegue libertar do vestido, Jane passou água pela cara, retirando os vestígios de batom, rímel e sangue. Lucie, a sua cadela, um lindo Golden Retriever ladrava e andava aos pulos pela casa, atirando metade dos objetos em cima dos móveis antigos  de Josh.

“Ey, miúda, tem calma, vai correr tudo bem…” Jane tentou acalmar Lucie, mas a cadela não parava de ladrar contra a janela.

“Aqui tens,” O pequeno velhote disse, endireitando os seus óculos, dando um molho de roupas a Jane. “É melhor que te despaches, acho que vem uma manada de Fots na direção do rio!”

Jane meteu-se nas calças de ganga, botas e casaco o mais depressa que conseguiu. Correndo para a porta, ainda a prender o cabelo num rabo de cavalo, ela diz:

“Não te preocupes comigo, eu volto. Continua a procurar, tem de haver uma razão para tudo isto estar a acontecer.”

Josh acenou, com uma expressão receosa no rosto. Assim que Jane abriu a porta, os dois
viram o verdadeiro caos em que a rua estava. Para além da chuva de sangue, o vento estava descontrolado, arrancando folhas, ramos e até árvores, destruindo tudo à sua passagem. Jane correu em direção ao aglomerado de árvores à sua frente e começou a gritar pelo nome do seu irmão gémeo.

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