Março 3612
Astra
Astra costumava dizer que haviam sempre sete coisas que se devia lembrar ao acordar.
Primeiro, o seu próprio nome, pois para ela, não era nada propício vagar perdida em si mesma como uma indigente, e que a melhor coisa da vida seria sempre ser você mesmo.
Segundo, se lembrar sempre de onde tinha vindo. Não seria apenas sobre divagar em sonhos e possibilidades vãs, pois isso jamais traria uma ideia concreta de quem você realmente poderia ser. Um nome sempre seria necessário, mas este poderia ser facilmente alterado. O local de onde viera poderia ser riscado de um mapa, no entanto, jamais deixaria de expressar suas mais claras lembranças em seu subconsciente, e de percorrer seus costumes em sua veia.
Terceiro: se possível fosse recordar-se de sua responsabilidade. Mesmo ela sendo pequena demais ou grande o bastante, deveria estar memorizada e expressada em sua forma de agir.
Quarto, lembrar-se do que gosta, seja um prato favorito ou até mesmo sua cor preferida. Não adiantaria se enganar, fingindo que tudo mudava apenas para adaptar-se ao que os outros querem de você.
Quinto, avaliar muito bem as suas atitudes Poderia ser um péssimo dia e as condições não estarem a seu favor, mas não deveria se esquecer jamais que a primeira impressão é sempre a que fica, ainda que não saibamos memorizar as ações, outros poderiam fazer isso por nós.
Sexto, ter certeza de que suas preferências não virão à frente de outros. Afinal, boas qualidades não fazem de você apenas boa pessoa, te torna a personificação de um ser humanizado.
Sétimo e último, a família, por mais conturbada que seja, será a sua base. Serão os primeiros e os últimos a estarem do seu lado. Podem até te derrubar e esbanjar toxicidade, apesar disso, no fundo, é apenas o desejo mal expressado de lhe desejarem o melhor.
Todos os dias, ela se deitava de lado com os olhos pesados, a mente conturbada com os pesadelos, o cobertor quase sempre embolado em sua cabeça e com a forte sensação de carregar uma montanha rochosa nas costas. Ela sabia quem era, onde estava, e porque sentia tudo aquilo, mas os fantasmas do passado, o espinho da carne, não a deixavam em paz.
— Você é Astra, uma Romanov-Goldmeberg, herdeira do trono do Norte. Tem vinte e um anos, nasceu em Gangardia, ama sorvete de morango com gotas de chocolate. É inimiga da ignorância, prefere ser taxada de lenta a deixar que a vejam maior que todos os outros e é a primeira da linhagem de Craig e Miranda, Suas Majestades, o rei e a rainha do Norte. E a primeira dos cinco filhos do casal — disse ela a si mesma, enquanto seus olhos voltavam a se fechar, desejando só mais cinco minutos de sono.
A maçaneta da porta girou, e Nala adentrou firmemente no quarto abrindo as cortinas enquanto observava concentrada em seus afazeres a princesa deitada em sua cama.
— Vamos Alteza, o dia é muito longo e necessita de sua presença — disse Nala, sua dama de companhia. Com toda certeza, ela estava incrivelmente pronta para o tradicional evento. — Astra, por favor — pediu ela, com uma leveza de impaciência em sua voz. Astra suspirou em resposta e abaixou as cobertas até revelar seu busto.
O vento frio que circulava pelos corredores do palácio faziam os pelos do corpo de qualquer pessoa eriçar. O que com certeza, deveria deixar a princesa feliz.
— Sou a pessoa que menos deseja estar...
— Francamente! — exclamou ela, sem dar a mínima importância para o que Astra começava a dizer, ou melhor, inventava para continuar na cama. — Uma mulher adulta com ideias brilhantes, resmungando besteiras a essa hora da manhã? — Indagou ela irritada, se voltando para a jovem. — E saiba que posso falar disso com convicção, porque conheço a amiga que eu tenho.
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Série A Terra Nórdica- A Herdeira ( Em Revisão)
Ficción GeneralEm um mundo dividido por reinos, os herdeiros são tão valiosos quanto podemos calcular. A cada debute, um(a) jovem é vista como um precioso prêmio, e o mais elaborado e avantajado competidor é quem leva o prêmio. No tão suntuoso festival de primave...