Uma Adolescente Suicida {Concluído}

18

—Oi Claire — Austin me cumprimenta ao me ver entrar na sala de aula

—Oi Austin, como vai?

—Estou melhor agora com sua companhia — Eu sorrio e balanço a cabeça em negação

—Você não tem jeito — Digo sorrindo

O sinal toca e os alunos vão entrando na sala, logo em seguida, a professora de saúde aparece

—Bom dia turma! Hoje nós iremos falar mais sobre o corpo humano, quais benefícios ele nos trás? E quais malefícios? — Ela continua falando, e falando...

Depois de três aulas chatas, finalmente chega o intervalo

—A professora de saúde é bem legal — Austin diz e eu faço careta

—Como assim você acha ela legal? Que história é essa?

—Calma, eu só a acho uma boa professora, não precisa ter ciúmes

—Não estou com ciúmes, só imaginei que você pensasse da mesma forma que eu — Eu cruzo os braços fazendo bico e ele sorri como se estivesse pensando em algo, logo ficando vermelho

—No que você está pensando?

—Nada — Diz ficando mais vermelho ainda

—É que você está muito vermelho

—Estava pensando no quanto você é linda fazendo bico, na verdade, você é linda de qualquer maneira, até mesmo quando acorda pela manhã — Eu cubro o rosto com vergonha

Do nada, Valentina aparece e desfere um tapa no rosto de Austin

Ele passa a mão no local

—Você é louca? — Eu pergunto enfurecida

—VOCÊ ME TRAIU AUSTIN, ME TRAIU COM ESSA VADIA! — Ela grita apontando o dedo pra mim

—Do que você me chamou? — Eu pergunto debochada

—De vadia, é exatamente isso que você é — Ela diz e eu dou um tapa em seu rosto

—Em primeiro lugar, vocês não eram nada para ele ter te "traído", em segundo lugar, você que é a vadia da história, porque EU te defendi e você me apunhalou pelas costas, enquanto eu estava hospitalizada, você foi até a casa do Austin e enfiou a língua na garganta dele e — Eu puxo seu cabelo e aproximo nossos rostos — nunca me chame de vadia — Digo por fim e a jogo no chão, passo pela multidão que se formou ao nosso redor e vou para o banheiro

Após o que acabou de acontecer, sinto meu mundo desmoronar aos poucos, eu não me importo com o que Valentina pensa ao meu respeito, porém, o que ela disse me magoou de tal forma, que não consigo medir com palavras

Ninguém mede esforços para me magoar, essa é a verdade

Estava tão atordoada, que nem havia percebido cacos de vidro espalhados pelo chão no pé da janela, o que dá a entender, é que alguém quebrou a janela pelo lado de fora, já que os cacos estão aqui dentro

Isso é uma oportunidade batendo a porta, subindo na pia, atravesso a janela e começo a andar em direção a um lugar onde as estrelas brilham mais intensamente, de acordo com meu pai

Não sei se é verdade, mas pretendo descobrir

Ando por bastante tempo, até que chego ao vasto campo

Estou determinada a ficar aqui até o anoitecer
Quero olhar as estrelas, quero sentir a mesma sensação que meu pai sentiu há 16 anos

Quero ouvir as estrelas rirem, como dizia no livro O Pequeno Príncipe

Quero poder me sentir bem ao menos por alguns instantes, sem que nada e nem ninguém me interrompa

Vou contemplar o vazio, vou deixar a escuridão me sucumbir, como se fosse a última vez

Me deito na grama
Horas se passaram
Estrelas começam a surgir no imenso céu azul

Elas brilhavam, brilhavam como nunca havia visto antes

Como um ato solene, decidi batizar esse lugar como "O lugar das estrelas brilhantes"

Pode parecer algo tosco, mas gostei de fazer isso
Gostei de sentir as estrelas sobre mim
Gostei de ouvi-las rindo para mim