O trago

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Tenho pouco tempo
então me atento
na corrente fumaçante
naquele pensamento gritante
e como a cada dia busco a calmaria
nisso é que abafo a gritaria

E foi um lucky strike
te acertar em cheio
quando em chamas, tu veio
e foi sumindo em minha boca
fazendo-se cinzas
numa cor avermelhada ou laranja.

Eu preso no ônibus
sem poder te ter em mãos
e por ti ter que ouvir sermão
mesmo eu, aqui, agindo pela razão
"é ruim, e faz mal"
agora você decide ser cordial?
agora você decide reparar o teu ato mau?

Porque é tarde
agora que o sol se pôs
e a noite chegou
não, não há alegria pela manhã
e meu sistema explode em ondas
ondas cerebrais tão grandes
que qualquer surfista adoraria.

As tubulações de pensamentos
estouram ao entrar em contato com meu mar
meu mar de risos
e teus mares de choros
onde é normal sentir-se culpado
afinal, é tudo assim, tão errado?

A crítica me tirou daí
e vai te tirar também
vai te levar depois, bem além
não digo só de religião
te digo em fato de elevação
porque eu me elevei
quando minha bagagem daí retirei.

O sabor de menta e hortelã
fez minha mente ficar sã
coisa que prometeram-me aí
coisa que eu nunca senti
exceto por esse momento
por isso eu digo, fique atento
logo você também se encontrará ao relento.

As luzes verdes, roxas azuis e laranjas
me trazem esperança
mesmo sendo passageiras
afinal, a vida ela se assemelha
e eu sujo o chão
com minha percepção
que todo o meu tempo em tí
foi em vão.

Não conseguiram doutrinar-me
e por isso desgraçaram-me
quando decidi largar
quando decidi a vida, amar
o resto, o após
é tudo lucro, pois aqui estais a sós
então acorda de tua corda
e te desata desses nós.

Que tanto te prendem.

Lucas Galvão

16/08/2018

Os poemas cabem em meu coraçãoWhere stories live. Discover now