two

209 38 27
                                    

Era uma noite de sexta e Lisa recostou-se no assento almofadado do bar. Rose estava sentada à sua frente, os dedos ao redor de uma garrafa de cerveja. As minúsculas bolhas de sua bebida iam devagar para a superfície antes de desaparecer. Era possível ver, no canto do estabelecimento, seu vizinho james com um violão, cantando suavemente uma música que Lisa lembrava ter ouvido em algum lugar. Havia bastante pessoas no bar essa noite, a maioria delas conversando perto do balcão. Dois homens mais velhos estavam jogando dardos, o barulho dos dardos atingindo o alvo parecia seguir o ritmo da música. A parede ao redor do alvo estava marcada com centenas de pequenos buracos, pareciam buracos de cupins. Era um bar velho que já tinha vivenciado múltiplos tornados durante os anos. Lisa se perguntava como o lugar ainda estava de pé.

"Eu só não sei o que fazer, Lisa.", Rose disse, tomando um grande gole da sua cerveja. "A viagem da Uni até esse buraco todo final de semana é uma merda, mas quando eu estou aqui eu não quero ir embora. Meu pai contínua me dizendo que eu poderia trabalhar na fazenda, mas eu não sei. Eu amo esse lugar e eu amo a fazenda, mas eu não sei se eu conseguiria desistir da faculdade."

"Eu acho que você não deveria.", Lisa deu de ombros, bebendo sua cerveja. Ela limpou a garganta quando Rose lhe lançou um olhar questionador. "Quando nós éramos crianças, tudo que nós queríamos era sair daqui. Você teve a sua chance e é melhor não desperdiçar essa porra."

"Mas e você?"

"E eu o que?"

"Você não pode continuar trabalhando na lanchonete pelo resto da vida e você sabe disso. Se eu consegui entrar na faculdade, então você também consegue. Ou só vá assistir algumas aulas na universidade do norte do estado, você ainda é jovem.", Rose sugeriu.

"Estudar não é pra mim, Ro, você sabe disso. Tenho um emprego e eu não posso deixar o meu pai aqui. Ele está envelhecendo e sem mim por perto, tudo iria parar na bosta.", Lisa explicou, bebendo o resto da cerveja.

Rose abriu a boca para protestar, mas Lisa falou antes. "Vou pegar mais uma. Você também quer?"

Ela nem esperou por uma resposta, apenas se levantou. Tinham algumas pessoas sentadas perto do balcão, Lisa se meteu entre elas e se acomodou em um banco vazio, batendo os dedos na madeira antiga. Seus olhos avaliaram as garrafas alinhadas na estante posicionada contra a parede.

"Eu gostaria de-"

"Eu quero um-"

Lisa olhou para o lado, encontrando os olhos castanho escuro da moça do cabelo liso.

"Desculpe", a moça disse, girando o pingente de seu colar. "Vá em frente."

Lisa agradeceu e voltou sua atenção para Mark, o atendente e um dos amigos de seu pai. "Duas cervejas, por favor. Rose está na cidade, então traga as mais geladas."

Mark assentiu e olhou para o outro. "É você?"

"Uísque.", a moça se posicionou de lado com o quadril apoiado no balcão, e encarou Lisa. "Nos encontramos de novo, que coincidência.", ela disse, com um sorriso brincando nos lábios. Seus óculos verdes neon estavam no topo de sua cabeça, misturados com seu cabelo bagunçado.

"Não é uma grande coincidência, essa cidade é do tamanho de uma caixa de sapatos.", Lisa disse.

"Bem, parece que você tem um ponto.", ela riu, esticando a mão. "Meu nome é Jennie. Eu peço desculpas por aquela noite na lanchonete, eu estava cansada da viagem."

"Tudo bem.", Lisa disse, o cumprimentando. "Eu sou a Lisa.", ela apoiou os cotovelos no balcão, descansado o queixo sobre as juntas dos dedos. "Você não é de nenhuma cidade perto daqui, não é?"

Jennie sorriu. "É tão fácil ver isso?"

Lisa deu de ombros. "Você não sai por aí dirigindo um caminhão assobiando Johnny Cash, então sim, você é diferente."

"Na verdade eu gosto de Johnny Cash." Jennie disse, agradecendo Mark quando o homem pôs o uísque a sua frente.

"Todo mundo gosta." Lisa riu, tomando um gole da sua cerveja. "Foi um prazer te conhecer. Se você não se importa, eu preciso levar a cerveja para a minha amiga. Se eu demorar mais trinta segundos, ela vai quebrar alguma coisa."

Jennie olhou por cima do ombro de Lisa, tentando enxergar Rose. "Eu pagaria para ver isso."

"Só se você pagar pelo estrago também." Lisa disse, pegando as bebidas. "Te vejo por ai, Lisa. Ou não, já que ninguém fica aqui por muito tempo."

Ela sentiu o olhar da outra em suas costas mas não olhou para trás. Ela colocou as garrafas na mesa e sentou -se novamente.

"Te vi conversado com a moça nova.", Rose disse, lambendo o lábio superior para tirar a espuma branca da cerveja.

"Sim, o nome dela é Jennie. Ela foi na lanchonete há alguns dias atrás quando chegou na cidade."

"Eu ouvi umas merdas sobre ela. Melhor não se meter com essa mulher, Li."

Lisa franziu o cenho levemente.
"Sobre o que você tá falando? Não é porque todo mundo nessa cidade ajuda as velhas a atravessarem a rua que todos que vem aqui deveriam fazer o mesmo."

"Não é disso que eu estou falando. Você conhece essa cidade, Lisa; ninguém vem aqui para ficar. O motel do Randy só continua aberto porque ele é muito bom no poker e consegue ganhar algum dinheiro com isso. Se ela ficou por mais de duas noites então eu não quero saber o porquê." Rose disse sem se atrever a olhar para onde Jennie estava sentada.

"Eu acho que você está sendo dramática e meio paranóica."

"E eu acho que você está pensando com a cabeça de baixo. Olhe pra ela, Lisa. Ela pode ser qualquer coisa menos uma boa moça."

"Apenas beba essa cerveja e me conte sobre aquela vadia que você pegou e está secretamente apaixonada.", Lisa sorriu, mudando de assunto antes que Rose começasse a falar mais alto do que antes
.

"O que?! Eu não estou apaixonada por ela.", Rose murmurou, colocando a garrafa firmemente na mesa que soltou um rangido como se pudesse quebrar a qualquer momento.

Lisa riu fracamente e escutou sua amiga falar, o tempo todo mantendo o olhar em Jennie, que estava sentada próxima ao balcão assistido o noticiário.

continua...

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 28, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

...Onde histórias criam vida. Descubra agora