Lágrima de Preto

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Desde o começo
Chamados de galinhas
E tratados como tal
Desde cedo
Postos a rinha
E alimentados igual animal

Em terreno de algema
Essencia de negro não some
"Porto de galinhas" "porto de escravos"
Já entendeu o nome?

Algema no pulso
Coração pulsando
Algema aberta
Liberdade cantando
Branco revoltado
Negro animando
Branco agredindo
Negro revidando

Se o preconceito acabou
Porque negro continua julgado?
Se acabou, mano
Porque negro é atacado?

No gueto, no beco, no rego, desapêgo
Sem aconchego, só tendo medo
Temendo o dia de amanhã
Com a mente sã
Altas horas da madrugada
Sirene tocou
Policia abordou
Pley pley já morreu mais um na quebrada

Sou branco, sou preto
Sou eficaz
Estou no lugar de fala do gueto
Já que o gueto não tem mais paz
Eles até gritaram muito
Até não terem voz mais
Carta exclusiva do baralho
Não trate o negro igual bobo da corte
Se ele veio para ser o ás

E na real
Se coloquem no seu lugar
Pele é pele
Negro é negro
Branco é branco
Oque não pode, é criticar

E na carta de euforria
O preconceito não acabou
Na carta de euforria
A segunda parte do preconceito
Começou

A lei áurea
Proibiu a escravidão
Mas não garantiu a liberdade
E nos tempos da maldade
Não havia espaço para animação

E a água do mar é salgada
O porque disso, ninguém realmente explicou
Trazidos em barcos
Na parte de baixo
A lágrima do negro
O mar salgou
O tempero da água
Foi lágrima
Que temperou

Que garantiu esse gosto salgado
Então, quando engolir água do mar
Pare para pensar
Que está engolindo um pedaço do passado.

Enquanto muitos brancos derramaram lágrimas de crocodilo
Pelos negros que foram mortos
Eu prefiro as lágrimas dos pretos
Que represantam os que ainda estão vivos.

-Jvso12

Poesias de um garotoOnde histórias criam vida. Descubra agora