Pouco Tempo depois, uma leveza se pôs sobre mim, senti todo meu cansaço se esvaindo de repente, meus olhos relutantes começaram a se abrir enquanto eu os esfregava desajeitadamente, fiquei ligeiramente assombrado ao perceber que o lugar onde eu me encontrava não me era familiar, resolvi me assentar para me localizar melhor, deslizando minhas pernas lentamente através do colchão. Coloquei os pés sobre um chão áspero, que mesmo sendo aprazível, não parecia com nada que eu já havia pisado antes. Comecei a observar que uma névoa fria e úmida cobria todo o meu entorno e me impossibilitava de ver qualquer coisa que estivesse em minha frente, comecei a forçar minha visão para tentar enxergar algo além de minha cama, em resposta à tal atitude apatetada, meus olhos lacrimejaram perante aquela espessa fumaça branca que refletia uma luz clara e constante que vinha do alto.
Depois da falha atitude de me localizar, levantei - me, e dei alguns curtos passos à frente da minha cama, virando me, percebi que estranhamente, ela estava arrumada, como se alguém nunca houvesse se reclinado sobre ela antes. Comecei a ficar aflito e assustado, pois a névoa ficava cada vez mais intensa, de forma que eu não mais conseguia enxergar minhas mãos esticadas à minha frente, então me coloquei a gritar. -
Alguém por favor, me ajude... tem alguém aqui? Onde eu estou?.
Cada vez mais ofegante, a atmosfera parecia não ser recíproca à facilidade com que o ar tinha de sair dos meus pulmões. Já desesperado, e certo de que ninguém estava perto, achei que alí mesmo eu perderia meus sentidos e cairia morto, mas num último reflexo de desespero, reuni todo meu fôlego e exclamei um breve e forte, "Chega!". No mesmo instante, toda névoa começou a dissipar-se, senti minha respiração se normalizando, enquanto tudo ficava nítido e mais visível aos meus olhos. um alívio penetrou no mais profundo da minha alma, de forma que caí de joelhos e com a cabeça abaixada, coloquei as mãos no chão, como se pudesse recuperar as energias que toda aquela situação embaraçosa havia me levado. enquanto ainda estava naquela posição, um forte vento começou a soprar, um alívio se sobrepôs em mim, pois à medida que o ar corria, todo o meu suor começou a evaporar, deixando um frescor prazeroso. me dei a chance de levantar-me, e à medida que fui me levantando, comecei a observar o lugar onde eu me encontrava. Um grande campo verdejante, e um grande precipício que o cercava. Virando me, percebi que o chão que eu havia pisado, era, na verdade, um piso semelhante à seixos, que formavam um estreito e longo caminho. comecei a seguir tal caminho com meus olhos, como se estivesse examinando-o para ter certeza de que eu poderia passar sobre ele em segurança, então vi que a pequena estrada de pedra se elevava sobre um montículo, terminando em frente à uma construção arredondada, que, de longe parecia pairar no ar. Um rápido pensamento vagou por minha mente, "parece até um ovni", mas dada a circunstância, me obriguei a manter o foco na exploração visual do lugar, que mesmo sendo desconhecido, me dava uma sensação de liberdade. Minha cabeça era a única que reagia à minha curiosidade, movendo-se em todas as direções, e investigando todo aquele cenário, procurando entender como eu poderia ter chegado à tal lugar que eu nunca havia visto antes.
Enquanto eu estava atento à tal paisagem, ouvi um barulho vindo ao meu lado direito, algo semelhante à passadas, rápidas e velozes, que se aproximavam de mim. Me virei rapidamente para o lado, e fiquei admirado ao ver que um animal pequeno e branco vinha correndo com graciosidade, e à medida que ficava mais próximo, constatei ser uma linda ovelha, que, vindo em minha direção, sem nenhuma demonstração de medo, fez com que eu me desviasse dela, dando espaço para que tal animal passasse por mim, e, seguisse o caminho de pedras rumo à tal construção de formato incomum.
De alguma forma, o animal me fez criar coragem de segui - lo, me peguei dando rápidos e ligeiros passos sobre a estradinha, que assim como um rio, serpenteava sobre aquele grande tapete verde com contrastes amarronzados, à medida que a estrada subia o pequeno morro, comecei a experimentar uma nova falta de ar, mas dessa vez, proveniente da minha falha rotina de atividades físicas, mas, mesmo assim não me deixei desanimar, mesmo já tendo perdido a pequena ovelha de vista. Fui subindo, até que finalmente cheguei em frente à uma grande porta, que se destacava por ser a única madeira aparente, em meio à tamanhas janelas de vidro transparentes que se erguiam do chão até a extremidade do teto, e que consequentemente, me possibilitou de ver que nada havia dentro da construção. Enquanto observava com uma nítida curiosidade, senti uma vibração no chão, que vinham de possíveis novas passadas, mas dessa vez, me parecia vindas de um humano. Enquanto eu tentava me recompor, vi que a porta começara a ser destrancada, e logo após, um repentino silêncio tomou conta daquela situação, mas alguns segundos depois (que mais pareciam horas) a porta se abriu, e a pequena ovelha que eu vira anteriormente, saiu por detrás dela e passou por mim, indo pastar em frente à uma das grandes janela de vidro. Virando me novamente para a porta, vi uma figura masculina em minha frente, usando uma camisa e bermuda pretas e calçando chinelos, sorrindo e com uma feição nitidamente surpresa.
- Eric? que bom que está aqui!.
- me desculpe te incomodar, estou perdido. - exclamei eu. - espera, como você sabe meu nome?
- como assim? eu te conheço desde que você nasceu! estava te esperando. disse ele sorrindo novamente.
Após a afirmação do homem de que me conhecia desde o meu nascimento, reparei bem no seu rosto, um pequeno cavanhaque se destacava em sua pele morena, sua grossa sobrancelha e o cabelo escuro, que pelo vento balançava, fazia contraste com seu singelo sorriso. e toda essa observação me levou a perceber que tal homem, na verdade, não passava de um jovem garoto, assim como eu. Antes mesmo de dizer uma única palavra, ele se pôs à afirmar..
Sou johnny, eu sei que você deve estar confuso, afinal, nada disso faz sentido pra você. - disse ele enquanto se colocava agachado, para pegar a pequena ovelha em seu colo, e ao se levantar, olhou fixamente para mim. - Mas venha comigo, temos pouco tempo, e muita coisa para conversar. - expressou ele, abrindo um pouco mais a porta para que eu pudesse passar sem precisar me desviar.
Antes mesmo de cogitar a minha entrada naquele lugar, o adverti.
- Acho que você está me confundindo, não faço ideia de quem é você.
- Com toda certeza você não sabe quem sou, mas se entrar, podemos nos conhecer melhor, o que acha? - disse ele.
Mesmo achando tudo aquilo estranho, e não tendo o costume de confiar em desconhecidos, decidi ceder à tal proposta. Afinal, ele era a única pessoa que eu vira à horas, e talvez o único que podia me ajudar a entender onde eu me encontrava. Quando comecei a caminhar para dentro daquele recinto, Johnny, com um dos braços esticados, me diz.
Seja bem vindo a minha casa!
Dando um sorriso sutil, me pus a entrar naquele lugar, dei alguns passos enquanto o moço começava a empurrar aquela porta robusta, com certa dificuldade, até fecha - la. Logo após, se virou para mim, e pediu que eu o seguisse em um curto corredor de intensa cor preta. Consentindo, o segui. A medida que eu caminhava, um crescente peso em minhas costas ia se tornando nítido , de forma que a cada passo, mais intenso se tornava, fazendo-me chegar ao ponto de ter que apoiar minhas mãos na parede. Mesmo com essa repentina dificuldade, resolvi que não iria importunar o rapaz que humildemente me convidou para entrar em sua casa, pois julguei ser apenas mais um mal-estar derivado do meu sedentarismo, e que logo passaria. Mas em certo momento, não aguentei tamanha sensação ruim, e me peguei caindo novamente de joelhos, da mesma forma que caíra anteriormente. Ao ouvir o som do impacto do meu joelho ao chão, Johnny se virou para mim, e me estendeu as duas mãos, convidando a me levantar, como se já previsse que eu fosse desmoronar daquela forma.
- Nem sempre precisamos passar por dificuldades sozinhos, eu estou aqui, vamos, pegue minha mão e erga a cabeça. - ordenou ele, de uma forma suave porém firme.
Com muita dificuldade consegui me levantar e caminhar o restante do corredor junto ao moço, que me serviu de apoio. Naquela situação percebi que nada daquilo era algo normal, não pelo fato de estar em um lugar como aquele, mas por ter experimentado tantos sentimentos radicais e opostos de forma tão intensa, e com intervalos de alguns poucos minutos. Chegando no fim daquele corredor escuro percebi que havíamos chegado em um grande salão oval. Ao entrar nesse lugar, uma luz clara e forte reluziu sobre nós, e Johnny, como se novamente previsse o que ia acontecer, me permitiu de me recompor, soltando suas mãos das minhas, e deixando-me recuperar as energias novamente.
Logo depois, vi o rapaz indo em direção à duas grandes poltronas que estavam postas uma ao lado da outra, bem no meio do grande salão, e se assentando em uma delas, fez um sinal com a cabeça para eu ir me assentar também. Comecei a dar passos mais firmes, e enquanto andava, observei que todas as paredes eram de vidro, e que algumas janelas estavam ocultas por cortinas de cor escura. Vi que a luz principal vinha de um grande lustre de cristais, que ficava acima das duas poltronas. Ao aproximar-me lentamente dos dois assentos, me acomodei na poltrona à esquerda, E me assentei. Johnny novamente percebeu que a confusão mental ainda era nítida em meu semblante, e que mesmo com os olhos abertos, eu não olhava para nenhum ponto específico, de fato, meus pensamentos estavam tão caóticos, que eu só tentava entender onde eu me encontrava, e novamente, como eu havia chegado ali. Tamanho caos não me permitia de simplesmente, focar minha visão em algo. passados alguns minutos, ouvi um suave respirar, ao meu lado.
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Redenção
القصة القصيرةEric se vê em problemas familiares, e em crise com amigos, tudo porque se pôs a viver dentro de um mundo superficial onde sua vida social não passa de aplicativos de smartphone, mesmo com conselhos paternos, não houve nenhuma tentativa de mudança, p...