Eu não sei mais onde estou
Por qual porta entrei
Eu me perdi
Me esqueci
Essa poeira toda me apagou
Meu bom senso definhouO chão sumiu sob os meus pés
E a fornalha engoliu
Os poucos momentos de lucidez
Que podia usufruir
Parece que foi corroendo
Lavando com ácido
Me comendo
Como um verme imundo
Que nunca deixou de serEu que tanto acreditei
Eu tinha uma certeza apenas
Que sustentava todo o resto
Mas o erro foi meu
De não lembrar que era só mais um
Qualquer nesse inferno
E quão presunçosa fui
De não te julgar também um demônioMas ora essa, você também sofreu!
É o que dizem pra mim
Mas eu?
Ah
Eu sou só a ciumenta
Mulher doida
Largada
Ninguém diz o quanto eu falo
Pra cuidar do que você me ajudou a criar
Ninguém diz o que eu perdi
Pra poder te dar
Ninguém abre a boca
Pra apontar
O sonho que abandonei
Da vida que deixei
Das vontades que esmaguei
Da família que eu perdi
Dos amores que eu sequei
Dos clamores que eu gritei a DeusAh ninguém vai dizer
Eu sou só eu
E eu não sou nada
Em frente a sua história pesarosaPor mais que
tenha sido a minha pessoa
A brigar de verdade
Por tudo e por todos
O golpe foi certeiro em mim
E bem sinceramente
Eu tô louca pra ver esse fimSei que um bando de babacas
Que hoje me rebaixam
Vão olhar no meu futuro
Pra dizer que fui guerreira
Que era orgulho correndo
pela minha veiaE você?
Ah
É pai né.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Deserto De Estrelas
PoetryLivro de poesia para desocupados querendo saber da dor alheia. Proibido para pessoas hidrossolúveis. Contém álcool.