primeiro amor

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Tudo dói 

Tudo mata 

Tudo corrói 


É uma incerteza

Insegura complacência 

É tudo inevitável quando a gente aceita

E é assustador quando não se conforma

É culpa da mudança 

Ela nos transtorna 


Como podemos adiar o inevitável?

Tentar juntar o que está estilhaçado? 

Embranquecer o papel já queimado?


Não posso transformar a rachadura em adorno

Nem fazer som de algo oco

Nem tudo é de vidro

Quebra, mas a gente derrete e vira novamente algo fino


E o que dói

Não me mata 

Me corrói


A dúvida não bate

A dúvida queima

Na boca do estômago 

Bem no fundo do ego


Não existe saída quando se desiste 

Não existe resposta quando não há pergunta 

E não há amor que perdure sobre o descaso


E não 

Eu não perdôo 

Não perdôo nem uma gota do seu oceano

Não faço questão

Eu deixo martelar

Ate que meu incomodo me de enjôo 

E eu simplesmente engula 

Junto com um anti acido 

O que eu sinto por você 


Aos poucos 

Eu resisto a resistência 

À toda resiliência 

Que me fazem querer te amar 

Por que eu sei 

Eu nego isso como um ateu nega a cruz

Nego isso por que me mata a alma 

Mas eu sei

Que mesmo sem você 

Meu mundo vai continuar a girar


Aos poucos 

Bem lentamente 

Eu aceito sua desistência 

Eu colo meus papéis queimados 

Limpo e grudo meus estilhaçados 

E toda torta 

Cheia de lacunas e espaços 

Mesmo com o âmago em pedaços 

E a alma já rachada

Eu me viro 


Por que no final das contas 

Foi isso que eu tenho feito

mesmo antes de você


E agora eu vejo

o que achava ter concertado 

Só ficou mais retorcido 

E o que você tocou 

So sobrou a borra do lixo

Pra eu recolher de volta em mim

E eu que estava achando 

Que havia me transformado

Quando só estava me deformando

Mas eu só fui perceber 

Quando você já tinha me triturado. 

Deserto De EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora