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    Seulgi nunca tinha me levado a lugar nenhum de moto, por isso paralizei na porta de casa quando vi seu corpo descansando sobre o veículo de duas rodas, totalmente à vontade.

- Como fez pra sair a essa hora com a moto?

    Ela apenas sorriu e piscou. Meu coração estava em frenesi dentro da caixa torácica.

- Eu conheço essa camiseta, não conheço? – indagou, varrendo meu corpo com o olhar. Corei.

- Você esqueceu ela aqui uns meses atrás e esqueci de devolver.

    "Mentirosa. Você não quis devolver". Bom, pelo menos parte de minha mente ainda tinha um pouco de sensatez.

- Hum. Aqui. – ela me alcançou um capacete e colocando-o, fiz meu melhor para subir. – Bom. Segure firme.

    Então ligou a moto. E eu me perguntei se eu realmente estava segurando a cintura de Seulgi o mais apertado que conseguia. Se realmente tinha minhas coxas ao redor das suas.

    Caramba, eu não estava ficando maluca. Aquilo definitivamente estava acontacendo. Afastei meus pensamentos e perguntei:

- Para onde vamos?

- Aqui e agora ou num geral, na vida, como humanidade?

- SEULGI!

    Seu tronco chacoalhou um pouco com a risada, e ela fez uma curva.

- Não sei. Aonde você quer ir?

- Quer dizer que estamos dando voltas aleatoriamente pela cidade?

- Pode ser.

- Vamos para a praça, então.

- Está bem.

    Alguns minutos depois estacionamos no lugar tão conhecido. Desci da moto, tirando o capacete e correndo até a árvore de costume, sem esperar Seulgi. Sentei sobre a grama levemente úmida e a observei abrir o compartimento sob o banco de couro. Ela tirou uma sacola de papel e se juntou a mim.

- Trouxe pizza. – comentou. Assenti e revirei a sacola, tirando de lá o pote. Cheirava muito bem, como sempre.

- Eu as cartas.

    Após um momento de confusão, ela me encarou.

- Meu aniversário ainda não chegou.

- Sei disso. Um segundo. – tirei os envelopes da minha bolsa, lhe entregando um.

- Wendy, esse não é meu envelope.

- Abra.

- Mas...

- Só abra e leia. – insisti. Mal conseguia regularizar minha respiração.

    Ela fez o que pedi, surpresa no início. Porém, conforme avançava na leitura, um sorriso surgia em sua expressão.

    Eu tinha deixado naquele papel tudo que guardara por muito tempo, mas o que martelava em minha mente até agora era aquele pedido. Tão prometedor como perigoso.

- Você está com a carta original?

- O quê?

     Depois de tudo que leu, ela só conseguia pensar em dizer isso.

- A carta que eu escrevi para mim.

- Sim, está aqui. Mas...

- Por favor, leia.

    Peguei o envelope que tinha deixado na minha bolsa pelas dúvidas, e abri. Meu olhar parou sobre uma frase em específico: "...e espero sinceramente que a essa altura já tenha resolvido os assuntos pendentes quanto a nossos sentimentos por Seungwan, Seulgi de dezoito anos. E afogado ela em beijos".

Congelei.

- Você...

- Sim. Eu também estou apaixonada por você há anos.

- Deus. Mas e Jaebeom?

- Ele era uma tentativa de...

- Superar. – completei. – Entendo.

- Mas quer falar sobre Jaebeom ou me beijar, namorada?

- Você nem aceitou. – retruquei.

- Acabei de aceitar, Wendy. Agora é sério: me beija.

    Obedeci.

sleepover - seuldy/wenseulOnde histórias criam vida. Descubra agora