Guardian of Wolves

Bem vindo ao Inferno

A chuva batia forte do lado de fora da minha janela , enquanto eu passava os dedos pela xícara que eu segurava com força entre as mãos. Um raio fez todo meu quarto se iluminar , e uma figura humana estava do lado de fora do meu quarto. Meu corpo foi para trás com o susto e tudo ficou escuro novamente. Levantei rápido e corri para mais perto da janela. Minha respiração rápida e ofegante e meu coração acelerado, um segundo raio surgiu e aquela figura havia desaparecido completamente.
Eu estava completamente sozinha naquele quarto grande e escuro. Olhei ao redor e a sensação de que aquela coisa ou seja lá o que fosse não teria ido para muito longe . Dei mais uma olhada pra trás e fechei a cortina do quarto.
Deitei na cama , rolei de um lado pro outro procurando uma melhor posição para dormir. Esses últimos meses eu não sabia o que era dormir. E quando conseguia dormir não queria acordar. Parecia um inferno , todo dia eu vivia como se tivesse no Control C Control V.
Levantei e fui ao banheiro. Observei minhas enormes olheiras , mexi no cabelo de um lado pro outro. O relógio marcava as três da manha. Encostei na pia sentia meus ombros pesados. Amanha era meu primeiro dia na faculdade nova. Havia sido transferida depois do incidente que havia acontecido na faculdade anterior. Meu corpo suplicava por um noite de sono. Mas minha mente não parava quieta. Me arrastei de volta para minha cama afim de me fazer dormir. Fiquei parada por alguns segundos e tudo que eu ouvia era a chuva forte do lado de fora.
Meus olhos foram pesando , e cada vez mais pesados. Até que consegui adormecer.

Acordei com meu celular tocando uma música irritante e alta.  Eu precisava me vestir. Revirei os olhos e fiz um certo e grande esforço para levantar.
Eu disse que levantar era difícil.
Meu corpo estava ainda mais pesado de quando fui dormir . Para meu primeiro dia, as garotas normais arrumam suas roupas no dia anterior, estão sempre animadas para as amigas que vão conhecer ou os Garotos que vão paquerar. No meu caso eu não estava interessada em nenhum dos dois . Queria passar o restante dos anos que me resta para me formar invisível.
Vesti uma calça jeans e um moleton vermelho. Calcei meu AllStar e prendi meu cabelo num rabo de cavalo. Não estava frio. Estávamos no meio do outono. O tempo era agradável. A não ser quando chovia. Esses eram os piores dias.
Desci do meu quarto e dei uma boa olhada na cozinha . Muitas vezes , ainda tinha a esperança de que quando descesse encontrasse meus pais na cozinha . Como costumava ser. Suspirei fundo , coloquei meus fones de ouvido e sai.
Estava tocando Mad World nos meus fones de ouvido quando caminhava a pé até a faculdade. Não era perto. Porém andar me fazia pensar. Pensar na vida que eu costumava ter . Nos amigos e tudo que costumava ser. Essa palavra me fazia estremecer. Porque não fazia muito tempo que minha vida havia mudado tanto.
Havia me mudado para a pequena cidade de Daegu na Coreia do sul. Mudado de nome e vivendo como se fosse outra pessoa.
Apressei meu passo estava atrasada. Talvez ir caminhando não tivesse sido uma boa ideia.
Cheguei na frente da faculdade e dei uma boa olhada. Bem vinda ao inferno que vai ser meus próximos três anos. A faculdade tinha sua estrutura antiga. Parecia aqueles castelos velhos e antigos que lemos em livros. A própria entrada era assustadora. Respirei fundo e entrei.
Havia recebido minhas aulas via e-mail alguns dias atrás então estava a procura da minha sala. A faculdade por dentro parecia ainda mais assustadora do que por fora. Algumas coisas estavam vazando água e outras pareciam continuar sendo remendadas. Assim que entrei já dei de cara com alguns alunos. Muitos deles estavam nas suas rodinhas de amigos . Tinha tudo que sempre tem em faculdades. As meninas lindas e populares. Os garotos altos com suas jaquetas de Futebol. Alguns viraram o rosto enquanto eu tentava passar. Evitei contato visual com a maioria das pessoas que passavam por mim e me encaravam.  -Eu só preciso chegar na sala. - continuava sussurrando pra mim mesma. Sentia meu peito se apertar. E se me reconhecem? Eu continuava a apressar o passo.
Minha sala era a última do corredor do lado direito. Entrei e sentei na última cadeira jogando os cabelos que antes costumavam ser loiros. Agora totalmente negros para frente. Respirei aliviada que consegui chegar inteira na sala. Minha respiração estava desregulada e meu peito explodia em desespero. Fazia tempo que tinha tido contato com várias pessoas ao mesmo tempo. Para um primeiro dia. Eu estava indo bem.
A aula iria começar em breve as pessoas começaram a se acumular na sala. Todos em sua rodinha. Sorrindo como sempre . As pessoas sempre estavam sorrindo. Encarei minhas próprias mãos . Eu sabia que o erro estava em mim.
- você é aluna nova? - uma menina de cabelos loiros virou pra mim com um sorriso fofo no rosto. Eu diz que sim na cabeça.
- Meu nome é Yves. qual seu? - ela falou estendendo a mão.
- Olívia. - respondi e segurei na mão dela.
A professora entrou na sala e ela logo se virou pra frente. Peguei meus cadernos e comecei anotar coisas aleatórias para não ter que falar com ninguém.
A aula passou mais rápido do que eu esperava. Ouvi cada palavra da professora soar como uma música em outro idioma. Era interessante, e eu queria entender um pouco mais. Em todos esse meses algo me prendeu a atenção. Estava separando meus livros pois a próxima aula iria começar quando a professora olhou em minha direção. Eu congelei completamente.
- Atrasado novamente senhor MyungSoo? - soltei meu ar devagar quando percebi que não era comigo que ela falava. Até eu olhar para meu lado e meu coração parar completamente.
Um garoto de cabelos negros e olhos profundos estava me encarando. Seus traços eram finos e marcantes. Me perdi na escuridão dos seus olhos.
-Desculpe professora - ele falou sem tirar os olhos de mim. Sua voz era grossa e arrastada. Ele voltou a sua atenção novamente para frente mais eu continuei ali . Paralisada . Engoli em seco e voltei minha atenção para frente. O sinal tocou fazendo-me acordar do meu transe. O garoto levantou-se e sumiu no meio da multidão. Pude soltar minha respiração presa no meu peito.
Eu não sabia no dia, talvez desconfiasse.. mas  aqueles olhos negros seriam minha perdição. Novamente.