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Ligamos para a mamãe para receber notícias e quem atende é David, o marido dela e, consequentimente, meu padrasto. "Muito triste o que aconteceu com a Helena", ele diz com a voz calma. Ele conta que a mamãe deve ter dormido no volante e acabou batendo o carro no poste. Mas ela teve lesões leves e em breve receberá alta. Fico um pouco mais aliviado e calmo.

— Detesto esse cara — Fê diz ao desligar a ligação.

— Por quê?

— Ele fala da situação da mamãe com a maior tranquilidade.

— Nunca gostei dele mesmo.

— Será que ele está escondendo o real estado dela pra que não ficamos preocupados?

— Agora quem precisa se acalmar é você — digo e o abraço.

No dia seguinte, recebei o abraço e carinho de Ruan que sempre me espera no portão da escola. Depois sou envolvido pelo olhar atencioso e preocupado de Rafael. Somos os três garotos mais unidos dessa escola. Quando um não está bem é dever dos outros cuidar dele. Me sinto confortável e feliz ao lado deles. O dia na escola se tornou mais legal e suportável com eles.

No fim das aulas nos sentamos nos degrais da escadaria que fica em frente à escola, onde descem e sobem vários alunos nesse horário.

— O importante é que ela está viva. E nós vamos sobrevivendo. — Digo porque estamos falando sobre o acidente.

— É verdade. Vai ficar tudo bem — diz Ruan e Rafael confirma com a cabeça.

— Obrigado.

— Tenho dúvidas do real estado de saúde da mamãe porque esse meu padrasto é mentiroso — digo.

— O que há de errado ou suspeito nele? — Rafael pergunta.

— Ele se mostra muito frio.

— Frio em relação a sua mãe, certo? — Diz Rafael.

— Isso. Ele fala dela com a maior calma e isso me irrita.

— Mas ele sempre foi assim? — Ruan pergunta.

— O casamento deles é uma merda. Acho que a mamãe só casou com ele por causa do dinheiro. Eu não a culpo, ela queria alguém que a fizesse esquecer do meu pai nem que fosse com uma vida de luxo.

Conheço Rafael e Ruan tempo o suficiente para saber que eles me ajudariam no que fosse preciso. Mas essa é uma situação em que eles não podem fazer nada além de estarem ao meu lado e isso já é importante.

Após mais um dia entediante na escola, melhorado um pouco por meus amigos, estou voltando para casa quando encontro um filhote de gatinho abandonado na rua e decidi pega-lo. Ele estava com uma das patinhas traseiras machucada. Resolvi leva-lo a uma clínica veterinária que fica ali perto onde sempre passo em frente ao voltar da escola. Chegando lá, fui atendido na recepção pelo mesmo rapaz moreno no qual me esbarrei. Desta vez ele estava bem arrumadinho, calça jeans branca, camisa e sapato sociais brancos e uma bela gravata borboleta vermelha bem ajustada.

— Olá jovem em que posso ajudar?

— Hã...encontrei esse gatinho na rua e ele está com a patinha machucada, não sei o que é.

— Vou leva-lo ao Dr.Fernando — eu entrego o gatinho a ele e me sento nas cadeiras da recepção. Ele entra em uma sala cuja placa na porta dizia "Dr.Fernando". O lugar é bem decorado com fotos e objetos de pets por todo lado. Minutos depois o atendente volta com o gatinho.

— Para seu alívio, era apenas um pequeno espinho e alguns carrapatos na patinha dele.

— Ufa! Pelo menos não será caro.

Você Me Faz Feliz [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora