Eu estou muito nervoso. Não sei o que fazer e nem tenho ideia pra onde ir com ele. Me sento na calçada da casa ao lado do PetShop e começo a mexer no celular. Logo a loja fecha e Jhonatas vem vestido em uma bermuda curta, tênis e uma regata simples com uma mochila nas costas, na qual, provavelmente, guardou o uniforme de trabalho. Ele se senta ao meu lado e pergunta para onde vamos. Não tenho uma resposta, então ele sugere a sorveteria da dona Bela, que fica aqui perto, na pracinha.
Continuo nervoso. Meu coração bate forte e minhas mãos estão frias. É capaz de eu morrer de nervosismo a qualquer momento. Se isso acontecer eu já consigo imaginar um senhor de 70 anos sentado em sua poltrona velha para ler o jornal da manhã e se deparar com a manchete "Jovem morre de nervosismo em primeiro encontro". Tenho que manter a calma, isso nem é um encontro romântico. Eu acho. No caminho, ele pergunta sobre a minha família. Digo que minha mãe sofreu um acidente recentemente, mas está bem e meu pai não sei por onde anda e que moro com meu irmão. Chegamos na sorveteria. Peço um sorvete de baunilha com cobertura de morango e Jhonatas pede um de morango com cobertura de limão. Hmm... gostamos de morango. Jhonatas paga os sorvetes.
- Bom, vamos a primeira pergunta - diz Jhonatas levando uma colher de sorvete à boca.
- Segunda - retruco sorrindo.
- Isso. Segunda pergunta - continua ele. - Quando você descobriu que faz parte do vale?
- Eu não lembro de ter falo que sou gay - sorrio nervoso.
- Mas eu sei que você é. Aliás, eu nem falei a palavra gay, você que falou. Estou certo?
- Verdade, fui pego no pulo - é o que consigo dizer.
- Meu gaydar não falha, querido! Mas conta ai, como se descobriu gay?
- Bom, nos últimos dias minha vida começou a virar de ponta cabeça por causa de um cara. Há um mês atrás eu me considerava hetero. Mas tudo virou uma confusão de sentimentos na minha cabeça e eu tentei resistir ao fato de um cara mexer comigo.
- Essa é primeira vez que isso acontece?
- Pra ser sincero, não. Mas dessa vez é mais intenso. Eu tinha dúvidas sobre a minha sexualidade, mas acabava achando que era coisa de criança ou de adolescente na puberdade e que logo ia passar.
- Você está numa fase de auto-descoberta. Você pode testar pra ter a certeza do que você realmente gosta. Pode ser por meio do beijo.
- Eu não posso ser assim.
- Assim como, garoto?
- Eu tenho que ser hetero. Minha família pode acabar me "matando" se descobrirem que não sou o que eles pensam.
- Sua família vai te aceitar. Pode demorar mas no fim o amor sempre vence.
- Mas eu tenho medo deles não aceitarem.
- Tá legal. Você não quer mostrar o que você realmente sente por medo do que as outras pessoas irão achar disso? Primeiro, a vida é sua e não deles. Segundo, você realmente leva a opinião das pessoas tão a sério garoto? Sua felicidade depende de você.
- Sou um idiota, eu sei. Mas prefiro que eles não saibam. Não agora, porque nem eu sei o que sinto de verdade.
- Você não é idiota Peter. Longe disso, você apenas está confuso. Quer uma dica? Manda todo mundo que achar ruim pra casa do Ka****o!
- Não consigo fazer isso.
- Quer dizer que eu não posso ir pra sua casa?
- Infelizmente não. Mas podemos ir pra sua casa algum dia.
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Você Me Faz Feliz [CONCLUÍDO]
Любовные романыPeter é um jovem nerd que acabou se descobrindo gay e tem que enfrentar suas inseguranças em relação a essa nova fase, além de ter uma mãe muito religiosa. Mas ele conta com o apoio de seus melhores amigos nessa jornada de auto-descoberta. Será que...