Maisie estava estranha, ela permanecia tocando piano, preenchendo a sala com sua melodia alegre, eu a observava a distância, tentando compreender o que minha irmã estava sentindo, durante os primeiros dias, tentei conversar com ela, mas ela simplesmente me oferecia um copo de Whisky e continuava tocando.
Quando insisti que precisávamos conversar Maisie arremessou a garrafa de whisky na parede fazendo-me saltar para longe dela.
— Eu não sinto vontade de conversar, se estás aqui apenas com o intuito de acabares com minha diversão, vais eu não quero ver-te.
Minha irmã parecia irreconhecível, meu coração estava despedaçado e eu apenas queria conseguir uma forma de reconstruí-lo, mas já havia notado que a única família que eu tinha não me seria de grande importância.
— Senhorita, as ladies receberam um convite. — A nossa criada mais leal me entregou um envelope selado.
Aquilo parecia ter chamado a atenção de minha irmã, que parara de tocar e se aproximava cambaleante.
— Vai haver um baile em Brownsburgh amanhã à noite. — Eu li no convite endereçado a nós. — Acho que não devemos ir.
— Bobagem... Estou louca por uma distração e sei que o jovem duque Brown está atualmente solteiro e precisando casar-se urgentemente. — Minha irmã se enrolava nas palavras, no entanto, eu estava acostumada o bastante para compreender o que dizia.
— Maisie, não ficará bem, faz pouquíssimo tempo que...
— Pouco tempo? Faz mais de uma semana que não saímos desta casa. Vou a este baile mesmo que não me acompanhes. — Ela disse quase gritando.
Suspirei imaginando que nossos pais jamais me perdoariam se eu permitisse que minha irmã fosse sozinha a um baile, por sua memória eu disse que iria com ela. Minha irmã pareceu deveras contente com a situação e já gritava ordens sobre ser separado seu novo e melhor vestido, feito semanas antes da morte de nossos pais.
Eu assenti para a criada que apenas fez uma reverência curta e saiu da sala, observando o estado de minha irmã, envolvi sua cintura, puxando-a comigo, para acompanha-la ao seu quarto.
Maisie gritava que não queria voltar ao quarto e eu vencia nossa briga uma vez que ela mal conseguia manter-se de pé. Ao chegarmos ao topo das escadas, ela que parecera tão descontrolada, pegara-me pelos cabelos e me jogara para parede, eu gritei mal conseguindo aparar o golpe.
Quase acertando meu nariz na parede, os guardas da casa subiram as escadas correndo e seguraram Maisie no instante que ela me puxava para a beira da escada.
Os homens seguraram Maisie que gritava ameaças para eles, ameaçando demiti-los e mesmo mata-los apenas tentando convencê-los a soltá-la. Eu engoli seco sentindo lágrimas se formarem em meus olhos.
— Levem-na para seus aposentos e tranquem a porta. — Ordenei.
— VOCÊS ESTÃO DEMITIDOS! — Ela gritava.
— Não se preocupem, Maisie não é a única senhora desta casa. Vocês podem leva-la e isto não lhes causará nenhum problema.
Os homens arrastaram minha irmã para seus aposentos e eu ignorei todas as regras de etiqueta sentando-me nas escadas, Maisie sempre fora irritada, sempre fizera escândalos por qualquer razão, mas ela jamais tentara me matar como acabara de fazer.
Eu sentia meu corpo tremer devido ao imenso temor que se implantara em minha mente, eu precisava desesperadamente me afastar de minha irmã. Mesmo que isto me destruísse.
— A senhorita está bem? — Perguntaram os guardas ao retornarem.
— Estou. — Fiquei de pé, tentando recuperar minha aparência.
Tentei arrumar meus cabelos desgrenhados, assim como lutei contra as lágrimas. O guarda me entregou a chave do quarto de Maisie.
— Obrigada!
Eles assentiram e pediram licença para retornar a seus postos, segui para o meu próprio quarto e observei o lugar escuro, era difícil imaginar que minha irmã tornara-se um monstro, porém eu não podia ignorar este fato, afinal quase fui atirada da escadaria.
Não consegui dormir naquela noite, apenas observei o ambiente sentindo lágrimas rolarem pelo meu rosto, eu imaginava que minha mãe fosse entrar em meu quarto a qualquer instante e dizer-me que tudo não passara de um sonho ruim, mas quando observava a porta e ela não entrava, eu sentia mais lágrimas rolarem pelo meu rosto, pois naquele momento, éramos apenas Maisie e eu.
Quando o dia amanhecera, minha criada viera ao quarto, ajudar-me a vestir, eu agradeci a mulher e segurei a chave do quarto de Maisie, caminhei para lá já ouvindo seus gritos.
— EU VOU DEMITIR OS HOMENS QUE ME PRENDERAM! — Ela esbravejava.
— Vai parar de gritar se eu abrir a porta? — Inquiri.
— VOCÊ ESTÁ COM A CHAVE?
—Estou, mas somente abrirei se prometerdes que manterás a calma e poderemos ter uma conversa civilizada.
— Maira eu não estou com humor para brincadeiras! — Ela forçou a porta.
— Eu não estou brincando.
—O que você quer?
Ouvi os passos de minha irmã se afastando da porta, então a abri, ela estava sentada sobre a cama com os braços cruzados e os cabelos desgrenhados.
— Você ontem tentou me atirar da escada. — Acusei. Ela desviou os olhos dos meus, como fazia quando mentia.
— Eu não me lembro de ter feito tal coisa!
— Você parecia lembrar-se que os guardas a trouxeram para cá ontem... — Confrontei-a.
— Eu apenas deduzi isto, ao certificar-me de que você jamais conseguiria me trancar. — Ela disse.
— Então estás realmente dizendo que não te lembras disto?
— Sim. Maira, és minha irmã mais nova, eu jamais a machucaria.
Assenti e apesar de não confiar nela o bastante para permanecer junto a ela por mais tempo, eu devolvi a chave de seu quarto e saí de lá. Maisie logo me acompanhou em um dejejum. Nós tentamos não tocar no assunto da noite anterior e apesar de desconfiar de suas mentiras, mencionei novamente o baile, aproveitando um instante em que minha irmã estava sóbria.
— Acho que seria de uma tremenda importância comparecermos. — Ela disse enquanto observava o jornal aberto junto a si.
— Por que achas?
— Bom, nós não temos mais nossos pais, devemos zelar por nossa reputação, a melhor forma de o fazermos é conseguirmos bons casamentos.
— E em sua opinião, creio eu, o duque Brown é um dos pretendentes mais bem aceitos.
— Certamente que sim. Estaríamos numa das famílias mais respeitadas da cidade, se eu conseguir me casar com ele, certamente nossa reputação estará salva... — Ela disse e eu a encarei.
— Se você se casar? — Questionei-lhe.
— Obviamente, sou a mais velha, devo casar-me antes de ti.
A expressão no rosto de Maisie lembrara-me a noite anterior e eu soube, que não deveria desafia-la.
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A Gêmea da Duquesa (Retirada)
Fiksi SejarahMaira e Meisie são gêmeas e acabaram de ficar orfãs, apesar de todas as desvantagens de uma mulher no início do século XVIII, ambas receberiam uma grande fortuna de herança. Era o momento de conseguirem bons casamentos e se tornarem esposas respeit...