capítulo III

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" Azarados dizem que os melhores momentos são aqueles que não tivemos coragem de vivenciar. Eu digo que o melhor momento sempre será o hoje, o aqui e o agora"( J.R. Datriz).

        O medo, se misturava com o choque de ter visto um homem nitidamente morto, reviver através de algo que saiu de dentro de Henry.
Ele sabia que dele havia saído o antídoto para a morte daquele homem, mas não conseguia expressar em palavras com seu amigo, aquilo que acontecera.
Lucas e Henry foram para a casa de um amigo em comum , e decidiram no meio do caminho, não contar a ninguém o que havia acontecido. Algo que seria muito difícil de esconder, pelo fato de que a cidade era minúscula e muitas pessoas viram aquele feito.
– Eu ainda estou muito confuso. Vimos aquele homem morto – disse Lucas, bastante assustado.
– Não sei o que dizer. Mas pode ser que ele estivesse vivo e uma grande coincidência aconteceu. – respondeu Henry, descrente das próprias palavras .  Esse diálogo foi o máximo que disseram durante aquele dia. O amigo para o qual os dois iriam, não estava em casa, então Henry incomodado com o espanto nítido de Lucas resolve seguir sem ele .
Ao chegar em casa, Henry se depara diretamente com Júlia, que repara algo estranho em sua feição. Após Henry subir sem nenhum comentário, Júlia faz uma ligação, e pronúncia as seguintes palavras :
– Ele já foi inicializado. Precisamos tirar ele daqui. Preparem tudo para nossa chegada. Partiremos pela madrugada.
Ao subir pro seu quarto, Henry sente seu corpo esquentar e pensa que está com febre . Resolve tomar um banho e deitar, pensando ele que se dormisse iria acordar melhor e veria que tudo não se passava de uma asneira de seu inconsciente.
O cochilo, durou horas . Até que foi acordado por sua tia Júlia no meio da noite , com certa pressa em suas palavras:
– Henry querido! Acorde! Levante logo ! Temos que sair . Iremos fazer uma viagem, e tem que ser agora .
– O que tia ? Como assim acordar, viajar ? – replicou Henry, demasiadamente cheio de sono.
– Não tenho tempo pra te explicar aqui e agora. Mas levante que iremos ao encontro de seu pai .– disse Júlia, sabendo que Henry iria se interessar em ver seu pai, ao qual não via a cinco meses.
Henry, ainda com sono, porém com um bom motivo, se levantou e foi até seu guarda roupa e viu apenas uma muda de roupas dentro de suas gavetas.
– Pegue as roupas que estão aí, eu mesmo as coloquei aí. Pra onde iremos você terá roupas novas a seu dispor.– disse Júlia com um certo tom de nervosismo em seu falar . 
Henry começou a se assustar , mas não teve  tempo de lembrar do acontecido de mais cedo, e nem mesmo de associar a saída de sua casa tão repentinamente, com o milagre que acontecera horas atrás .
Poucos Minutos depois , Henry e sua tia Júlia saem de casa e entram no carro que Júlia havia alugado, para não ter que sair com  seu próprio carro. Henry não entendeu ao certo, mas confiou em sua tia.
Enquanto dirigia, Júlia não parava de olhar para seu celular, pois estava a espera de uma ligação que iria nortear o caminho certo a ambos.
Durante o caminho algo muito estranho aconteceu. A pista estava completamente escura, começava a chover como se um filme de terror fosse começar. Pelo menos para Júlia e Henry parecia um sinal .
– Henry? – chamou Júlia.
– Sim tia.
– saia de perto das janelas, e ponha o cinto de segurança que fica no meio aí do banco de trás.
Muito assustado, e curioso, Henry faz uma pergunta:
– Tia Júlia. Preciso saber o que está acontecendo. Acho que já sou grande de mais pra senhora ficar me dando sustos e me escondendo as coisas.
– Concordo que você merece as respostas que quer . – afirmou Júlia, que continuou a falar:
–  Mas terá o momento certo de saber tudo o que você deseja. Por hora, só quero que saiba que independente do que acontecer, você precisa se salvar. Precisa correr o mais rápido possível sempre ao norte. Nunca esqueça disso.
Depois desse sermão de Júlia para um menino de 17 anos, certamente ele ficou mais que  assustado. Ficou apavorado.
Se passaram cinco minutos de muito silêncio naquele carro. Silêncio dos dois, pois a chuva batia com força na lataria, e a cada  segundo, mais forte ficava . Ao passar por um posto de gasolina que estava desativado, Júlia percebe que algo estava seguindo eles naquele momento .  Júlia então vendo que não adiantava mais esconder os motivos da viagem para Henry, resolve dizer:
– Henry querido, preciso que você preste atenção em mim. Você verá coisas das quais jamais viu antes em sua vida, e irá precisar confiar em mim. – Disse Júlia, com uma certa tensão. Mas continuou:
– Neste exato momento tem gente atrás de nosso carro querendo nos matar. Na verdade, não são gente, nem humanos são. Porém eu vou proteger você. Fique tranquilo e faça o que eu mandar !
A cara de Henry já não continha expressões para expressar o que ele havia ouvido. Na verdade, mesmo Henry tendo sido um menino muito calculista a vida toda, pareciam inerte e um tanto abobado perante a situação.
Ao fazer uma curva muito fechada, Júlia entra para dentro da mata com o carro a fim de despistar seus perseguidores, e parou o carro para continuar apé.
– Tia Júlia? O que exatamente está nos seguindo? Até agora não vi nada se aproximando de nós.– dizia Henry enquanto entrava mata a dentro com sua tia .
– tenho a impressão de que em alguns segundos você verá pessoalmente . – disse com tom de preocupação Júlia.
Ao descerem até uma área mais aberta que dava acesso a uma pequena tribo, eles foram surpreendidos por dois homens que vestiam sobretudo preto, e usavam uma máscara que tapava apenas suas bocas.
– Procuramos por muitos anos vestígios do escolhido, e agora finalmente fomos nós que o encontramos. – disse um dos homens que tinha uma voz que mais parecia a de dois ou mais homens juntos.
– Vocês acharam mesmo. Porém, será a última vez que o verão. Vou banir vocês para o submundo. De onde não deveriam ter saído .– disse Júlia.
Eles partiram para cima de Júlia, para derrotar ela e levar cativo o menino Henry. De dentro do peito de um deles saiu uma espada com aspecto negro como se fosse uma sombra , porém, cortante. Ao se aproximarem de Júlia, ela por sua vez fez sair de suas costas luzes que fizeram o formato de uma asa gigante, que brilhava a ponto de transformar o ambiente em dia, por mais de 100 metros a seu redor.
– hahh, você é um protetor. Já era de se imaginar. – Disse Amanon, um dos dois homens que ali estavam.
–  Sou, e vocês não terão compaixão. Já percebi que são espíritos de captura das sombras. E lamento informar, mas não conseguirei cumprir suas ordens.
Júlia afastou Henry com as asas e o pos em uma árvore a 20 metros dos espíritos. Henry até aquele momento apenas via tudo aquilo sem compreender e entender como era possível.
Quando Júlia voltou a atenção para os espíritos reparou que somente um estava a sua frente. O outro havia sumido.
Esse espírito veio ao encontro dela para o combate, e com a espada negra tentou dar um golpe de cima para baixo como quem fosse partir Júlia no meio. Júlia rapidamente fez uma proteção com as asas, se pondo  abaixo delas. A espada deu de encontro com a asa e em nada feriu Júlia, que respondeu o ataque contra atacando com uma adaga que apareceu na ponta do seu pé, ferindo na altura do tornozelo do oponente.
A adaga era mágica e também era reluzente como suas asas. Somente um artefato de luz pode ferir um espírito das sombras e visse versa .
Após ferir seu oponente Júlia abre suas asas dando um salto bem grande para se aproximar de Henry, lembrando que ainda havia mais um oponente a ser derrotado. Ao se aproximar de Henry, percebe uma alteração na sombra do próprio menino e lança um espinho de luz sobre a sombra . A própria sobra se afastou, e Júlia teve certeza de que era seu segundo oponente.
Após surgir e ficar em sua forma humana novamente, o espírito, fez subir em volta de Henry sombras mágicas que o prendiam como se fossem uma jaula a seu redor.
Júlia não consegui chegar a tempo de o livrar, então decidiu enfrentar seu inimigo.
– Bem típico de espíritos decaídos como você. Não conseguem ter uma luta de igual para igual, sem trapacear. Mas vou acabar com isso agora !– disse Júlia.
Quando foi se mover para atacar o espírito, Júlia foi atingida por trás , por uma das sombras que prendiam Henry, ao ficar distraida com seu oponente.
O corte foi em seu braço. Era um veneno que se não fosse tratado. Poderia se alastrar por todo o seu corpo e em fim derrota-la em sua forma humana .
Ela caiu sobre o chão, e na tentativa de falar algo para Henry , viu que não conseguia falar mais nada.  O espírito das sombras se aproximou dela e tirou de seu peito um machado que usaria para eliminar Júlia.
Porém uma surpresa, o impediu de concretizar seu plano.

Bem do alto surge uma lança, que mais parecia com o fogo. E de dentro da própria lança sai um guerreiro, com uma armadura e uma catana nas mãos, que usa para partir o pescoço de seu oponente em dois. Separando cabeça do corpo.
– Júlia? Você está bem ? – perguntou o guerreiro.
– preciso ir para  Tricediz, antes que eu morra. –  respondeu Júlia.
Naquele momento o guerreiro olhou para Henry e uma parte de seu capacete se fechou para que Henry não visse seu rosto.
– Henry, agora terei que fazer você dormir. Amanhã quando chegarmos e você acordar, lhe daremos as respostas que você precisa saber.
O guerreiro simplesmente passou a mão sobre os olhos de Henry, que apagou no mesmo instante.

       A verdade está prestes a aparecer.
O menino Henry, foi chamado de escolhido por dois espíritos das sombras. Viu sua tia virar um tipo de anjo em sua frente. E pra fechar viu um guerreiro de luz finalizar o último oponente como se não fosse nem um treino para crianças.
Continua no próximo capítulo...
          

HENRY DENIER: ENTRE A LUZ E AS TREVAS.Onde histórias criam vida. Descubra agora