Capítulo 2

390 28 5
                                    




O ar de espanto e surpresa no rosto de Meghan e Louella seria cômico, não fossem as circunstâncias. Lauren percebeu que havia exagerado na reação à sugestão de sua assistente.

— Pensei que tivesse ficado feliz com o trabalho de Camila quando usou os seus serviços da última vez — disse Louella, com uma expressão que passou da surpresa para a consternação. Ela adorava a sobrinha e Lauren sabia que qualquer pequeno deslize seria visto como algo pessoal.

— Gostei muito dos serviços dela — disse ela, ansiosa para reparar o engano. — Ela fez um excelente trabalho rastreando quem estava por trás daquele negócio ilegal dos combustíveis.

— Então, por que ficou tão aborrecida com o fato de utilizá-la como guarda-costas? — perguntou Meghan, franzindo a testa.

Lauren suspirou. O que poderia dizer que não fosse empurrá-la ainda mais fundo nesse buraco?

— Olhem aqui, senhoras — retrucou, com uma suavidade que raramente falhava quando queria consertar seus erros —, eu não quero uma guarda-costas. Nenhum guarda-costas. E, em especial, não quero utilizar os serviços de Camila porque... bem, porque ela é sobrinha de Louella e há risco de perigo. Eu não me sentiria bem sabendo que pode acontecer alguma coisa a ela. — Brilhante, Jauregui! Louella fez um gesto de descaso.

— Ora, Lauren, não se esqueça que Camila foi policial antes de se tornar uma detetive particular. Ela é uma profissional treinada. Pode tomar conta de si mesma.

— Louella tem razão. Há uma porção de investigadores que não possui o tipo de treinamento que se consegue numa academia de polícia. Não conheço Camila, mas se Louella diz que ela é boa, deve ser. Sugiro que comecemos a pensar em como vamos fazer esse plano funcionar. Depois, Louella telefona para a sobrinha e vê se ela está interessada.

Lauren lutou contra a vontade de soltar um palavrão. Não havia como argumentar contra aquela lógica básica das mulheres. Ela não queria Camila Cabello vinte e quatro horas por perto. Não suportaria. Mas, parecia que estava derrotada... a menos que quisesse esclarecer quais as reais razões para não empregá-la. Mesmo usando o notável poder de persuasão que possuía, ela duvidava de que pudesse fazer sua irmã ou sua secretária entenderem o que acontecera entre ela e Camila, quando haviam estado em Nova Orleans. Ela própria só começara a compreender recentemente.

— O que acha, Lauren? — perguntou Meghan. — Realmente, eu acho que é importante que encontremos quem possa fazer um serviço extra, e Camila, com certeza, parece ser essa pessoa.

O que ela pensava? Pensava que suas costas doíam e seu ombro latejava e seu cérebro parecia envolto em ataduras de gaze. Não acreditava que alguém pudesse querer machucá-la, mas as evidências apontavam, definitivamente, nessa direção.

— Telefone para ela — ela resmungou, com um gesto de descaso, enquanto tentava não pensar naquele pedaço de mau caminho, de longas pernas e cabelos castanhos, entre os lençóis. Não ousava lembrar daquela terceira vez em que tinham feito amor, muito embora julgasse que não fosse capaz... Dissera a ela que precisava aprender a se refrear. Mas ainda podia visualizar Camila, arqueando as costas e o pescoço, enquanto ela deixava uma trilha de beijos até o seu ventre. E ela, ondulando o corpo para beijá-la, comprimindo-lhe suavemente o lábio inferior com os dentes muito brancos... e, então, os próprios lábios, ao chegarem juntas ao êxtase. Era Camila, fazendo um serviço extra.

O som distante de um toque de telefone acordou Camila de um sonho excitante. Sem erguer a cabeça ou voltar-se, ela agarrou o receptor ao lado da cama e colocou-o no ouvido, resmungando um alô.

Ninguém respondeu. Ao contrário, o aparelho tocou novamente. Atordoada de sono, ela ergueu-se sobre os cotovelos e olhou ao redor. O som vinha da sala, um cômodo pequeno que ela havia convertido em escritório. Empurrando os lençóis para o lado, ela sentou-se e colocou os pés no carpete.

Sem Dizer Adeus - Camren (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora