Prólogo

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Antes de entrar em um colapso de emoções e lembranças, a única coisa que consegui ouvir saindo da boca de minha foi:

-Gaia, seu pai foi baleado, foi um tiro à queima roupa, ele está no hospital e não tenho mais notícias.

Ela estava visivelmente abalada, mas não desesperada, creio que para não me desesperar.

Meu pai, como todo pai, comete erros, erros esses que já estavam acomodados dentro de nossa família.

Ele como um homem de negócios, representante de uma multinacional, estava sempre viajando e se deslocando para tratar de assuntos em vários locais do Brasil, e do mundo.

Eu, minha mãe, e minha irmã Anis já sabíamos, e tínhamos a plena consciência de quais assuntos ele tinha que tratar.

A mais ou menos três anos atrás, uma das noites em que meu pai nunca estava em casa, minha mãe estava revirando o cesto de roupas sujas, como toda noite fazia, lavando assim as minhas roupas, de Anis, e de meu pai, ela encontrou em uma camiseta dele, uma marca de batom, estava bem fraco mas assim que ela veio nos mostrar, tivemos a certeza do que sempre desconfiávamos, estava ocorrendo uma traição.

Ela fez questão de não lavar apenas a blusa manchada de batom para mostrar a ele.

No dia seguinte, minha mãe esperou até que eu e minha irmã fossemos para a escola, para conversar com meu pai sobre o que ela, e nós havíamos visto.

Assim que voltamos da aula, ela nos contou que meu pai havia negado absolutamente tudo, mesmo ela estando com a prova do crime em suas mãos, ele disse a ela que estava ficando louca, e que essa história havia sido criada pela sua cabeça doentil.

Ele havia dito também, com a maior cara de pau do mundo, que na França isso era muito comum de acontecer, as mulheres por darem dois beijos, um de cada lado do rosto, poderiam possivelmente errar algum, e que a ex mulher dele já estava mais do que acostumada com isso.

Em outras palavras, ela estava acostumada com o tamanho dos chifres em sua cabeça.

Meu pai é francês, se casou muito jovem na França por conta de um amor avassalador por uma francesa, mais velha do que ele, que possivelmente o bancava, assim que ela se encheu de suas desculpas e mentiras, o tirou de casa o deixando sem nada, nem mesmo um lugar para ficar. Ele ficou uma semana nas ruas de Paris, até que o pouco dinheiro que ele tinha fosse liberado pelo banco central, assim ele comprou uma passagem apenas de ida para cá.

E foi assim, que meu pai veio parar no Brasil.

Quando chegou, continuou como saiu da França, sem nada.

Até conhecer minha mãe Zoé.

Vinda de família rica, ela o ajudou a trabalhar, e juntos ergueram um império chamado Roses House, uma empresa multinacional, com destaque em prestar serviços de coaching para clientes que acreditam que mesmo sem dinheiro, se fizerem o que os meus pais fizeram, irão ser ricos como eles.

Junto com o crescimento da empresa, cresceu também o desgaste da relação, meu pai viajando cada vez mais para dar supostas palestras, e minha mãe cada vez mais sozinha e desconfiada em casa.

Eu e minha irmã mais velha Anis, tentávamos a todo custo abrir os olhos dela, mas nada era o suficiente para que ela acabasse com o casamento e fosse viver feliz.

Até que o episodio da blusa aconteceu, e para nossa surpresa, ou ameaça do meu pai, ela se tornou mais submissa do que já era, relevando tudo o que acontecia quando o assunto era o casamento de meus pais.

Eu queria sim, que esse tormento acabasse...Mas não desse jeito.

N/A: Ei queridxs, sejam bem vindos novamente, espero com todo o meu coração que amem!

Kisses kisses

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