Capítulo 4 | "Estou de olho em você, garota"

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— "Estou de olho em você, garota" — Eu enxuguei as minhas lágrimas, com um bufo irritado, em um movimento que já havia feito pela centésima vez, no mínimo, enquanto ouvia a voz incomparável Rick Blaine dizer essas palavras a Ilsa Lund, logo depois...

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— "Estou de olho em você, garota" — Eu enxuguei as minhas lágrimas, com um bufo irritado, em um movimento que já havia feito pela centésima vez, no mínimo, enquanto ouvia a voz incomparável Rick Blaine dizer essas palavras a Ilsa Lund, logo depois de segurar o seu queixo com os dedos e fazê-la levantar a cabeça para encará-lo, os olhos marejados de lágrimas, quando ela finalmente entendeu que ele não iria com ela. Droga. Não importava quantas vezes eu assistisse à Casablanca, quantas vezes eu visse as interpretações de Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, ou ouvisse aquela canção ao final, meu coração sempre se despedaçaria e eu choraria como uma boba, imaginando mil formas pelas quais eles deveriam ficar juntos, sim. E aquele final, claro, nunca iria mudar, não importava quantas vezes eu assistisse e desejasse isso. Um clássico do cinema, um dos meus filmes da vida, mas sempre batia aquela angústia. E lá estava eu, mesmo assim, vendo novamente.

Por que raios eu tinha inventado de ver Casablanca? Podia ser pior, eu tinha pegado E o Vento Levou, mas aí eu lembrei de todos aqueles sorrisinhos cafajestes de Clark Gable e acabei desistindo, e quando eu lembrava daquela frase "Francamente, querida, eu não dou a mínima", que ele dizia para Scarlett, não ajudava muito. Suspirei e apertei o travesseiro junto ao corpo, movendo-me devagar na cama para não acordar Yasmin, ressonando delicadamente ao meu lado, a boquinha em botão e os cabelos ondulados e muito pretos, os cílios compridos. Como ela era linda.

Era sábado à noite, eu tinha acabado de fazer o que fazia muito no fim de semana: ficar em casa vendo filmes e séries, geralmente os mesmos. Não importava que durante a semana toda eu sempre estivesse prometendo agitar em uma sexta ou um sábado a noite, sair, relaxar, aproveitar um pouquinho mais a vida. Mas aí, chegava o final de semana, você tomava aquele banho, se aconchegava nas suas confortáveis roupas de mendigo — a minha era uma shortinho que um dia na sua existência tinha sido cor de rosa, e uma camiseta que provavelmente tinha uns bons 5 anos ou mais, e que um dia tinha sido preta —, se enrolava nas cobertas...e a coragem de sair de casa abandonava a sua alma em dois tempos.

Acrescente a isso uma cama quentinha, talvez um sorvete, uma TV, e agora uma bolinha deliciosa e fofa em forma de gente, e pronto. Estava montado o cenário, e aquela saída estava sempre sendo adiada. Não que eu tivesse muito tempo de viver saindo agora, pensei, juntando os meus cabelos pra cima e fazendo um coque, lembrando o que tinha concordado em fazer no mesmo momento em que Adelia entrava no quarto que nós dividíamos no último mês. Ela estava secando os cabelos compridos e crespos com uma toalha e tinha trocado a camisola por um vestido, e graças a Deus, tinha a aparência bem melhor.

MARCOS - Série Avassaladores Livro 3 Onde histórias criam vida. Descubra agora