Chanyeol olhou para o mar revolto abaixo das rochas e fechou os olhos; Era isso, seu fim, o fim daquela vida medíocre e sem sentido. Por que tinha vindo para a Austrália mesmo? A é, queria fugir de sua infância insignificante e preconceituosa em Seul, aquela cidade machista e hipócrita dos infernos que fechavam os olhos e fingiam que gays não existiam, que eles nem eram pessoas.
Que Chanyeol era só um doente bichinha de merda!
Ele achou que seria diferente ali, que encontraria uma vida boa e um amor com quem passaria a vida toda junto. Ele achou, afinal era fluente em inglês, tinha uma boa faculdade, era só mudar de país e recomeçar. Ele seria um contador como nenhum outro, ele seria especial!
E então a vida lhe mostrou que nem tudo era como imaginava. Conseguiu um emprego em um bom escritório, mas por três anos nunca teve espaço e cada vez mais acumulava tarefas que não eram suas, e no pouco tempo que lhe restava estava tão cansado que mal conseguia sair para conhecer alguém. A vida era louca e vazia, um maldito escravo do relógio, comendo mal, dormindo mal, sem nem tempo para sonhar.
Queria ser livre dos olhares cruéis e acusatórios em um país diferente, mas ali sofria outro tipo de preconceito, seria sempre o assistente asiático, o "japinha" do escritório. E continuava sozinho, não vendo muito sentido e entendendo que o problema estava dentro dele e não fora. Tinha fugido e continuava fugindo...
Mas não sabia mais o que fazer, queria ser cuidado, amado, assistir ao pôr do sol com alguém, queria ser livre no fim... Não uma falsa liberdade. Não falsos lábios que o tocavam com curiosidade, mas deixava sua cama no fim sem ao menos um número de retorno. Estava tão cansado... Tão cansado...
E o mar o chamava, o chamava e ele sorriu ali, vendo seu último pôr do sol, seria livre, descansaria, encontraria fosse o que fosse do lado de lá, era um fugitivo no fim, um fraco...
— Espero que saiba nadar, porque a altitude é bem baixa para tentar algo como se machucar – Uma voz baixa soou perto e Chanyeol abriu os olhos um pouco chocado, jurava que estava sozinho daquele lado da praia. Olhou de esguelha e viu um homem com uma vara de pescar e uma caixa de iscas aos pés. Não estava tão perto, mas o mar não fazia tanto barulho aquela tarde e ele parecia tão silencioso que poderia ser parte do cenário. Ele usava roupas brancas, até o sapato, mas não parecia se importar com as rochas sujarem o tecido claro. Os cabelos loiros quase brancos esvoaçavam suaves com a brisa e o sorriso sereno que tinha o fazia lindo, uma visão mesmo... Era um coreano, ou pelo menos um descendente. Então o homem puxou a vara sorrindo e Chanyeol viu que ele tinha um peixe pequeno no anzol, nossa, nunca tinha visto alguém pescar pessoalmente – Com fome?
— Hein?
Chanyeol encarou o estranho chocado enquanto ele pegava o peixe e jogava na caixa de iscas. Inconscientemente deu um passo para trás, um pouco enfeitiçado pelos movimentos lentos e tranquilos do homem, como se sua presença não fosse algo novo ou estranho, como ele era para si. Então ele se ergueu da pedra que sentava e estendeu a mão para si, ali mesmo, a uns dez pés de distância:
— Vamos comer, hoje é uma tarde muito bonita para tentar se machucar em um ponto turístico. Eu preparo o peixe e você me conta o que te perturba tanto. Não tenho mais pacientes pelo dia, embora podem me ligar a qualquer hora, contudo acho que temos bastante tempo para conversar:
— Você me conhece?
Perguntou cada segundo mais confuso e pasmo. O homem negou e lhe sorriu quase fofo, um sorriso retangular lindo que seria capaz de fazê-lo cair de joelhos pelo homem. Era fofo e másculo ao mesmo tempo, como aquilo era possível, Chanyeol não fazia ideia.
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They
Roman d'amourChanyeol não via mais sentido em viver, porém um médico muito especial entraria em sua vida e lhe mostraria que um pouco de amor e aceitação, podiam fazer toda a diferença.