Outsiders - Part II ( Edgar Phillips)

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Edgar Phillips era um funcionário perfeito, um marido perfeito, e um pai mais perfeito ainda. Naquele dia ele acordou bem cedo como de costume, deu um beijo na esposa, que acordou rapidamente e retribuiu o gesto, voltando a dormir logo em seguida. Ele tomou banho, trocou de roupa, e foi em direção ao quarto da filha.

A pequena Mallory tinha apenas 9 anos, mas já era a dona do coração do pai. Edgar ficou olhando para a menina, parado na porta do quarto. Ela abriu os olhinhos. Sonolenta viu o pai.

-Bom dia papai.

-Bom dia princesinha, papai já vai trabalhar, mas volta cedo, tá?

-Não papai, não vai! – Respondeu com tristeza a garotinha.

Ele então foi até a filha, beijo-a na testa, olhou mais um pouco para ela e saiu do quarto.

Já no carro, Edgar deu a partida no motor e ligou o rádio em sua estação preferida, a estação de notícias. O locutor falava do trânsito, do clima e do resultado do jogo de basquetebol da noite anterior, entre os Tornados de Northville e os Ursos de Barkley, que terminou de virada, com uma cesta de 3 pontos de Bob Madson, o astro dos Tornados.

Quando Edgar parou no sinal da esquina da rua Miller com a April 23, as notícias do jogo foram bruscamente interrompidas, mas como ele estava muito interessado nelas, pois não tinha visto o jogo para ficar com Mallory, não prestou atenção no que o locutor falava e rapidamente mudou de estação.

As ruas estavam cheias, as pessoas dirigiam para o trabalho. Enquanto Edgar procurava outra estação no rádio o sinal abriu. O carro em sua frente começou a atravessar o cruzamento, mas ele viu que o motorista do carro do lado não saiu do lugar, o homem estava pálido, claramente tenso, ouvindo atentamente as notícias do rádio.

Então ambos ouviram o barulho alto e grave do choque. O carro da frente tinha sido atingido em cheio por outro veículo, que avançou o sinal em alta velocidade. Com o impacto, o motorista do carro infrator havia sido arremessado para fora de seu automóvel e agora jazia no asfalto, com a cabeça arrebentada. No carro atingido, uma mini-van, havia uma família.

Edgar e alguns outros motoristas, todos homens, saíram de seus veículos e correram em direção a mini-van na esperança de encontrar alguém vivo. Mas o motorista do carro do lado, aquele que ouvia atentamente o rádio, saiu correndo na direção oposta do acidente. Ele correu como um louco. Edgar o viu de relance, mas logo voltou suas atenções para a mini-van acidentada.

-Rápido! Alguém ligue para o 911, eu não estou conseguindo! – Gritou um dos homens.

Atendendo ao pedido outros motoristas também tentaram ligar, mas estranhamente todos os telefones celulares estavam sem sinal. Edgar fez o mesmo, também sem sucesso.

A confusão foi se estabelecendo. O trânsito ficou completamente parado, com os motoristas dos carros mais afastados buzinando sem parar, enquanto outros saíam de seus veículos e se dirigiam ao local do acidente.

Um policial apareceu, ficando bem próximo de Edgar. O oficial pediu para a população se afastar, com algum sucesso. Ele então pegou seu rádio e tentou chamar o serviço de emergência. Edgar notou que o homem também não estava conseguindo se comunicar pelo rádio, que só emitia estática. Então o policial começou a ficar tenso, aproximou a mão da pistola e começou a olhar para a multidão, como se estivesse procurando algum fugitivo da lei.

“Mas que droga esse cara está fazendo?”, pensou Edgar, se afastando do policial.

A poucos metros dali, em uma pequena rua, a Sra. Wilson saía de casa para fazer compras. Ela fechou a porta do prédio e imediatamente ouviu o barulho das buzinas na rua April 23, viu o engarrafamento bem na esquina, na sua frente. Então ela gritou de dor.

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