Capítulo II

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Num quarto especial em uma ala no sexto andar, Vyncen analisava atentamente o mapa do planeta que eles atuariam nessa missão pondo alguns pedaços de madeira entalhados como espadas aqui e ali para marcar onde seus Caçadores iriam lutar contra os demônios. Uma das maravilhas de ser caçador de uma cidade pobre igual Biersack era ter que ir em missões tão difíceis que nem metade dos caçadores voltavam vivos para as suas famílias, enquanto os caçadores de cidades ricas como Camdela eram privilegiados com missões tão fáceis que até mesmo uma criança desdentada poderia fazer. "Caçadores privilegiados", como chamam, são os heróis das cidades mais ricas, os cidadãos dessas cidades têm que passar por um teste rigoroso e treinamentos diários, além de serem considerados os mais valentes e corajosos por entrarem em uma vaga tão disputada quanto ser um caçador, enquanto os "Caçadores maltrapilhos" de cidades e planetas mais pobres eram apenas criminosos sem qualquer tipo de orgulho e tinham o privilégio de quase morrerem todos os dias de sua vida, pra esses caras ser um Caçador é como uma pena de morte.

O líder ouve umas batidas suaves na porta e o seu assistente entra com seus olhos arregalados, depois de quase quatro anos Vyncen nunca entendia o porquê desse garoto sempre parecer ter medo de tudo. Ela um moleque magricela e órfão que fora condenado a ser Caçador por ser um mestre do furto e graças a sua força comparada com a de um grilo ele apenas cuidava da papelada e dos documentos de Vyncen.

- Senhor? - O garoto pergunta fechando a porta atrás de si. - Eu queria lhe fazer uma pergunta.

Ele imediatamente abaixou o seu olhar e apertou a bainha do sua blusa nervosamente. Pela cara pálida que o garoto fazia Vyncen sabia que não seria uma pergunta tola como sempre, Puba sempre ficava mais pálido quando era um assunto extremamente sério.

- Pode me perguntar qualquer coisa, meu jovem. - Puba levanta discretamente seus olhos verdes e suas bochechas ficam vermelhas.

- É-é verdade que você abandonou a sua filha em outro planeta? - A voz do garoto fez o quarto do seu líder ficar incrivelmente silencioso, até às moscas pararam para prestar atenção no que iria se suceder.

- Como você descobriu isso?

- Sua esposa mandou uma mensagem para você dizendo que a garota fugiu de novo, mas dessa vez se sua filha morresse seria culpa sua e que ela não se importava. - O barulho do soco que Vyncen deu na sua mesa foi a única coisa alta o suficiente pra assustar o garoto na sua frente. - O-o que eu deveria responder?

- Não responda nada. Não devemos nos preocupar com uma coisa dessas com uma missão tão importante bem diante dos nossos olhos. - Ele se apoiou na janela de vidro que cobria toda a parede encarando o planeta Bjer, uma bola quase inteiramente verde e com algumas construções humanas como pontinhos brancos.

- Mas... Você vai deixar ela sumir desse jeito? Ela é a sua filha, você tem que fazer alguma...

- Já chega! - A voz extremamente grossa interrompeu Puba, e mesmo baixa o seu timbre era bravo o suficiente para fazer o as pernas do garoto tremerem. - Eu não posso me atentar em pequenos detalhes agora. Tenho que prestar atenção em treinar os meus Caçadores e não deixar que nenhum deles morra. Somos um dos melhores grupos da nossa galáxia, talvez até um dos melhores do universo, e eu não quero perder esse posto por causa de uma distração como você.

Por algum motivo o jovem prendeu a sua respiração, seu coração disparava tão rápido que parecia querer sair do seu corpo e se tacar daquela nave. Puba entendeu a mensagem por trás dos dizeres de Vyncen e saiu do seu quarto sem dizer nem mais uma palavra, deixando os ecos das palavras duras assombrando o líder dos Caçadores de Biersack. Por um momento ele quase se arrependeu de ter tido essa decisão, porém muita coisa estava em risco e ele tinha que manter seu foco em resultados melhores de sua equipe e menos mortos para enterrar.

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