amoureux

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Desculpem pelos erros,boa leitura.


"Existem apenas dois lugares do mundo onde se pode ser feliz: em casa e em Paris."   Ernest Hemingway

Jimin podia sentir que a qualquer momento sua pele se fundiria  com o duro material de plástico da cadeira onde estava sentado. Sentia os músculos de suas costas latejarem e seus pés formigarem. Estava estático na mesma posição há quase duas horas, e tudo isso graças a um maldito trabalho da faculdade que deveria ser entregue no próximo dia, e ele como sempre, mal havia escrito duas palavras. O loiro olhou com descrença para a xícara vazia de café  -que agora só era visível a borra escura no fundo da porcelana branca-  repousada na mesa de madeira do bistrô. Já havia tomado três delas e se tomasse mais uma gota de cafeína, poderia jurar que não dormiria nos próximos dez dias.

Voltou a atenção para a tela do computador a sua frente, formado em seus inocentes lábios um bico de pura insatisfação. Rolava os olhos já marejados e que estavam começando a arder de leve, em cada aba que já havia aberto a fim de concluir sua pesquisa, além de lançar pequenas olhadelas em tom de reprovação para os livros espalhados desordenadamente pela mesa. Queria desistir do maldito trabalho e ir direto  para casa encher a cara com um vinho velho e de péssima qualidade e mimar sua gatinha Adora em seu colo como sempre fazia quando estava tristinho.

Ao olhar para fora da janela embaçada do Le Bonaparte, Jimin se perguntava vez ou outra ainda embasbacado admirando as enormes construções diante de seus olhos, se seu lugar era realmente ali.  Saído de Busan com apenas vinte e três anos, uma passagem só de ida e o coração repleto de medos, Park abdicou a vida pacata e sossegada que um dia ele estava predestinado a ter. O pequeno havia trabalhado mais que qualquer um que conhecia em sua idade; lavando pratos em restaurantes e poupando o dinheiro do ônibus, ele bancou seu curso de francês sem a ajuda dos pais.

A família de Jimin não entendia sua vontade incontrolável de sair da pequena cidadezinha onde moravam para conhecer o mundo afora. E quando o garoto com as mãos trêmulas e uma passagem só de ida em mãos contou aos pais que iria para Paris estudar Artes, foi o que faltava para que cortassem seus laços ainda fragilizados.

Jimin de modo inconsciente ainda se culpava pelo afastamento da família, ainda que hoje se falassem em datas comemorativas, o alourado sabia que nada poderia reconstruir o elo quebrado.

O Le Bonaparte era confortável e despojado com toda decoração em preto e bordô. Jimin sempre adorou o lugar desde os primeiros dias na cidade, o fazia se sentir mesmo que, ironicamente, em casa.

Mesmo que seu lar em Busan não estivesse a quinze minutos da Torre Eiffel e não cheirasse a croissant de baunilha recém-saído do forno.

E não fosse tão solitário. 

Ter somente o privilégio de se sentar em uma daquelas cadeiras e admirar todos os quadros alinhados com perfeição nas paredes, faziam o pequeno se deliciar. Estar ciente que romancistas, pintores, cientistas, ou até mesmo jovens comuns como ele, se sentaram no mesmo lugar e observaram os mesmos quadros, se deliciaram com o mesmo café puro, faziam o loiro suspirar de felicidade.

Jimin nunca amara alguém e tampouco fora amado de volta, disso tinha certeza. Mas ali, naquela cidade, se sentia jovem e apaixonado.

Os guardanapos em um tom de branco pérola, as gotas de chuva que respingavam na grande janela de vidro, os violinistas tocando em suas varandas. As cantoras de ópera bradando canções a todo vapor. Tudo parecia em ordem e Jimin se sentia confortável mesmo com o céu inundado em um cinza deprimente.

O celular repousado sobre a mesa vibrou de supetão, fazendo o loiro suspirar e bufar irritado. Apertou o botão centralizando na parte inferior do aparelho deixando a mostra seu papel de parede; uma foto ridícula com seu melhor amigo de quando saíram para beber pela primeira vez. A foto estava tremida e fora tirado há uns meses atrás, Jimin estava sorrindo feito um louco para a câmera com os cabelos desgrenhados, o braço do garoto ao lado estava repousado na cintura do pequeno,sua feição era igualmente risonha.

XXXXX

Era o primeiro dia de Jimin na Universidade e  poderia jurar que suas pernas se transformariam em gelatina a qualquer momento. Se perguntava vez ou outra quando ainda estava do lado de fora da imensa construção a sua frente, se seu sonho não era ser sei lá, um cantor. Estava mortificado. O lugar era de longe, um dos mais bonitos e imensos que o pequeno já havia visto em sua vida. A École du Louvre se localizava no Palácio do Louvre e possuía cursos renomados como Antropologia e Estudo das Artes.

Park jurava de dedinho que nunca, nunquinha em sua vida se imaginaria ali.

E foi quando Jimin já estava a ponto de ter um colapso mental e desistir ali mesmo, um garoto vestindo calças absurdamente largas demais para si e uma camisa de botões de linho igualmente larga, se aproximou de si com um copo de café em mãos e um sorriso caloroso estampados nos lábios.

- Você é novo aqui certo? Me chamo Vante - O moreno que também usava uma boina de cor nude estendeu sua mão direita repleta de anéis prata em direção ao loiro que sorria abertamente após ouvir seu nome.

Jimin achara o nome adorável.

- Me chamo Jimin -O loiro estendeu a mão esquerda, que parecia pequena demais comparada aos mãos longas do garoto a sua frente.

Vante ofereceu a Jimin o copo de café que segurava, Park sorriu e aceitou de bom grado.

E foi ali, onde o destino de um garoto saído do interior, inseguro e romântico se entrelaçou ao de um garoto que usava roupas largas e falava coisas complexas demais sobre o universo.

Jimin sabia que havia encontrado sua alma gêmea ali, em uma tarde de outono, enquanto falavam sobre pintores que amavam.

Naquele mesmo dia, Vante convidou Park para uma festa que um de seus amigos daria mais tarde. Como nunca havia bebido antes, o menor relutou mas o moreno logo o convenceu que seria divertido. Foram tagarelando sobre todas as maluquices que ambos acreditavam, as bandas que gostavam e Vante prometera a Jimin que apresentaria todas as suas coisas favoritas na cidade. Beberam, sorriram e juraram amor eterno um ao outro enquanto gritavam aos quatros cantos o quanto amavam Paris. 

No fundo, Jimin e Vante sabiam que todas as suas promessas eram verdadeiras.

XXXXX

Park abriu o aplicativo de mensagens deixando uma risadinha escapar quando viu a notificação do melhor amigo:

''VAN: Você não sabe o que aconteceu. Perdi uma aposta e agora vou ter que pagar, os detalhes te digo quando nos vermos. Estou à sua espera no metrô, venha rápido. Iremos a um estúdio de tatuagem"

Jimin olhou incrédulo para o celular por longos quinze segundos,seu melhor amigo era uma pessoa completamente louca e imprevisível. No entanto, enquanto colocava o MacBook e os fones de ouvido dentro da mochila caramelo, o loiro só conseguia sorrir e pensar em como amava de todo coração seu amigo.



Nos vemos dia 25/02!


MASTERPIECE/jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora