Sixth petal; He Who Must Not Be Named.

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O relógio digital ao lado de sua cabeceira, acusou: quatro horas da manhã. SungJin rolou na cama novamente, contendo o bufar de frustração que chegou-lhe a garganta. Por instantes, chegou a idealizar uma realidade onde suas noites não eram arruinadas por traiçoeiras crises de insônia, que sistematicamente lhe traziam momentos onde era atingido por milhares de preocupações que por diversas vezes ao longo da noite, davam-lhe a sensação de estar imerso em problemas que não fazia a menor ideia de como solucionar. No fim, já não sabia se a insônia o deixava em um estado demasiadamente atormentado ou se eram suas preocupações que prejudicavam seu sono, transformando seus momentos de descanso em casos tão raros, que beiravam o nulo. Todavia, ao contrário das noites anteriores, o Park sentia-se completamente incapaz de apontar com certeza qual era o pensamento que o deixava em um estado tão ensimesmado, uma vez que na ocasião que vivia agora, seus pensamentos seguiam duas vertentes, que bifurcavam-se e levavam o pobre jovem inquieto a percorrer ambos os caminhos ao mesmo tempo num ciclo infinito, até que sua mente finalmente pudesse encontrar seu descanso em forma de colapso nervoso, consequente de tamanha ansiedade gerada. Assim, se via perdido no meio de duas grandes conjecturas: Estava entre a preocupação com a recente e cada vez mais frequente ausência de YoungHyun em casa, e pensamentos melancólicos em relação a "aquele que não deve ser nomeado¹". Vendo-se num beco sem saída, cerrou os olhos com força. Tinha a completa ciência de que gastar sua noite recapitulando ambos os temas de certo não o ajudaria em nada, pelo menos quando o quesito era pegar no sono. Tentou principalmente, evitar que seus pensamentos o guiassem para que acabasse remoendo a última conversa que teve com seu Voldemort particular. Não, definitivamente não poderia pensar nisso; se odiaria completamente se resolvesse passar por cima de seu orgulho e realizar a ligação que jurou não fazer, para aquele número cujo faltou coragem para excluir de sua agenda. Assim, motivado a distrair sua própria cabeça, levantou-se da cama, e por meio de passos lentos, seguiu até a cozinha. Pegou um copo de água, e assim que encostou no balcão de mármore frio, baixou a guarda o suficiente para que seus pensamentos fluíssem novamente, mesmo sem sua permissão.

Para seu - contestável - alívio, os pensamentos dessa vez foram destinados até YoungHyun e sua preocupante ausência. Já faziam pelo menos duas semanas desde que o mais novo da casa passou a ser cada vez menos mais presente, colocando a culpa em suas tarefas da faculdade e em seu emprego meio período numa farmácia homeopática, que ficava apenas algumas quadras de distância. Mesmo que a desculpa houvesse soado deveras convincente para todos, SungJin não tardou a descobrir os reais motivos que jaziam por trás da ausência alheia. Afinal, nada poderia ser omitido do Park, pelo menos, não por muito tempo. Assim, não fora difícil para si assimilar que a exiguidade por parte do Kang era consequente de uma constante aversão a estar no mesmo ambiente que JaeHyung, provavelmente devido a altercação que ocorreu entre ambos, no exato dia em que os sumiços por parte do mais novo entre os três tiveram seu início. No fundo, conseguia entender os motivos que levavam seu protegido a agir dessa forma; Conhecia seu melhor amigo mais do qualquer um no mundo, e sabia que este passaria um longo período remoendo todas as palavras proferidas com desprezo naquele confronto, mesmo que houvesse feito as pazes com o colega no mesmo dia em que a desavença ocorrera. Outro fator que de certo poderia ser um agravante, era o fato de que a presença de Noah estava cada vez mais constante, visto que o relacionamento, -ou seja lá qual fosse o nome que pudesse ser dado ao que Jae e essa garota possuíam- estava ficando cada vez mais sério conforme os dias iam passando. Falando de forma sincera, não via nada de errado na morena de olhos claros, muito pelo contrário; sempre achou-a uma garota extremamente simpática e gentil. Não obstante, se olhasse pelo ponto de vista do melhor amigo, podia interpretar com perfeição que o levavam a sentir tamanho asco da menina. Afinal, Brian amava JaeHyung como os amores gregos, e por diversas vezes, pode perceber faces de seu sentimento que se assemelhavam aos três de uma forma irrefutável, que chegava soar preocupante; O amor do Kang era Eros, Ágape e Philos², tudo ao mesmo tempo. E SungJin nem ao menos sabia que aquilo poderia ser possível.

Insane. ; Day6Onde histórias criam vida. Descubra agora