Seventh Petal; cigarrettes tastes bad.

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Atento, JaeHyung assistiu sua "quase namorada" levar a xícara fumegante de chá em direção aos lábios rosados. De certo, Noah era a garota que já havia visto em todos os seus anos de vida, tanto por dentro quanto por fora; no fim, Jae já não sabia se era mais apaixonado por sua personalidade dócil ou por sua aparência exuberante, capaz de lhe roubar o fôlego em todas as ocasiões possíveis. O par de intensos olhos esverdeados dos quais era possuidora, tinham a função de transmitir ao rapaz uma deliciosa, e ao mesmo tempo torturante sensação de incerteza. "Sabe Jae, eu fico feliz que as coisas estejam se ajeitando." Enunciou a morena, resgatando o Park de suas caóticas conjecturas apaixonadas. "Eu não quis me intrometer porque sei que esse não é o meu papel, mas no fundo, eu fiquei extremamente preocupada com a situação." O mais velho semicerrou os olhos e ajeitou o próprio par de óculos, uma vez que estes encontravam-se equilibrados sobre a ponta de seu nariz, a um passo de cair. Usou em vão todos os seus neurônios para tentar descobrir sobre o que a garota estava falando, sem conseguir chegar perto de alguma resposta plausível mesmo após tanto esforço. A morena, percebendo a incapacidade que JaeHyung apresentava para descobrir do que aquele monólogo todo se tratava, apenas estalou a língua e voltou a dissertar. "Me refiro a briga que você teve com seu colega de quarto. Foi dilacerante te ver tão cabisbaixo por aí, meu amor. Seja como for, estou feliz que tudo tenha voltado ao normal."

"É, eu também estou feliz em ver tudo caminhando de volta ao seu lugar."
Voltar ao normal de certo não era o jogo de palavras que JaeHyung escolheria para classificar as circunstâncias em que vivia atualmente junto com seus colegas de apartamento. Entretanto, estaria mentindo se simplesmente alegasse que estava no meio de uma situação ruim, muito pelo contrário: Aos poucos, passou a acostumar-se com os novos padrões de anormalidade adotados por seus amigos, passando a considerar corriqueiras as atitudes que outrora soavam insólitas perante o seu olhar. SungJin parecia preenchido por uma imensurável frustração. Sentimento esse que figurava ter se apossado de cada uma de suas moléculas, transformando-o em alguém completamente irreconhecível no quesito personalidade, visto que este parecia abandonar sua altiva personalidade intrometida e autoritária a cada dia que se passava, adotando um feitio mais manso e atitudes mais compreensivas. Entretanto, Jae conseguia notar que o olhar caracteristicamente arbitrário de SungJin permanecia aparente, impossível de ser mascarado por toda aquela nova pose pacifista.

Quando se tratava de Brian, as mudanças pareciam ser menos radicais, uma vez que o Kang apenas acentuara características que já jaziam aparentes e deveras enfáticas em sua personalidade: andava mais taciturno, seu olhar parecia mais assustado e o tempo que passava dentro de casa fora resumido a meras duas ou três horas ao dia. No começo, JaeHyung admitiu ficar demasiadamente preocupado com o estado em que o amigo se encontrava. Brian era a única pessoa no mundo inteiro no qual depositava toda a sua confiança, e era difícil não poder dar suporte a alguém que lhe ofereceu ajuda incontáveis vezes. Não obstante, tinha ciência de que com todas as barreiras construídas por YoungHyun em atos impensados de introspecção o impossibilitavam de oferecer qualquer tipo de ajuda realmente efetiva. Logo, o Park apenas tentou deixar suas preocupações de lado e dedicar sua atenção em assuntos onde sua presença e ajuda eram de genuína importância. Assim, passou a focar em sua namorada de forma devota.

"De toda forma, Noah, não se preocupe com isso agora. Eu preciso te mostrar uma coisa."


"Por Deus, Jae! Eu não sei o que te responder..." A voz suave da moça reverberou docemente aos ouvidos do mais velho, que involuntariamente tensionou ainda mais os músculos, tentando manter até sua mais ínfima célula preparada para ouvir algum discurso de rejeição genérico. Um suspiro nervoso escapou de seus lábios ressecados pelo frio canadense enquanto observava atentamente os olhos de Noah brilharem em direção ao singelo par de alianças prateadas, frutos de um longo e árduo mês de trabalho como ajudante em um jardim de infância. Apesar do olhar maravilhado da garota, Jae não conseguia evitar tremer levemente durante os momentos que passou aguardando qualquer tipo de verbalização que pudesse servir de resposta para a pergunta que fizera outrora. Era aparente para qualquer um que JaeHyung tinha medo de estar acelerando as coisas, havia uma imensa possibilidade de que aquela não era hora certa de pedi-la em namoro. Entretanto, o americano já estava cansado de questionar-se sobre quando o momento correto chegaria, ainda mais quando levava em conta o fato de que a garota a quem direcionava seus afetos era a personificação literal de todos os sinônimos de incerteza e efemeridade, e era responsável por deixar cada vez mais evidente na mente atribulada do Park que um dia Noah poderia simplesmente voar para longe, como a revoada de pássaros que era. Jae curtia demais o que tinham para permitir que a moça partisse de forma tão súbita quanto sua chegada.

Insane. ; Day6Onde histórias criam vida. Descubra agora