Capítulo 2 - Exército caído

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Resistência Norte, Bunker 1, terra.

Will fechou a porta atrás de si. Ele a ouviu bater, porém, não se moveu. O olhar dos dois superiores na sala deixavam-o nervoso, ele esperava por algo mais que dois desconhecidos com olhares confusos, mas o que ele poderia esperar? Will foi mandado a terra sem saber muito bem o que dizer, ou o que fazer, mas por pedido dele próprio, estava nessa situação.

- Quem é você? - O ríspido capitão puxou Will de seu transe. - Eu nunca ouvi nenhum soldado chamado Will Angel na divisão norte, sente-se.

Will foi rápido.

- Eu não sou da divisão norte, senhor. Fui transferido da divisão sul para cá. - Mentiu ele, pois sabia que o capitão era burro o suficiente para não pesquisar. - Eles me disseram que vocês precisavam de mais homens.

- Não sei quem disse isso. - Revoltou-se o capitão. - Mas estão enganados!

- Ah é? - Suspirou Will, sem se abalar com o capitão e seu olhar de gigante raiva. - Se me permite, senhor, mas não é isso que eu vi atravessando o bunker, ou passando pelas cidades onde a norte comanda. Seu povo está morrendo, e você não tem exército suficiente para isso, vocês são uma exército caído.

Will demorou um pouco para entender que ele falava mais sobre o seu exército original, o exército do céu, do que propriamente dos rebeldes chilenos da divisão norte. O anjo sabia que muitos homens da norte não tinham experiência alguma em combates, mas sabiam carregar uma pistola, e aquilo era o bastante.

O capitão pareceu estar chocado com a ousadia do novato, e se levantou. Will continuou sentado, enquanto Davis se aproximava. O capitão levantou o punho, mas foi segurado pela mulher de cabelos pretos, que estava todo o tempo na sala, observando Will falar.

- Davis, o rapaz está certo. - A garota falou quase tão baixo quanto uma cigarra. - Nossa divisão está toda morta, você disse isso mais cedo. Precisamos dele, então não espanque o rapaz.

Will agradeceu aos céus silenciosamente. Davis encarou a mulher, com ódio, mas não disse nada. Apenas se sentou novamente.

- Então, Will Angel. - Disse o capitão, com desdém. - Hora de tirar essa bunda gorda da cadeira, essa aqui não é a Sul. Quero que você, Sarah, leve o garoto para uma missão simples, apenas para começar. Eu ouvi dizer que estão prendendo bons soldados aqui perto, em Concépcion, quero que vocês dois peguem suas armas e quero que resgatam.

A garota fitou Davis, algo nesse 'plano' não a agradava e Will sabia disso, ele mesmo, se não fosse quase imortal, se incomodaria. Will não poderia morrer, ao menos que algo atingisse seu coração, o que não aconteceria. A garota a levantou, bateu continência para Davis, e saiu. Will fez o mesmo, fechando a porta. Em silêncio, ambos desceram as escadas, atravessaram todos os feridos e finalmente saíram para tomar um ar puro. O anjo observou a garota ajeitar a MP7, uma arma que ele pouco se lembrava, mas sabia que era rápida e leve para a ocasião. Will não tinha uma arma, então apenas seguiu a garota até ela perceber que ele a seguia.

- Você não tem uma arma, soldado. - Perguntou a garota, num tom normal.

- Não, senhora, minhas armas ficaram no caminhão. - Mais uma mentira. Will sequer tinha trazido uma arma consigo.

- Esses palermas da Sul... tudo bem, pode ficar com minha Colt.

A garota tirou a Colt da cintura e estendeu para Will, rapidamente ele pegou e observou a arma em suas mãos. Ele sabia que a Colt era uma raridade.

- Como conseguiu?

- Isso te interessa? - A rispidez na voz da garota fez Will se assustar. - Apenas me devolva quando acabar.

- Qual seu nome, aliás?

- Isso é um interrogatório? Meu nome é Sarah, apenas isso.

Sarah caminhou caminhou frente e Will a seguiu. Era uma longa caminhada até Concepcion.

-x-

Os dois passaram por alguns dos Bunkers da norte até saírem do territorio. Will se surprendera com a boa fama de Sarah e como ela conhecia a todos. Não havia um só nome que ela não soubesse. O anjo sentiu vontade de perguntar, mas era certo que levaria outra patada. Se surpreendeu quando a própria puxou assunto.

- Então, soldado, você não está contando a verdade.

- O que? - ele gaguejou, como ela poderia saber?

- Não minta pra mim, você não saiu da Sul porque te transferiram, você saiu porque te expulsaram.

Will relaxou.

- Ah... É, você tá certa, fui expulso. Não cumpri as ordens, simples assim. A Sul é cheia de regras.

- Entendo. Ms aposto que você não está feliz em ser transferido para Norte. Não temos uma boa fama, somos os mais fracos.

Will colocou as mãos nos bolsos. Ele não achava que existiam equipes 100% fracas, ele achava que todos tinham suas qualidades, como anjo, isso parecia um clichê para ele.

- E realmente somos. - Will apenas conseguiu dizer isso. Ele não sabia bem o que dizer. - Mas se nos juntassemos com os outros ..

- Fora de cogitação. A Sul é muito orgulhosa e burra pra deixar a gente de fora. Mas não precisamos deles, somos uma família, vamos vencer isso sozinhos.

O anjo não falou mais nada. Ultrapssaram a floresta, vendo la em baixo, a cidade de Concepecion. Rapidamente, Will sentiu a energia da cidade. Ele via espíritos perturbados e almas que, ao morrer, continuavam fazendo o mesmo ato no momento da morte, para sempre. O anjo se arrepiou e seguiu Sarah para baixo. Algo dizia que não iria acabar bem.

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