Capítulo 2

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                                                                                        *Bianca*

    No primeiro instante, eu não consegui ver nada, tudo era um breu. Depois que minha cabeça parou de girar, levantei do chão e comecei a explorar o cômodo desconhecido. Para começar não tinha nenhuma janela - ou seja, sem luz do dia; o chão era feito de uma pedra escura, fria e lisa; bem parecido com as paredes, a única diferença era que elas eram de pedras irregulares. Sem uma luz vindo de fora era impossível saber se estava de dia ou de noite.

    Devem ter se passado menos de um minuto para os meus olhos se acostumarem à falta de luz - o que foi muito estranho. De início notei uma cama arrumada à minha esquerda, o estrado era de metal, os pés da cama eram fixos ao chão e a colcha tinha estampas de.. corações? Olhando para o resto do quarto, distingui uma escrivaninha de madeira à minha direita junto a uma estante de livros e algo grande no teto, um lustre, que emitia uma luz fraca - quase imperceptível. Outras duas sombras na parede começaram a entrar em foco, duas portas! Com uma onda de alívio, corri em direção à mais próxima, feita de uma madeira velha e escura - não consegui identificar o tipo de madeira, o que me deixou muito frustrada, porque nas férias passadas fiz um trabalho catalogando todos os tipos de árvores do Central Park. As dobradiças eram de um metal prateado, enquanto a maçaneta brilhava em um tom dourado. Eufórica, abri.

    A decepção me atingiu tão forte que perdi o equilíbrio, voltando ao chão. A maldita porta levava à um banheiro minúsculo, que tinha um espelho retangular e toalhas; a pia e a banheira feitas em um material rígido e branco - as únicas peças brancas nesse lugar de escuridão. O resto do cômodo era igual ao quarto, chão liso e paredes irregulares. Com a incerteza que predominava em mim, vou à segunda porta, esta era de metal, também com maçaneta dourada e dobradiças prateadas. A esperança corria pelo meu corpo, a tensão era tanta que, com certa atenção, eu conseguia sentir o sangue correndo por todas as veias. Respirando ofegante, coloquei minha mão sobre a maçaneta e virei-a lentamente, sentindo os mecanismos funcionando e estralando.

    Respirei fundo por uma última vez, preparando-me para correr o mais rápido possível. Nessa hora, a porta se abriu sozinha e do outro lado me deparei com um homem saindo de dentro da escuridão que preenchia todo o outro cômodo e o cercava. Ele vestia um uniforme simples e justo, ressaltando seus músculos abaixo da blusa, e um capuz. Não consegui ver seus olhos, que estavam escondidos pelo capuz. As únicas coisas à mostra eram o seu nariz o largo sorriso branco estampado em seu rosto, perigoso e belo ao mesmo tempo.

_Você ia a algum lugar?_ perguntou o homem, com sarcasmo e provocação na voz.

_Que, Que, Quem é você?_ por que a minha gagueira resolve aparecer AGORA?

_Meu nome é Marcel._ enquanto falava, ele não tirava o sorriso sombrio do rosto.  _Mas isso não é importante. O importante é você, que por sinal não tem permissão para sair deste quarto._ falando essa última palavra, Marcel passou os olhos por cima dos meus ombros, analisando a prisão que chamara de quarto. _Mas caso você se atreva a sair, os lobos irão te perseguir e devorar.

    Como se estivessem esperando a deixa, três lobos saíram de trás de Marcel, rosnando e mostrando todas as presas. Seus olhos eram vermelho-escarlate e os pelos eram tão escuros quanto o céu noturno.

    Com o susto, pulei para trás.

    Aproveitando que baixei a guarda, Marcel avançou para dentro do quarto, meio exitante, como se temesse o quarto em si - mas isso foi tão rápido, que pensei estar imaginando coisas.

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