CAPÍTULO 51 - SOFIA SOARES

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Vou resumir o que aconteceu até aqui, porque estou remoendo minha raiva por dentro e a maior parte da noite se passou como um borrão. Luca se manteve distante a todo momento, não me permitiu ter minha resposta sobre quem esteve com ele.

Dentro do carro na vinda para a casa de seus pais, tinha milhões de ligações para fazer, aqui no jantar sempre alguém o chamava. A pulga detrás da orelha, agora se transformou em um carrapato, a cada hora que passa cresce mais e mais, estou angustiada, olho a taça em minha mão, incerta se todo o primeiro gole ou não. Olho para o lado Luca estava me observando, porém no momento que olhei, virou para o outro lado e continuou sorrindo com seu pai e alguns primos, fingindo prestar atenção na conversa, eu percebi que não tirou os olhos de mim em nenhum momento. Idiota! Bufo indignada.

Já conversei horrores com minha "sogra", seu nome é Sandra, para falar a verdade, a amei. Uma pessoa muito simples, amável, gentil e bondosa, conhecê-la um pouco, foi o que me salvou de ficar apenas pensando na revelação de Alice. Pensei que me tratariam como alguém interesseira, me enganei e agora sou apaixonada pelo senhor Arthur e Dona Sandra.

Pego a taça e me dirijo para a varanda da luxuosa casa, apoio minhas mãos no corrimão, rolando o líquido na taça, se eu beber esse conteúdo, talvez me arrependa, pois tenho plena consciência da minha fraca habilidade de me manter sóbria após uma colher de álcool. É. Sim. Não ri, é o suficiente para me deixar bêbada.

- Pensativa bela dama? – Encaro o homem elegante a minha frente. Acho que já vi esse rosto em algum lugar. Eu te conheço mermão? Tenho vontade de espantá-lo, mas me contenho, ninguém além de Luca é culpado pelo meu mau humor. Apenas dou um sorriso amarelo e viro-me para olhar a vista novamente, ignorando o homem.

- Permita-me, não tive a chance de me apresentar... Sou Augusto, amigo próximo da família. – Estende a mão, reviro os olhos antes de me virar e me apresento, fingindo estar bem-humorada. Como se eu quisesse me apresentar.

- Sou Sofia, prazer. – Dou um sorriso mais falso que uma nota de três reais. É o melhor que posso fazer, Luca está fritando meu juízo. Quem foi a maldita mulher que ficou com ele naquela porcaria de sala?!

O senhor se apoia no corrimão ao meu lado, seu perfume madeirado, mistura-se ao cheiro da bebida que toma, tornando o aroma bom. Ao menos é cheiroso, admito.

- Hum... Sofia... – Parece observar como meu nome fica em sua voz. - A namorada de Luiz Carlos, bom conhecê-la, estava aqui me perguntando se não é como Yasmin. – Coçou a barba, pensativo.

Finalmente tomo um gole da bebida, que desce ardendo, tirando-me uma careta, prefiro chupar limão a isso.

- Olha eu não sou essa mulher, ok? – Respondo com um tom mais ríspido do que queria. - Desculpe, não queria ser tão mal-educada... – Desculpo-me e fico tentada a perguntar. Tomo outro gole, isso vai me dar coragem. - Na realidade, o que aconteceu entre eles? Tudo sobre isso é meio que um segredo. Ninguém gosta de comentar.

- Vejo que sabe da existência daquela maldita. – Sua face se transforma em desgosto, é quase palpável sua raiva.

O observo com toda minha atenção, embora, sinta um pouco de instabilidade, o álcool começou a fazer efeito. É como um veneno em meu organismo.

- Ela era linda como você. – Tocou em minha face, me distanciei instantaneamente, mas continuava próximo demais para meu gosto, porém estava decidida a escutar o que Yasmin fez. Ele prosseguiu. - Gentil, sorridente, mas isso era apenas uma máscara que criou para enganar a todos, ela não só destruiu a vida de Luiz Carlos, a minha também, no momento em que meteu meu filho nesse inferno. – O senhor pega no meu pulso com bastante força o que me assusta, arregalo meus olhos, está machucando.

Antes que eu consiga falar algo, alguém pigarreia atrás de nós. Augusto me solta e vejo Luca nos olhando, coloca a mão no bolso direito, um dos sinais que algo o está incomodando. Esses meses juntos me fizeram aprender muito sobre ele.

Aproxima-se. Coloca a mão na minha cintura de forma possessiva. – Augusto? Você por aqui? Quanto tempo... – Vejo o incomodo de ambos, parecem que não gostam da presença um do outro.

- Passei só para ver se seu bom gosto continua o mesmo. – Luca tentou ir ao seu encontro, porém puxei seu braço levemente. Tomei o restante do conteúdo da taça de uma vez, nervosa demais para saber lidar com essa situação, o que acabou fazendo-me ficar um pouco zonza.

- Sabe muito bem que eu não tenho culpa, eu também fui vítima! Que droga Augusto! Me deixa em paz! – Luca se exalta, sinto-me muito tonta, apoio-me no meu namorado.

- Você à trouxe para nossas vidas seu desgraçado! – A voz do senhor fica distante, coloco a mão na minha testa, o mundo parece rodar.

- Luca... – Minha voz sai em um fiapo. - Amor, não estou me sentindo bem, vamos para casa? – Tento ser a voz pacífica, nessa confusão toda. Ele me apoia e antes de ir para dentro, olho para trás. Me lembro de onde já vi esse rosto tristonho, foi no jornal! Eu lembro! Foi um escândalo envolvendo seu filho, se não me engano o rapaz morreu.

Sento-me no sofá enquanto Luca se despede de todos e questiona seus pais por terem convidado Augusto, que ele havia me incomodado, deixo de prestar atenção na conversa tentando juntar o quebra-cabeça que se formou diante de mim. Preciso saber o que aconteceu, mas não tenho coragem de perguntar ao Luca, vi como fica mal, tentei tirar informações de Dona Sandra, porém preferiu não comentar. O que realmente aconteceu? Porque todo esse mistério?

Entre a dor e o desejo {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora