crazy little thing called love

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Estávamos extremamente próximos, nossos narizes quase se tocavam, e eu podia sentir sua respiração contra a minha. Um sorriso bobo estava estampado no meu rosto, e meus olhos continuavam a admirar os dele.
Ficamos naquela posição por um tempo, apenas analisando a situação e analisando um ao outro. Queria capturar cada traço de seu rosto naquele momento, e guardar a sete chaves na minha memória. Brian nunca esteve tão lindo, era de tirar o fôlego.
A tensão sexual era palpável no ar, minhas mãos entrelaçadas com as dele, e o modo como nos olhávamos, com amor e desejo.
Eu ansiava o momento em que nossos lábios se tocariam, dando início a um beijo apaixonado que eu não compartilhava com ninguém há anos. Só queria sentir ele, e demonstrar o quanto eu gosto dele com esse simples porém muito significativo ato.
Mas, isso não aconteceu. Uma batida na porta interrompeu nosso momento, e eu não tive a oportunidade de sentir o gosto que ele tinha. Me afastei, xingando mentalmente quem quer que fosse que estivesse me visitando. Maldita fosse a hora.
Abri a porta com a cara fechada, mas que logo deu lugar a uma expressão chocada. Onde meu coração passou a bater acelerado. Minha boca ficou entre aberta, tenho certeza que a abri pra dizer algo, mas as palavras não saíram.
"Olá Roger"- a voz doce e feminina disse, a voz que eu não ouvia pessoalmente a mais de cinco anos. Claro, nós conversávamos com uma certa frequência, mas por telefone. E vê-la na minha frente, em carne e osso, me desestabilizou completamente.
Ela estava deslumbrante, o cabelo escuro levemente ondulado na altura do ombros, uma maquiagem ocasional como de costume, os olhos... eles brilhavam. Brilhavam como na noite em que nos conhecemos, na noite em que nos beijamos, na noite em que fizemos amor, e na noite que ela terminou comigo.
Não Roger, de novo não.
Eu não poderia me permitir sofrer pelas mesmas razões de novo, maldito ciclo vicioso.
"Como você está?"- me perguntou, tentando obter outra reação de mim, que não fosse completo choque.
Tentei ao máximo manter minha compostura, mas meu cérebro não chegou a se comunicar com minha boca, e como consequência as palavras saíram embaralhadas.
"D-Dom..."- a chamei pelo apelido-"O que você tá fazendo aqui?"- finalmente perguntei, as mãos suando frio. Ela notou o nervosismo, como sempre. Essa mulher me conhecia como ninguém. Seu único erro foi assumir que fosse por outro motivo que não sua simples, ilustre e inesperada presença.
"Você tem alguma garota aí?"- perguntou, olhando por cima do meu ombro tentando ver algum sinal de roupa feminina pelo apartamento. Mas encontrou apenas vestes masculinas espalhadas, que Brian e eu jogávamos convenientemente pela casa. Um casaco em casa canto.
"Não não"- nego rapidamente-"É só o Brian, ele está passando uns dias comigo"- contei, só então me lembrando que ele estava ali, e lembrando do momento que tivemos.
"Oh certo"- ela recua, se envergonhando da acusação e rapidamente corando-"Desculpe, você tem tempo pra conversar?"- ela me perguntou, mas antes que eu pudesse responder, seus braços envolveram meu pescoço.
Nossos olhos se encontraram, minhas mãos acharam seu caminho e descansaram em sua cintura. Enquanto isso me perdi em seu olhar profundo. Eu não sei como aconteceu, mas quando percebi nossos lábios estavam grudados. Foi como um instinto, o beijo evoluiu e eu a guiei com a minha língua. Ela mexia em meus cabelos na nuca, o que me fez gemer contra sua boca. Eu teria aprofundado ainda mais, só que algo parecia errado. Então quebrei o beijo, e me afastei dando um passo para trás.
Pude ver Brian nos olhando do canto da sala, ele balançou a cabeça para a direta e para esquerda algumas vezes antes de desaparecer corredor a dentro.
Eu instantaneamente senti aquela pontada de culpa no meu peito, e me xinguei mentalmente por ter sido tão instintivo e burro.
Com certeza ele não iria querer mais nada comigo, não depois de como agi. Me declarando, e quase o beijando, só pra em seguida beijar minha ex.
Acredito que eu mereça o prêmio de maior babaca do planeta terra, e dos outros planetas também. Essa mancada não tinha volta.
Tentei falar com ele mais tarde naquela noite, quando Dominique já tinha ido embora e me dado o número do seu quarto de hotel.
"Eu sinto muito"- eu dizia repetidamente, e ele apenas concordava com a cabeça sem sequer abrir a boca-"Não sei o que aconteceu, agi sem pensar"- tentei explicar ainda que não entendesse, não tinha motivos pra eu ter demonstrado aquele interesse nela. Não tive forças para afastá-la.
"Olha Rog, você é um ótimo amigo e tudo mais"- ele disse-"Mas, todo mundo sabe que você não dura com ninguém. E acho que fui burro o suficiente pra achar que talvez você quisesse mais do que alguns amassos e sexo no sofá"- seu tom era totalmente calmo, ele não parecia bravo, apenas decepcionado. Isso era o pior.
"Mas, Bri, por favor"- tentei protestar, mas ele não permitiu.
"Vou passar uns dias na casa do Deaky, já abusei demais da sua bondade"- só então notei que ele estava fazendo as malas.
Aquela cena doeu no meu coração, bem no fundo.
Não era possível que eu tinha estragado tudo entre nós dois, logo agora que tudo estava tão bom.
Eu realmente gostava dele, de modos que eu não tenho nem como começar a explicar. Era tudo o que precisava pra finalmente superar um relacionamento antigo, mas agora... já era.
Tudo isso por causa dessa coisa louca chamada amor.

I Want It All • Maylor Onde histórias criam vida. Descubra agora