I Want It All • Maylor

scandal

Andei ao seu lado até chegarmos no pequeno jardim do lado de fora do hotel, ele ficou quieto durante esse percurso e eu esperei até estarmos sozinhos para dar início a conversa.
"Então, sobre o que você quer tanto falar que é particular e não pode ser na frente do John?"- não evitei rolar meus olhos, essa brincadeira de vai e vem com Brian já estava me deixando nos nervos.
Primeiro ele ficou bravo porque eu beijei a Dominique, tudo bem sei que estava errado, mas ainda não tinhamos nenhum compromisso e  nem sequer confessado nossos sentimentos. Ele não falou comigo direito por semanas e quando finalmente nós reconciliamos, ele inventou que não queria se separar da mulher.
Olhando para trás desse jeito, parece que ele só quer me usar como um back up. E eu posso ser tudo na vida, mas nunca vou ser a segunda opção de ninguém.
"Você sabe bem, Roger. Não sei quem você pensa que está enganando ficando com o John, porque eu sei por quem você está apaixonado e não é ele. Então para de tentar me fazer sentir ciúmes"- ele semi cerrou os olhos, me desafiando.
Eu estava apaixonado por Brian, isso eu não podia negar. Mas, ele deixou bem claro que quer reatar com a Chrissie. Não irei interferir e também não irei esperar ele mudar de ideia.
"Não estou tentando te fazer sentir ciúmes. Eu só percebi que o cara por quem eu estava apaixonado é um completo de um babaca e mentiroso"- imitei sua posição intimidadora, ele não era o único entre nós com um olhar de ódio penetrante. Isso foi o suficiente para ele desviar o olhar e dar um passo para trás, estava envergonhado -"Eu vou seguir em frente Brian, não pense que vou ficar aqui vendo você com a Chrissie e chorar desolado"- cruzei meus braços e ouvi ele soltar um riso fraco de deboche.
"Claro que vai, assim como você ficou vendo a Dominique foder outros caras enquanto afogava as mágoas em bebida"- naquele momento o ódio acumulado que eu tinha dele não era tanto para justificar um tapa na cara, mas falar de Dominique foi o gatilho.
Senti minha mão arder e formigar depois de entrar em contato com a bochecha dele, que tomou tons avermelhados momentos depois.
"Cala a boca pra falar dela, você não sabe porra nenhuma"- levantei minha voz pela primeira vez naquela discussão -"Pelo menos ela teve a decência de terminar comigo antes de aparecer com outro"- apontei o dedo para as atitudes dele com a comparação, só que as palavras que ele disse em seguida me quebraram.
"Nós nunca tivemos nada pra terminar, Roger. Não era oficial. Nunca pedi sua mão. Coloca isso na sua cabeça"- era verdade, doía, mas era verdade. Não éramos comprometidos um com o outro, estávamos apenas ficando. Nisso ele tinha razão. Ainda sim, de qualquer forma não justificava ter enchido minhas esperanças, ter me deixado apaixonar, mostrar reciprocidade, para depois me abandonar -"Você não tem motivo pra ficar magoado e batendo pé pra lá e pra cá me xingando por simplesmente amar a minha esposa"- disse em tom mais alto também. Eu franzi o cenho confuso.
Era muita coisa pra processar, isso já estava me deixando vermelho de raiva. Ele estava agindo como se nunca tivesse demonstrado interesse em mim, como se nunca tivesse me beijado, como se... Não fossemos nada.
"Como você tem coragem? Filho da puta insensível. Você se declarou pra mim!"- eu o empurrei para trás com força e lágrimas nós olhos -"Disse que me amava também! Você me beijou, me consolou, nós quase dormimos juntos!"- disse mais alto, atraindo atenção indesejada para nossa discussão  -"Como você tem coragem de dizer que isso não foi nada?"- ele olhou em volta, cerca de quatro pessoas tinham se aproximado para bisbilhotar o motivo de tanto escândalo.
"Porque eu não sou gay"- disse em voz alta e clara, antes de me deixar ali sozinho.
Onde foi que eu errei?