Cupid Boy • Chanbaek

Garoto-coruja

Dois anos atrás.

Green Day sempre fora uma boa escolha para Park Chanyeol.

Não que fora um rockeiro de carteirinha ou algo assim, mas depois daquela tarde abafada de setembro, American Idiot tornou-se sua música favorita.

O sol era encoberto pelas nuvens no primeiríssimo dia de aula de Chanyeol e o nublar deixava tudo aparentemente triste, se o sol soubesse que naquele mesmo dia, Park avistaria um garoto baixo de cabelos encaracolados e olhos grandes, talvez ele resolvesse aparecer para deixar todo o momento mais gentil. Os armários gélidos e enferrujados estendiam-se por todo o corredor que o garoto estivera encostado enquanto mirava o nada, concentrado na música em que ouvia. Sua boca vez ou outra, mexia-se cantando algumas estrofes e apenas parou por conta do som alto do sinal indicando o início das aulas.

O moreno arrastou seus pés lentamente e até seguiria seu curso para a sala de aula, mas a curiosidade falou mais alto. Uma porta bege tinha uma pequena janelinha em seu topo, a luz da sala ligada fez a atenção de Chanyeol ser atraída diretamente para lá.

Três garotos estavam na sala, um alto e com olheiras profundas sentado sobre uma mesa apoiado em seu joelho, o outro, moreno e de cabelos descoloridos, este estava de costas, mas Chanyeol quase pode sentir o volume de seus músculos e a pele jovial. E o terceiro... ah, o garoto de olhos grandes e brilhosos, a boca que formava um coração sempre que sorria, seus cabelos cacheados cobertos não completamente por um boné e suas maçãs levemente avermelhadas.

Os olhos do grandão vagaram pela cachos acastanhados que caiam em sua testa, levemente brilhante. Os olhos escuros e grandes como bolas de gude brilhavam em meio a conversa, seus lábios vermelhos e carnudos brilhavam com a saliva que de vez em quando era escorrida no canto de sua boca.

Chanyeol nunca havia visto um rosto tão bonito em toda sua vida.

Sua atenção voltou para os olhos do garoto e sentiu suas pernas falharem bruscamente. Agora o garoto-coruja o olhava, curiosamente e delicadamente, mal sabia o efeito que esse simples ato causava em Park.

Chanyeol sentiu o coração saltar enlouquecido em sua caixa torácica e quando se viu, estava caído dentro da sala de música, os três pares de olhos o mirando atentos e assustados.

A vermelhidão subiu pelo pescoço de Chanyeol, morrendo de vergonha pelo seu tombo. O rapaz olhou para baixo enquanto levantava-se e murmurava um "desculpe".

Alguns segundos antes de por sua mão na maçaneta, Chanyeol ouviu o som mais suave e aconchegante que houvera escutado em tempos. Uma risada grossa, uma risada que diferente das que havia ouvido desde que chegara na universidade, não tinha o menor sinal de deboche. Uma risada simples e escapada, Chanyeol gostaria de ouvi-la pelo resto de sua vida.

Fora naquela tarde que Chanyeol passara a acreditar em cupidos.

Dois anos depois.

"Estou pensando em voltar a frequentar o psicólogo." Resmungou Park enfiando a quinquagésima colherada de gelatina rosa em sua boca.

"Por quê? Pensei que sua fase de crise de existência já havia passado." Sehun disse enquanto juntava as migalhas de pão na bandeja do café da manhã "Ah, Chanyeol, não me venha de novo com 'será que é tudo um plano do universo para me fazer convencer que isso é real, mas na verdade nã–'"

"Eu estou bem, Sehun." O mais velho revirou os olhos. "Apenas estou inseguro sobre Kyungsoo."

"Kyungsoo? Achei que essa fase já tinha passado também. Fala sério, cara, ele é tipo o dono da escola, você viu como as garotas se atiram a ele? Céus, abdico da minha sexualidade apenas por um selinho dele. Uma pena ser hetéro"