Sob o guarda-chuva

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Para Baekhyun era difícil se apaixonar.

Desde criança, sempre fora incerto quando o assunto eram seus sentimentos e devia isso à leitura. Era um rapaz romântico justamente por conta dos livros que lia em sua adolescência e isso o tornou um rapaz mais reservado.

Devia isso aos livros, mas também devia isso à Yerim, sua primeira namorada.

Sete anos atrás.

O sol brilhava em laranja na tarde de agosto. É engraçado pensar que o tempo nunca acerta as datas, naquela mesma tarde laranja de agosto, um dilúvio de emoções aconteceria em Baekhyun.

Yerim e Baekhyun fariam quinhentos dias de namoro na próxima semana e Byun já planejava fazer nem que fosse pequena, uma comemoração à eles.

Estava ansioso e seu coração vibrava sempre que pensava em encontrar a namorada, sempre que pensava em tocá-la em beijá-la e em amá-la. Byun estava perdidamente apaixonado pela garota, isso era difícil, se não impossível de negar.

Mas fora naquela mesma tarde de agosto, embaixo dos mesmos brilhos alaranjados do sol poente que Baekhyun se vira em um abismo.

Havia recebido uma ligação de Yerim para se encontrarem e Baekhyun fora busca-la em sua casa para conversarem. Percebeu que algo estava errado quando oferecera sua mão para a garota e ela a ignorou.

Mas tudo bem, não é? Todos temos dias ruins.

Ao menos foi essa a desculpa que o garoto usou para si mesmo.

Sentaram no mesmo banquinho da mesma praça no centro de Daegu, tomaram do mesmo sorvete, riram das mesmas piadas tolas e já sem graça, passaram o dia como todos os outros: felizes.

Mas então a chuva interna começou.

A verdade era que Yerim mudar-se-ia para Moscou. Os pais haviam arrumado ótimos empregos por lá e a garota por pouco, ainda era menor de idade. A única coisa que a prendia na Coréia era Byun. Fora lhe dado uma semana para despedir-se do namorado e pensara na maneira mais fácil de fazer isso.

Mas não existia maneira fácil.

Existia a maneira crua e sincera de se fazer aquilo, com um "até logo" que não era bem um até logo.

As últimas recordações de Baekhyun desse dia, fora os borrões alaranjados e azuis que o sol começava a deixar transparecer enquanto o jovem terminava seu sorvete de baunilha, mas desta vez, sozinho.


Agora, na noite fria de janeiro não havia sol. Não havia sorvetes de baunilha e bancos de madeira, não havia a inocência que pairava o ar como antigamente, não havia mais dilúvios internos como antes. Não havia mais Yerim e para o abandonar outra vez. Mas havia Chanyeol.

E Chanyeol o causava quase a mesma confusão que Yerim o causou.

E embora a mente de Baekhyun estivesse uma completa zona, algo lhe dizia que isso era algo bom. Algo bom porque acima de tudo, Baekhyun gostava das garoadas internas que aconteciam quando estava com Park.

Tais garoas que, pela manhã, transformavam-se em gotas finas de orvalho doces e simples.

E o garoto, por mais que não quisesse admitir, tinha passado a apreciar tais orvalhos.

Isso havia deixado sua mente tranquila, o coração acelerado, a corrente sanguínea afoita e o interior acalmado. Tal bagunça estava seu organismo que chegou até mesmo apreciar simples gestos de Chanyeol: sua mania de esfregar as palmas das mãos nas calças sempre desbotadas, agarrar o peito sempre que levava sustos, sempre que ria, fazia questão de exibir sua covinha. Eram os pequenos orvalhos que Baekhyun apreciava.

Cupid Boy • ChanbaekOnde histórias criam vida. Descubra agora