Arte de luto

24 4 0
                                    

Diz-me como te sentes!
Ao ver-me afogar em lágrimas escorridas dos meus olhos, ao ver-me perder a dignidade neste mar de sangue derramado do meu próprio corpo.

Diz-me se te faz bem ao ver-me cair, chorar e implorar que me batas mais?
Bata-me, mate-me!
Faz de mim o que te mais convém
Saboreia todos os meus podres.

Que o meu fracasso sirva como tua vitória
Que os meus defeitos sejam motivo das tuas risadas,
Que o meu choro seja uma cantada maravilhosamente melódica para os teus ouvidos do mal.
Deixa-me usar uma faca, cortarei os meus pulsos e dar-te-ei de meu sangue,
Para que te abasteças deste líquido insípido e proves do meu organismo mal-amado.

Irei me vestir de luto, para que me enterres de uma vez por todas. Irei me juntar à solidão de baixo da terra. Entrarei em contacto com as raízes do subsolo para que não tenha visão do mundo lá fora.

Sabe-te bem ver-me sofrer, não sabe?
Sou apenas uma obra sádica, não tenho motivos para continuar a respirar.
O meu mundo é a preto e branco, quando solto minha voz os cânticos do velório tomam controle do momento.
Sou fraca, sou triste, dar-te-ei o prazer de saberes o quão destroçada estou.

Se calhar nem precisas de fazer nada, eu própria pegarei em uma arma e atirarei em minha cabeça. Sou um ser humano,
um

conjunto​de​inutilidades, sou desprezível e não sou boa o suficiente.
Ninguém merece ter-me por perto, o pouco que sei, sei mal.
Deita-me em um caixão e viola-me com palavras cruéis, abusa de minha imperdível vontade de ceder aos teus maus tratos.

A palavra qualidade não faz parte do meu dicionário, O meu quotidiano é baseado em perdas e fracassos
A minha vida é um buraco negro sem luz, sem saída... luz...!?
O que é isto? Desconheço esta expressão que me deixa incrédula. Onde é que estou? Para onde é que me vai levar? Deixa-me irrequieta por ser tão inútil.
Desconhecida em minha vida, nunca vi esta tal de luz,
Nunca vi o caminho certo!
Eu gosto de coisas erradas, eu vivo por coisas erradas
O mal excita-me, pōe-me ainda mais morta, morta por dentro, morta por fora
Eu não sou um ser vivo, sou um ser morto!
Eu sou um erro que acorda todos os dias em forma de decisão
Sou a arte que mais te assusta e que mais tem-te na mão

Eu sou a arte de luto, e eu infecto o teu coração.

  -The Queen Of Disaster

É ArteOnde histórias criam vida. Descubra agora