Estranha, mas legal.

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Cap 1

Araguaína, novembro de 2013

Narrador

Ana Clara sempre foi uma garota muito quieta, uma das melhores alunas do colégio Santa Cruz, não tinha amigos e sempre se esforçou o máximo para se tornar o que sempre sonhou, médica, mas agora que estava no final do ensino médio e passava grande parte do seu tempo estudando para vestibulares, se perguntava se o que tinha vivido até então era algo para se orgulhar. Nunca fora igual aos outros adolescentes, sempre preferiu ficar em sua casa, debaixo de uma coberta, lendo algum livro, ou apenas vendo documentários que julgava ser interessante. 16 anos de idade, nenhum namorado ou namorada, nenhum beijo, nenhum flerte, nada. Paixões? Sim! Muitas! Uma em especial, Vitória Falcão. Quem era Vitória Falcão? Vitória Falcão era, junto com Ana Clara, uma das melhores alunas do colégio, mas diferente de Ana, Vitória tinha alguns poucos amigos e era uma adolescente considerada "normal", já que costumava ir as festas e se divertir. A paixão de Ana se iniciou no 1° ano do ensino médio, quando Vitória chegou ao colégio para estudar, se apaixonou logo de cara e sempre quis que Vitória a notasse, mas nunca teve sucesso, afinal, quem em sã consciência olharia para Ana Clara? Seu jeito estranho e desastrado sempre afastava pessoas e fazia com apenas passasse vergonha perante a escola. Agora, olhando para seu computador, analisava tudo o que se passara nesses anos de colégio Santa Cruz, sua formatura seria em uma semana e não sabia se queria ir até a festa, era algo a se pensar, e muito, pois nunca fora a nenhuma festa do colégio, mesmo que sempre desejasse, pois sabia que não se encaixaria no ambiente.

POV'S Ana Clara

Quarta-feira, 21h

- Ana Clara Caetano, tu consegue pegar esse acorde, sim... OK, desisto. ­­­-largo o violão de lado para levantar da cama.

- Aninha? -Minha irmã mais nova bate na porta -mamãe tá te chamando para jantar.

- Tô indo, Lu.

Luana sai do meu quarto e vou guardar meu violão, paro em frente ao computador para olhar mais uma vez o anuncio da formatura das turmas de 3° ano do Santa Cruz, saio do meu quarto e vou para a sala de jantar e me sento no lugar de sempre.

- Aninha, você já decidiu se vai fazer medicina aqui em Araguaína? –Meu pai pergunta assim que chega a sala de jantar.

-Sim, papai. Eu decidi. – falo colocando comida em meu prato.

- E? Vai ou não? Seu irmão quer saber para poder preparar a casa em Brasília, ele quer que você more lá com ele. –fala enquanto pegava o suco.

- Eu vou para outra cidade, sim, mas não pra Brasília. Eu me inscrevi em alguns vestibulares por São Paulo e mandei minhas notas para universidades de fora do país, eu não quero ir para Brasília. –falo levando o garfo até a boca.

- Rafael vai ficar um pouco chateado, afinal ele sempre quis que você fosse fazer faculdade pra lá, mas se é o que você quer, nós aceitamos. –meu pai diz para mim sorrindo.

Meus pais sempre me apoiaram em todas as minhas escolhas. Quando disse a eles que faria medicina, todos me ajudaram e passaram a fazer planos para a futura médica da família, o que me fez ficar mais insegura. Não é que eu não sou capaz de me formar, é só que as vezes me pego pensando se é realmente o que quero para minha vida. Após a conversa todos terminaram de jantar e eu subi para meu quarto, ainda estava pensativa em relação a formatura, mas tomaria uma decisão sobre isso até sexta. Me deitei e peguei meu caderno para riscar mais um de meus objetivos concluídos, sei que é estranho ter um caderno só para seus objetivos, mas eu sempre gostei de organização.

- Contar para os meus pais que eu não quero fazer faculdade em Brasília, ok. -risco esse objetivo da lista- agora eu tenho só mais alguns para esse ano e já posso fazer os objetivos do ano que vem. -guardo meu caderno e resolvo entrar no instagram para, mais uma vez, olhar as fotos da Vitória.

-Ana, tu tem que parar de ficar bisbilhotando a vida dessa menina- Luana diz atrás de mim e me assusto.

-Que susto, minina. Eu não tô bisbilhotando, ela apenas apareceu no feed e resolvi olhar umas fotos. –digo, mas parece não acreditar.

-Ela é bem legal. Estranha, mas legal -diz saindo do meu quarto e a acompanho.

-Como tu sabe disso? Estranha em que sentido? –pergunto sem nem ao menos esconder a curiosidade

-Eu conversei com ela no decorrer da semana, ela tá ajudando nos preparativos da formatura do 3° ano. Falando nisso, tu vai pra formatura, né? Ana, diz que vai, por favor.

-Eu ainda não sei, mas qual teu interesse nessa formatura? -pergunto curiosa.

-O Vinicius vai se formar, mas ele ainda não sabe que eu existo e quero muito ver ele. -diz colocando seu pijama

-O Vinicius da minha turma? Não sabia que tu era apaixonada por ele –digo sentando na cama

-Claro que sabe, eu te contei. –ela fala um pouco mais alto por estar no banheiro

-Ah, sim, eu lembro. –mentira, na verdade eu nunca prestava atenção quando Luana falava de algum menino que ela achava bonito, eu apenas concordava e ria para ela.

-Eu quero muito ir, e papai e mamãe querem tu nessa formatura também. Mamãe ia até te levar pra comprar um vestido –diz voltando pro quarto e entrando debaixo das cobertas.

-Eu vou pensar. Boa noite, mana. –digo beijando sua testa e indo em direção a porta.

-Ela sabe quem tu é, se eu fosse tu mandava uma mensagem ou me aproximava dela. Boa noite, Aninha. –diz se arrumando melhor na cama e fechando os olhos.

Fecho a porta do quarto de Luana e volto para o meu, ainda pensando no que minha irmã mais nova falou deito e acabo dormindo.

Pra sempreWhere stories live. Discover now