Cap 3
POV'S Ana Clara
Quinta-feira, 12:30h da tarde
Hoje a Vitória ficou a manhã toda me olhando enquanto lia, ela nunca tinha olhado pra mim, era no mínimo estranho da parte dela, mas confesso que gostei. Vitória tava diferente hoje, mais quieta, não que ela fosse muito agitada, mas ela quase não falou com as duas amigas e não prestou muita atenção no que os professores falaram dentro de sala. Sou tirada dos meus pensamentos pela minha irmã.
-ANA CLARA, AINDA BEM QUE TE ACHEI –uma Luana ofegante chega a minha frente
-Tu vai pra casa comigo hoje? Qual o milagre? –pergunto para minha irmã. Nós nunca íamos juntas pra casa. Luana era diferente de mim, tinha amigos e sempre depois da escola ia pra alguma sorveteria conversar ou até mesmo ficar com alguns meninos.
-Na verdade tu não vai pra casa agora, preciso de ajuda com algumas coisas e tu vai me ajudar- ela diz me puxando.
-Pra onde vamos? E no que tu quer ajuda? –pergunto curiosa
-Vamos ficar aqui na escola mesmo, na verdade eu ainda não sei bem o que vou fazer, mas sei que tem bastante coisa e tu vai ser muito útil –ela me leva até a sala de artes.
-Oi, Vi, chegamos pra te ajudar –Lu me empurra pra dentro da sala, fecha a porta e cumprimenta Vitória.
-Oi, Lu. –Vitória diz e depois olha pra mim sorrindo- Oi, sou a Vitória. –me estende a mão e sorri.
-Ahn, oi. –seguro sua mão e sorrio
-O nome dela é Ana Clara, Vi. Liga não, ela é assim mesmo. –minha irmã diz pra ela e senta em uma cadeira para começar a fazer as coisas.
Eram os últimos ajustes para a formatura e Vitória tinha feito um bom trabalho com tudo. Luana e Vitória ficaram conversando sobre várias coisas, mas a cacheada nunca falava sobre coisas pessoais, enquanto Luana desatava a falar de sua vida pessoal e de seus vários relacionamentos. Quase no final de tudo Luana resolveu ir no banheiro, eu e Vitória cuidamos dos últimos detalhes, ela não parava de olhar para mim e sorrir.
-Sabe, eu nunca tinha reparado em você. –ela diz enquanto coloca algumas músicas na playlist da festa- Na verdade eu já tinha reparado, mas não pensei que você fosse tão legal.
-É normal não repararem em mim –falo colocando algumas fotos no mural- e eu não falei nada desde que cheguei, como eu posso ser legal? –pergunto virando pra ela.
-Desculpa, eu acho que talvez você seja legal. As pessoas reparam em você.
-Só se for pra ficar falando que eu sou estranha
-Ok, talvez seja pra isso mesmo, mas reparam, você não é invisível. –ela se aproxima do mural- falta uma foto tua,
-Preferia ser invisível e não vai ter foto minha nesse mural. –levanto pra pegar minhas coisas
-Por quê?
-Por que o quê? –paro em frente a porta
-Por que não vai ter uma foto tua no mural? Tu faz parte da turma e também vai se formar. –fala enquanto pega seu material na mesa
-Não gosto de fotos e eu não vou pra formatura –digo e saio da sala
-Por quê? –pergunta vindo atrás de mim
-Tu faz perguntas demais
-Eu tenho esse costume mermo... Por quê?
-Porque não, eu não gosto de festas e garanto que ninguém vai sentir minha falta nessa formatura –paro bruscamente
-Eu vou, mas por que não gosta de festas?
-Como assim vai sentir minha falta? Vitória, tu nem me conhece. Não me encaixo nessas festas. –falo voltando a andar em direção a saída
-Eu gostei de ti e gostaria de te ver na formatura. –diz me seguindo
-Isso é alguma brincadeira? Por que se for, saiba que tu é uma péssima pessoa por estar fazendo isso. –digo e vou em direção a minha casa
-Isso não é uma brincadeira, Naclara. Por que eu brincaria contigo?
-Não seria a primeira pessoa da escola a fingir que gosta de mim. Nem minha irmã fala comigo na escola, por que tu falaria? –me viro pra ela
-Sinto muito pelo o que essa pessoa fez, mas eu não sou assim e por que Luana não fala com tu na escola? –diz fazendo uma cara engraçada de interrogação. Se eu pudesse tirava uma foto dela pra guardar de lembrança.
-Luana tem amigos e as pessoas gostam dela, não quero que ela seja conhecida como a irmã da menina esquisita. –falo voltando a andar
-Isso é estranho, mas não acho que ela se importaria com isso, ela falava de você quando tava comigo
-Falava? Então tu já sabia que eu era irmã da Luana?
-Não, eu sabia que ela tinha uma irmã, mas não sabia que era tu –ela chuta uma pedrinha do chão
Um carro buzinou do nosso lado e alguém gritou por Vitória, ela parou e entrou no carro.
-Quer uma carona, Ana? –diz pela janela do carro
-Não, moro por perto.
-Então até amanhã, tchau –se despede e vai embora
Eu ainda não tava entendo nada do dia de hoje, mas tinha gostado de conversar, mesmo que quase nada, com ela. Acho que minha paixão por Vitória Falcão cresce a cada dia que passa. Cheguei em casa e fui almoçar, estava morrendo de fome. Ao terminar fui para meu quarto tomar um banho e ficar no violão pra aprender mais uma música.
