Lucky One

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Quarta-feira à noite, aqui estou eu em um bar sentado pensando em tudo que me ocorreu horas antes, mesmo que eu esteja triste não irei me culpar. Pois de tudo que aconteceu, eu tenho plena certeza de que a culpa não é minha.

Eu me sinto triste, mas não por falta de atenção nem por ter sido traído, apenas me sinto insuficiente com o ocorrido e triste por ele não ter sentado e tentado conversar, apenas foi e fez. Depois de tudo ele ainda vem atrás de mim para pedir desculpa e tentar reatar o relacionamento, mas não volto pois a insuficiência que ele me fez sentir é demais e quando o vejo eu sinto vontade de chorar por lembrar do mal que ele me fez. Não me trair, isso se supera, mas o sentimento de ser descartável e facilmente substituído.

Tento apagar isso da minha mente, mas fica cada vez mais difícil, tento me controlar mas as lágrimas insistem em tentar sair, consigo segurar a maior parte mas uma escapa. Trato de secá-la rapidamente.

- Por conta da casa. – uma voz repentina diz e quando olho para o balcão estão um copo de Whisky e um lenço de papel.

Quando levanto o rosto para ver quem me entrega a bebida e o lenço, e foi como olhar para um anjo: um rapaz jovem, provavelmente da minha idade, me olhava com alegria e curiosidade, se isso fosse um filme eu até poderia dizer que "Ele está preocupado?". Alguém que lhe dê uma bebida e um lenço grátis com certeza não é por espontaneidade.

- Obrigado. – Digo entre um sorriso de agradecimento. – Pela bebida e pelo lenço, acho que eu estava precisando disso, mas poderia me dizer o motivo de tê-los me oferecido.

Ele responde que transmitia calma e preocupação.

- Você parecia solitário e triste, talvez prestes a chorar. – Ele começou, percebi que ele era bem observador. – Então fiz o que achei que era certo, é óbvio.

Fiquei surpreso com a sinceridade dele, e até feliz por alguém ter notado que eu não estava bem.

- Você parece ser bem observador, daqueles que não deixam passar nenhum detalhe.

Ele responde demonstrando que está se divertindo.

- Eu trabalho em um bar, como você queria que eu fosse? – Ele abre os braços como se dissesse "Olhe onde você está cara". – E estamos em uma quarta-feira à noite, só existem três tipos de pessoas que vão à um bar no meio da semana. – Nesse momento ele levanta a mão e começa a enumerar com os dedos: - 1. Alguém que pensa em trair seus companheiros, companheiras ou companheires. – Ele se aproxima de mim e sussurra, o que de certa forma me deixou zonzo. – Trabalhando em bar você vê todo tipo de gente e no início é difícil reconhecer do que esse povo realmente gosta. – Ele se afasta e volta para sua posição inicial contando nos dedos. – 2. Pessoas que querem assistir aos jogos em canal fechado, mas não têm TVs a cabo em casa e por último, mas não menos importante, vale ressaltar: 3. Pessoas que tiveram alguma desilusão que as deixaram tristes ou estressadas.

Nessa altura ele se encosta no balcão atrás dele e cruza os braços, devo dizer que no momento em que ele cruzou, os braços, ficaram demarcados nas mangas da camisa.

- Se me permite dizer. – Ele começa cuidadosamente. – Você não tem cara de quem trai ou que não tem TV a cabo. – O barman coloca os dedos no queixo e os esfrega lentamente. – O que nos leva ao item 3, uma possível desilusão que só pode ser preenchida momentaneamente por álcool. Estou certo?

Não disfarcei minha cara de espanto, ele realmente reparou em tudo isso apenas enquanto me servia a bebida? Não podia demonstrar, pelo menos não mais, a angústia do que me ocorreu mais cedo. Decido entrar na defensiva.

So much for My Happy EndingWhere stories live. Discover now