— Nossa, onde eu tô, hein? — falei comigo mesmo.
Estava eu agora em algum lugar bem escuro. Era bem difícil identificar aquilo pois eu não enxergava exatamente nada. Preto. Estava tudo preto.
Sem levantar do chão, engatinhei lentamente até encontrar alguma coisa. Ainda bem que fui devagar, pois bati a cabeça numa parede. Apoiei-me nela para levantar com muita dificuldade.
Alisei aquela parede e ela era muito esquisita. Ela não tinha um padrão das texturas que haviam ali.
Senti isso enquanto andava sem rumo, apenas com o auxílio da parede. Chegou um momento que acabou parede, logo fiquei desesperado. Todavia, continuei seguindo e encontrei outra parede na mesma reta.
Fui seguindo até que... bati em outra parede. Devia ser um beco sem saída.
Fiz todo o caminho de volta sem saber se tinha passado ou não de onde eu comecei.
— Olha! Uma luz! — falei ao ver na distância um feixe, como se houvesse alguém lá para me ouvir.
Comecei a acelerar o passo, ainda deslizando minha mão na parede. Acelerei infelizmente, pois acabei tropeçando e caindo de cabeça. Ainda no chão, examinei no que havia tropeçado. Era um tronco de árvore bem grosso deitado no caminho. Levantei-me então e continuei andando para a luz.
Imaginei que fosse a saída, claro, por isso o desespero para chegar lá logo. Pronto. Caí de novo. Dessa vez consegui pôr a mão no chão antes de bater a cabeça. Senti uma escada. Aproveitei a posição de animal quadrúpede e segui subindo a escadaria.
Chegando no topo, tentei abrir empurrando como se fosse a porta de um galpão, mas não funcionou.
— E agora? O que faço? — falei enquanto me levantava para alongar as costas. Quando fiquei ereto, minha cabeça foi sugada pelo buraco do qual saía o feixe. Impressionantemente, todo o resto do meu corpo foi também sendo sugado.
Não entendi muito bem o que houve, mas me encontrei de novo no bosque. Olhei para onde eu estava sentado e não vi a planta azul que me levou para o subterrâneo. Levantei e procurei entender onde eu estava. Olhava para todos os lados e não sabia a direção para sair do bosque.
— Acho melhor eu andar para alguma direção e só ir, né. — Mais uma vez, sem motivo algum, falando sozinho.
Logo após fazê-lo, ouvi um barulho de galhos se mexendo em cima de mim. Olhei para cima e vi, pousando atrás de mim, um macaco esquisito. Examinei-o de cima a baixo para ver algumas cicatrizes estranhas. Ele partiu lentamente para cima de mim e eu, em contrapartida, saí correndo.
Corri sem parar, sem olhar para trás, e sem medo de morrer. Quer dizer, com muito medo de morrer. Foi então que dei uma olhada para trás e vi um cachorro quase do tamanho dele correndo atrás de nós dois. Fiquei ainda mais desesperado e continuei correndo. Quando olhei de novo, ele já tinha passado o macaco. Provavelmente estava atrás de mim. Olha, com um bicho daquele tamanho correndo atrás de mim, eu realmente não sei por que não tinha desistido ainda.
Eu estava extremamente ofegante, então tentei focar em correr para frente, sem olhar para trás. Impressionante é o fato de que esse bosque nunca acaba. Dei mais uma bisbilhotada, e não enxerguei o cachorro. Quando olhei novamente para frente, meus olhos passaram por um vulto ao meu lado... era ele! Olhei bem e vi que era ele.Não fazia sentido ele ainda não ter pulado em mim.
Quem pulou foi o macaco bem na nossa frente, encurralando-nos. Paramos para o macaco não nos atacar. Eu estava tonto e quase desmaiando de tanto correr, enquanto o cachorro rosnava em prontidão de ataque. Eu não enxergava nenhum dos dois direito, de tanto cansaço.
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Lâmina da Justiça
FantasyEnkidu supostamente era um menino como qualquer outro, até se interessar pelo lado de fora de seu vilarejo. Em suas aventuras, ele encontra as coisas mais bizarras e conhece pessoas que fazem toda a diferença na sua jornada, principalmente seu mest...