Capítulo II - Aprendizado constante

4 0 0
                                    


Como num ciclo, tudo se repetia eu acordava mais uma vez na realidade com o tic-tac do relógio pairando sobre o meu ouvido, depressa, ajeitava a minha vestimenta e saia mais uma vez sem destino definido, dessa vez eu estava na América, onde outrora a tinha visitado, lá tive grandes aprendizados, pois a maioria da minha infância foi observando a natureza daquele lugar, era uma vasta diversidade, tanto de fauna quanto de flora, uma biodiversidade que me deixava 

cada vez mais boquiaberto...

Era sempre no canto de algum pássaro, ou na beleza de uma rosa, tudo era muito incrível a meu ver naquela paisagem. Em algumas vezes eu não conseguia descrever tamanha beleza, e guardava para mim, mesmo sabendo que o meu tempo era curto para tudo aquilo que eu estava vivendo, eu tinha que saber aproveitar cada momento...

Cheguei a visitar dessa vez, alguns lugares que antes já havia estado, mas como sempre nada era como antes, tudo mudava e muitas vezes eu mesmo caia na armadilha de achar que tudo estava do mesmo jeito, o que na verdade é ao contrário, tudo estava em constante mudança e tudo eu deveria levar como aprendizado.


Ali sobre a montanha, após subir e ver aquele horizonte, me deparei com uma barulho esquisito, não lembrava de ter escutado aquilo antes, me parecia e soava como um canto estranho e mais uma vez por curiosidade fui me aproximando cada vez mais... chegando próximo da copa de uma árvore, avistei uma espécie de pássaro semelhante a uma cacatua da ásia ou da austrália, porém era de uma cor vívida, um azul estonteante e incrivelmente belo, não demorei muito e corri para a cidade mais próxima para tentar descobrir que pássaro era aquele, chegando lá encontrei um caboclo de idade avançada que estava arando a terra para o seu plantio, então perguntei-lhe ofegante e bem entusiasmado :

- Caro senhor, avistei um pássaro azul com traços amarelados e de tamanho médio, nunca visto antes, ele era azul da cor do céu, era incrivelmente belo, e...


Ele olhou para mim, não esperou eu terminar de falar e começou a rir arqueando a boca de lado com um sorriso singelo.


- A meu jovem rapaz, tantas coisas tem no mundo para aprender e você nessa idade não tinha visto o que viu? Pois te digo, o que você viu foi uma araruna, jacinto, araraúna, ou preta... ela tem diversos nomes que mudaram de geração para geração, mas só agora você está sabendo.

Rindo ele calou-se e voltou a trabalhar, e eu o respondi:

- Eu não sou daqui senhor, eu sou um viajante, mas muito obrigado por me explicar o que eu vi, estou muito feliz em saber que o que eu vi tem um nome, mas para mim ela agora tem um novo nome e se chamará Arara-Azul, o que o senhor acha desse nome?

Então ele olhou-me seriamente e com aquele olhar cansado da rotina de trabalho, me disse uma coisa que eu levaria para sempre em minha jornada...

- Filho, se és um viajante, aprenda com os outros mas nunca deixe de ser assim como és, um curioso único! Isso te tornou sábio o bastante para vir perguntar a um velhinho cansado como eu, que mesmo com muito serviço te atende... Esse nome que você pôs agora é lindo, e deixa tudo mais simples para os que nunca viram... Pois, como bem sabe a vida é única e cada um pode escrever como vai ser a sua história a partir do agora, assim como você está fazendo escrevendo a sua, e agora me desculpe meu jovem, mas eu tenho que voltar ao meu serviço pois eu só tenho o agora para fazê-lo, pois amanhã já pode ser tarde demais para fazer o que eu posso fazer hoje...

Nesse momento eu observei e vi quanta sabedoria tinha aquele senhor que era obrigado a trabalhar no campo pelos donos de terra que ali moravam, tentei o máximo conversar muito mais com ele naquele dia, porém devido ao seu trabalho não foi possível. Foi um dia de contentamento e felicidade onde eu aprendi várias coisas que jamais achei que aprenderia, pois eu andava achando tudo tão monótono, acreditava que já sabia demais, quando na verdade, eu só estava começando a aprender, e ali segui minha caminhada pelo Brasil, onde o meu tempo de estar ali já estava cessando com a chegada da noite.

Uma breve história para preguiçosos.Where stories live. Discover now