Capítulo I - Descobrindo o existente

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Era um dia ensolarado em meados do século XVII segundo o calendário gregoriano, a idade da era moderna, como mais uma vez, me vi sobre o tic-tac de um relógio da época, era possível escutar as engrenagens daquele bendito relógio que mais uma vez me atormentara. Sobre toda a agitação daquele comércio da Europa, era possível ouvir todos aqueles comerciantes debatendo e gritando a quilômetro de distância, isso tudo para conseguir mais uma negociação, e eu era apenas mais um a qual eu sabia que seria ofertado produtos diversos e sabendo disso fui até lá para ver com meus próprios olhos o que lá me ofertariam.


Tomei por rumo a curiosidade e chegando até lá me deparei com aquela multidão incontável, me recordou outra viagem que eu fiz outrora, ainda quando criança na América, onde eu vi colônias de formigas passarem na minha frente e eu tentava conta-las mas era impossível, grande inocência eu tinha naquela época, tudo para mim era novo e fantástico... Não demorou muito, fui abordado por um negociante que tinha mais ou menos uns dois metros de altura e que mais me assustara do que soube fazer uma abordagem, pois puxou-me pelo braço e disse:


- Olá rapaz, o que lhe traz a essa feira? pelo visto você me parece ser viajante e está surpreso com essa cara de assustado, ora, nunca viu como as coisas funcionam aqui?


Eu tomado ainda pelo susto que levara por conta do puxão, olhei para ele e respondi:


- Sou um viajante, já fui a várias feiras, não me surpreendo com tamanho murmurinho e agitação, e acho que mais nada me surpreende.


- Ora caro viajante, pois irei mudar a sua opinião agora, venha cá moleque!


Por um instante, achei que ele iria me ofertar algum objeto, me surpreendi quando apareceu um rapaz, mulato de olhos azuis,  da cor do mar das maldivas e os cabelos loiros como a luz irradiada no sol do verão, e então ele o apresentou dizendo:


- Essa é a surpresa que eu tenho para você meu caro viajante, já chegasse a ver tamanha diversidade e um escravo?


A beleza do jovem era estonteante, e aquilo de fato me surpreendera, mas logo após o comentário do comerciante, retruquei.

- Como pode o senhor viver na tal idade moderna e ainda comercializar alguém como você? ou por ventura ele não pensa, não respira, não morre e apodrece como um dia irá acontecer com você? Indaguei.


- Este é o meu trabalho, eu vivo disso e é assim que sustento minha família caro viajante, pois bem, já que não o queres me atentarei em procurar outra prosa! (agitado ele revirou-se e saiu arrastando o rapaz pelo braço.)


Aquilo que eu tinha visto não era novidade para mim, a escravidão ainda era comum naquela época, porém a beleza daquele ser encheu-me de ânimo, e eu assim continuei a minha caminhada, adentrando nas ruas sujas e fétidas daquele comércio europeu, sendo indagado, muitos ofereciam produtos pelos quais eu não me interessava, pois na verdade eu estava apenas para; vaguear, observar e espalhar meus pensamentos, aliás, eu era apenas mais um viajante e não poderia fazer muito a não ser espalhar minhas idéias para os ignorantes.


A noite estava chegando e estreitava o tempo para mais um dia de lua cheia, meus olhos a aguardavam como se fosse a primeira vez, pois para mim era sempre incrível observar a natureza do universo, em pensar que naquela mesma época, o tal Galileu Galilei que nascera em pisa, na Itália, andava observando o movimento dos astros e muito se falava a seu respeito sobre suas descobertas e dizeres sobre o movimento da terra em torno do sol, também muito era odiado por alguns religiosos cristãos da época, e assim se foi mais um dia a qual nada aproveitei a não ser de uma certa maneira; contemplar a diversidade e a beleza dos milagres da vida na terra...

Uma breve história para preguiçosos.Where stories live. Discover now